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19 de dezembro, de 2015 | 10:30

A acionista da Usiminas que o Vale do Aço conhece pouco: o Grupo Ternium

Ronaldo Soares*


Uma preparação cuidadosa do roteiro rumo ao México para tentar conhecer um pouco a dimensão do grupo siderúrgico Ternium. E ainda conhecer e entender a história do país asteca por meio de seus monumentos foi o que vivenciei em 7 dias, durante viagem a convite da Ternium Siderúrgica, acionista do Grupo Usiminas. Na gélida Monterey visitei a planta de Churubusco, fábrica de automóveis, importante segmento da economia mexicana, responsável por quase 3% do PIB daquele país.

A indústria superou, em divisas, o tradicional setor petroleiro que tem passado por momentos difíceis com a queda dos preços internacionais do barril de petróleo, complicando a situação da PEMEX (a Petrobras asteca). O México possui maior diversificação da matriz econômica, com a opção pela industrialização e agregação de valor e, por fim, o NAFTA – acordo de livre comércio da América do Norte que possibilita a exportação de autos para os EUA e Canadá sem barreiras tarifárias.

A planta de Churubusco foi adquirida em 2005 das indústrias ILSA, primeiro passo para a criação do grupo cujo nome surgiu da combinação do número das três grandes unidades (a Siderar na Argentina, a Sidor, na Venezuela e a planta recém-adquirida no Mèxico). “Ter” e o sufixo “Nium” de Eternium, do latim, justificam o nome da companhia. Com a nacionalização da Sidor por Hugo Chaves em 2010, o sentido de eternidade sofreu o seu primeiro revés. Mas os números mostram recuperação e consolidação. 
Divulgação


Ronaldo Soares no México


São 16 plantas espalhadas pelo México, EUA, Guatemala, Argentina e Colômbia além, é claro, da sua participação na Usiminas, no Brasil. Outros 43 centros de serviços/distribuição e duas minas completam o conglomerado.

A Ternium oferece aço de alta complexidade aos principais mercados da região. A capacidade instalada de produção da Ternium é 11 milhões de toneladas de aço por ano. Suas ações são negociadas na Bolsa de Valores de Nova York e seus produtos estão presentes nas cadeias automotiva, da construção, metalomecânica, linha branca, envases, energia e transporte.

Planta Universidad - Centro Industrial Ternium

Visitei também o que é considerado a “menina dos olhos do grupo”, a recém-criada planta universitária na cidade de Pesqueria, a 32 km de Monterey, onde uma unidade moderna com equipamentos de laminação a frio e galvanização (também possuem joint–venture com a Nippon Steel, a Tenigal) inaugurada em 2013.

Observamos a alta tecnologia do seu centro produtivo e como a automação é a marca de seus negócios. Tanto equipamentos do parque industrial como a gestão são sustentados pela tecnologia de informação (TI). A capacidade anual de 1,5 milhão de toneladas de aço laminado a frio e 400 mil toneladas de aço galvanizado por ano.

Parque Fundidora

Foi incluída no roteiro o Parque Fundidora, criado a partir de uma fundição desativada que foi transformado em um museu da siderurgia mexicana (o museu do aço que poderíamos ter no Vale do Aço). Vimos o que é ser criativo ao perceber o apoio maciço das siderúrgicas mexicanas investindo mais de 2 milhões de dólares na adequação das instalações e entorno. É como se, no meio do nosso Parque Ipanema (Ipatinga), colocássemos um museu do aço (Monterey se assume como o principal polo siderúrgico do país e cria ações junto à comunidade para estabelecer esta identidade por meio de monumentos, visitas guiadas, congressos, seminários, centro tecnológico, etc). O museu conta a história da siderurgia no México por meio de fotos, documentos, equipamentos, acessórios, etc e integra a história da colonização da região do estado de Nuevo Leon (Monterey é sua capital) e a influência norte-americana na urbanização da cidade, hábitos e costumes.

Centro de Pesquisas e Inovação

As empresas de todo o México criaram e mantêm a versão do MIT (famoso Instituto Tecnológico de Massachussets) em Monterey. O “TEC-MONTEREY” é um centro de Excelência em Graduação, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado orientado para pesquisa e inovação em todas as áreas do conhecimento direcionado pelas demandas das indústrias mantenedoras.
Seus estudantes têm o ingresso através de rígido processo seletivo. Causa inveja ver o quanto é avançado e o que produz para a indústria mexicana se referenciar como líder em várias áreas na América Latina.

Central Elétrica

Outro projeto ousado, com inauguração prevista para agosto de 2016, propõe a geração de energia para todas as plantas da Ternium do México e da coligada Tenaris. A Central será movida por vapor e gás natural em um sistema chamado “ciclo combinado”, capacitado a gerar entre 850 a 900 megawatts que permitirá excedente de energia a ser vendido para o operador nacional, possibilitando, além de autonomia energética, contribuição relevante para o restante do país. Só pra lembrar que a autonomia de energia e minério de ferro são diferenciais competitivos essenciais para a perpetuidade das operações de uma siderúrgica. A central e subestação estão na região de “pescas” próxima à planta Universitária, na cidade de Pesqueria, próxima a Monterey.

Ternium e a Usiminas

A Ternium entrou no bloco de controle da Usiminas em 2012, a partir da aquisição das ações da Camargo Corrêa e Votorantim. Indicou executivos próprios para a presidência e outros cargos estratégicos da diretoria, implementando um programa de recuperação que obteve números expressivos durante sua gestão.

Ano passado, um entrevero com os sócios japoneses da Nippon Steel, cujo desfecho judicial não lhe foi favorável, a afastou da gestão atuando apenas no conselho gestor com os demais sócios do bloco de controle (Previdência Usiminas, Previ, Acionistas minoritários e Nippon Steel). Hoje, dada a delicada situação que a Usiminas se encontra, um “cachimbo da paz” se impôs e uma postura colaborativa foi assumida pelos seus executivos que procuram entre, outras ações, auxiliar nas soluções e decisões estratégicas.

Para a Ternium, a Usiminas é um projeto de longo prazo, pois acreditam na capacidade das pessoas e na sua vocação pela qualidade. Trouxeram para a empresa métodos de gestão consagrados em suas plantas na América Latina e que permanecem sendo utilizados como o “Visual Flash”, que viabiliza a gestão on-line, completamente digital e transparente, melhorando o alinhamento entre as áreas, unificando as fontes de informações e agilizando a tomada de decisão.

*O colunista Ronaldo Soares viajou ao México a convite do grupo siderúrgico Ternium
 
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