22 de fevereiro, de 2017 | 13:02
Parque Nacional do Caparaó mantém suspensão temporária da visitação
Medida visa resguardar saúde da população devido ao surto de febre amarela na região onde fica a reserva, entre Minas e Espírito Santo
Fotos: Alex Ferreira
Portal na entrada de Alto Caparaó: cidade tenta manter reservas para o Carnaval, mesmo com o principal atrativo fechado

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) determinou a manutenção do fechamento temporário do Parque Nacional do Caparaó, na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A validade da suspensão encerrava-se na sexta-feira (17), mas o ICMBio decidiu prorrogar por mais 15 dias o fechamento do parque à visitação.
Em certo trecho, a nota do ICMBio informa: "A suspensão da visitação por mais 15 dias busca resguardar a saúde da população por causa do surto de febre amarela que atinge a região. Nesse período, ficam suspensos os agendamentos para visitação. Saiba mais no comunicado no site do parque".
Alinhamento
Conforme a nota, a decisão do ICMBio está alinhada com recomendações das secretarias estaduais de Saúde de Minas Gerais e do Espírito Santo, das prefeituras locais e da Vigilância Sanitária. O objetivo é evitar que o surto de febre amarela, que se concentra em cidades do Leste de Minas e municípios fronteiriços capixabas, se alastre para outras regiões.
O Parque Nacional do Caparaó abrange quatro municípios no lado mineiro Alto Caparaó, Caparaó, Alto Jequitibá e Espera Feliz e sete no lado capixaba Iúna, Ibitirama (onde fica o Pico da Bandeira), Irupi, Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí e Alegre.
Neste período do ano, o parque atrai muitos visitantes. Seus principais acessos são o Portal Pedra Menina, em Dores do Rio Preto (ES), por onde se chega a Casa Queimada, início da trilha via Caparaó-Capixaba para o Pico da Bandeira, e o Portal Alto Caparaó, no município de Alto Caparaó (MG), com estrada até o mirante do acampamento Tronqueira, origem da trilha pela vertente mineira ao Pico da Bandeira. Todos os atrativos estão fechados ao público.
Prejuízos no Carnaval 2017
Comerciantes, donos de hotéis, pousadas e restaurantes, principalmente de Alto Caparaó, cidade que sobrevive do comércio de café de altitude e do turismo, temem prejuízos com o fechamento do parque, o principal atrativo natural do lugar, e contam com atrativos localizados no entorno do parque, para manter as reservas para o Carnaval 2017.
Além dos atrativos do parque, a cidade de Alto Caparaó atrai turistas em função de sua gastronomia. A cidade não promove evento carnavalescos e, nessa época, é refúgio para quem não curte a festa do Rei Momo.
O principal questionamento dos empreendedores em Alto Caparaó baseia-se em um fato simples. Não há, na região, casos de pessoas contaminadas com a febre amarela.
Veja mais, sobre o Parque Nacional do Caparaó
Nota dos especialistas

Representantes da comunidade científica brasileira, ligados à área da conservação dos primatas, expediram nesta quarta-feira (15) nota à imprensa, em anexo, alertando para um desastre ambiental gravíssimo” que ocorre neste momento: a mortandade sem precedentes na história do país de macacos da Mata Atlântica em função do vírus da febre amarela.
Na nota, os especialistas mostram-se preocupados, não só com a dimensão das mortes de animais, mas, também, com a disseminação de informações equivocadas”, que dão a entender que os macacos são responsáveis pela existência do vírus” e por sua transmissão aos humanos”.
Isso não procede, fazem questão de destacar os estudiosos, que pedem na nota o apoio da imprensa nacional (jornais, rádios, TVs e sites na internet) para a divulgação das informações corretas.
Segundo eles, os macacos, assim como os humanos, não transmitem o vírus. Pelo contrário, são vítimas da doença. Ao serem contaminados, os primatas cumprem a função de sentinela”, ou seja, alertam para o surgimento da doença. Por isso, em vez de molestados, devem ser preservados.
As informações equivocadas”, ressaltam os pesquisadores, já estão levando pessoas, principalmente nas áreas rurais onde ocorre o surto, a maltratarem ou, até, matarem macacos para, supostamente, se proteger da febre amarela, como ocorreu entre 2008 e 2009 no Rio Grande do Sul. Isso não pode se repetir”, diz a nota.
O documento é subscrito por primatólogos, zoólogos, ecólogos, veterinários, epidemiologistas e gestores públicos, membros de conceituadas universidades, sociedades científicas, centros de pesquisa e instituições voltadas para a conservação dos primatas.
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