
16 de setembro, de 2018 | 10:55
O fino traço da história
João Marcos Parreira Mendonça *
Era um fim de tarde, quando recebi o telefonema da querida (e coruja) tia Ione Parreira, dizendo que o jornal Diário do Aço precisava de um ilustrador que também fizesse as charges, e ela se lembrou do sobrinho que amava desenhar. Eu tinha 14 anos. Dos muitos desenhos que tinha em casa hábito que cultivava desde a infância - juntei alguns e fiz também caricaturas de políticos da época, coloquei numa pasta de plástico e fui para a redação do jornal no dia seguinte. Foi uma emoção entrar naquele lugar, pois tinha herdado do meu pai o gosto pela leitura de livros, quadrinhos e também de jornais.
Para minha enorme surpresa, o editor gostou dos desenhos e disse que eu poderia começar a trabalhar no dia seguinte. Nem acreditei! Fiquei tão feliz e empolgado que nem me lembrei de perguntar qual seria o meu salário, talvez por achar que fazer o que eu mais gostava já bastava.
No meu primeiro dia de trabalho, conheci canetas e materiais profissionais que eu nem imaginava que existiam. Passei uma tarde inteira, com muita dificuldade, para conseguir fazer o meu primeiro desenho com uma dessas canetas porque nem sabia usá-la. Mesmo assim, meus colegas tiveram a maior paciência com aquele adolescente que gostava tanto de desenhar e mal sabia que aquela seria sua profissão.
Acredito que esse exemplo simboliza bem o que o Diário do Aço foi - e continua sendo - para mim: uma escola. Minha formação profissional e humana passou primeiro pela redação do jornal, para só depois ser complementada numa universidade. E eu não poderia ter tido uma escola melhor... trabalhei e convivi com colegas brilhantes que se tornaram amigos muito queridos. Que orgulho eu tenho de ter trabalhado e aprendido com cada um. O jornal sempre teve a característica de ter excelentes jornalistas em seus quadros, e ver aquilo tudo de perto era incrível! Foi na redação do jornal que aprendi valores como ética, profissionalismo, respeito pelo leitor e a busca pela excelência no que se faz, valores esses que procuro preservar em minha vida sempre.
Quando chegou a época de cursar uma universidade em outra cidade, o jornal não só incentivou minha iniciativa como permitiu que eu continuasse produzindo as charges diárias de Belo Horizonte, onde eu fazia o curso de Artes Visuais. Saudosa época pré-internet, de onde eu enviava os desenhos por fax (sim, isso existiu um dia). A partir dessa época, já trabalhava remotamente, antecipando, de certa forma, o que hoje em dia é muito comum em função de toda a tecnologia que temos disponível.
O Diário do Aço faz parte da minha vida como se fosse um membro da família. A minha história com o jornal já dura, graças a Deus, 29 anos. Ele é parte marcante, viva e importante na minha vida, e a gratidão que tenho com todos (as) colegas/amigos (as) com quem convivi e aprendi nesse tempo e aos leitores (as) é imensurável. É uma escola onde aprendi muito e continuo aprendendo continuamente. Na verdade, mais que uma escola, considero o Diário do Aço como minha casa.
* Chargista, ilustrador, professor e escritor
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