19 de julho, de 2017 | 17:36

Diagnóstico constata casos de gravidez cada vez mais precoces

Ipatinga une cinco secretarias municipais para adoção de medidas protetivas

Secom/ PMI
Documento foi entregue ao prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão, no dia 18  Documento foi entregue ao prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão, no dia 18
Um diagnóstico considerado preocupante da situação da criança e do adolescente em Ipatinga, elaborado com recursos do Fundo para Infância e Adolescência (FIA), foi apresentado esta semana ao prefeito Sebastião Quintão. Os dados são o resultado de oito meses de trabalho da Escola Profissionalizante Tenente Osvaldo Machado (EPTOM). A coleta de informações foi feita junto a 2.438 famílias, constituídas por 4.267 adultos, crianças e adolescentes. “É o segundo documento do gênero elaborado em 11 anos. O outro levantamento de que dispúnhamos foi realizado em 2006, no primeiro mandato do atual prefeito. O ideal é que esta apuração fosse realizada pelo menos de dois em dois anos, para garantir uma proteção mais eficiente às vítimas de violência”, comentou o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Leonardo Oliveira Rodrigues, ao entregar o documento ao prefeito na terça-feira (18).

Diante da gravidade dos números expostos, entre eles a ocorrência de 35 casos de gravidez entre meninas de 8 a 14 anos de idade e outros 188 entre adolescentes de 15 a 17 anos, dentre as quais, 89 famílias foram atendidas somente no ano passado em decorrência de casos de violência sexual, o prefeito Sebastião Quintão determinou um trabalho integrado de apoio ao CMDCA. A orientação é para que medidas protetivas sejam tomadas em conjunto, após reuniões com as participações das secretarias municipais de Assistência Social, Saúde, Educação, Esporte, Cultura e Lazer, e Segurança e Convivência Cidadã.

O presidente do Conselho ainda chamou atenção para outra situação crítica. “Para cada caso de violência denunciado, outros 20 permanecem ocultos por omissão”, pontua.

Iniciação sexual

De acordo com o Diagnóstico, nada menos que 48 adolescentes ou 2% dos entrevistados disseram que iniciaram sua vida sexual com até dez anos de idade. Outros 121 (5%) fizeram sexo entre 11 e 14 anos e 268 (4%) com idades de 15 a 17 anos. Quase 50 adolescentes relataram já ter filhos, concebidos com idades entre 10 e 12 anos.

Suicídios e drogas

Ocorrências normalmente pouco divulgadas, já que há uma convenção entre os órgãos de imprensa no sentido de evitar noticiá-las, para não influenciar negativamente outras pessoas, trazem à tona uma realidade assustadora: O número de suicídios verificado entre adolescentes de dez a 19 anos é considerado chocante. Nos últimos oito anos, já são 293 casos, sendo o recorde registrado no ano passado: 89. Apenas no primeiro semestre deste ano, já são 35. Em 2010, havia somente um caso identificado.

Segundo informações levantadas junto à PM, o consumo de drogas entre crianças e adolescentes acusou um aumento de 79% em 2015, elevando-se em mais 5% em 2016. Somente 13% disseram que conversam sobre o assunto na escola. Houve relato de uso de crack, loló, LSD, êxtase, haxixe, Santo Daime e heroína.

Violações detectadas

Além de suicídios, envolvimento de crianças e adolescentes com drogas, maus-tratos, sexualidade e gravidez precoce e violência sexual, o diagnóstico identificou violações como falta de acesso a creches (especialmente nas faixas de Maternal I, II e III), evasão escolar e também o uso excessivo de celular, internet e outras tecnologias. Entre os entrevistados, 26% disseram que ficam mais de 8 horas por dia conectados, 28% participam de salas de bate-papo, 30% já se encontraram com pessoas que conheceram pela Internet e 44% não têm acompanhamento por um adulto quanto ao conteúdo acessado. Um total de 26% das famílias entrevistadas apresenta desemprego no lar e 16% delas deixam crianças sozinhas em casa.
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Comentários

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Daniel Cristiano Souza

23 de julho, 2017 | 09:08

“O diagnostico de 2006 pouco serviu para implementação de politicas publicas de defesa dos direitos de crianças e adolescentes... Pouco serviu para estrutura a rede de proteção... Tomara que este diagnostico sirva para potencializar o Plano Plurianual 2017/2021 e que a administração municipal não caia no mesmo erro do passado e na mesma omissão desta triste e alarmante realidade!!!”

Maria Helena Cotta

20 de julho, 2017 | 11:01

“Assustadora essa notícia. Não custa perguntar que tipo de educação essas meninas estão recebendo, pois nessa idade o que mais minha mãe falava era sobre prevenção para esse tipo de situação. Mas, meninas dessa idade são filhas de quem? Da geração É o Tchan, da Geração Funk Proibidão, da Geração BBB, da geração que tudo teve e tudo pode. Ta aí o resultado. Um povo é o que sua cultura incute na mentalidade dele.”

Gildázio Garcia Vitor

19 de julho, 2017 | 20:07

“Muito importante e alarmante esta pesquisa, pois oferece dados para tomada de decisões pelo poder público com vistas a reduzir, pelo menos em parte, esses números.”

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