
20 de abril, de 2020 | 07:13
Zema fica fora de carta de governadores, mas diz ser contra volta do regime militar
"Não consigo "imaginar como, ainda hoje, um discurso contra a democracia possa ter eco", afirmou governador de Minas Gerais
Divulgação Secom MG
Romeu Zema entre os sete dos 27 governadores que não assinaram carta dos chefes dos Executivos estaduais

O governador mineiro, Romeu Zema (Novo), ficou de fora da carta aberta dos governadores contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em sua conta, no Twitter, Zema (Novo) postou na noite de domingo (19) que o fato de não acompanhar o posicionamento dos demais colegas não diminui seu "apreço ou luta pela democracia".
Acrescentou que não consegue "imaginar como, ainda hoje, um discurso contra a democracia possa ter eco". A declaração circulou depois que bolsonaristas saíram às ruas, neste domingo (19), em plena quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus, para pedir o retorno da ditadura militar.
Em um dos atos, em Brasília, o presidente teve uma participação polêmica, ao apoiar os manifestantes que pediam a intervenção militar e a instituição de um novo 'AI-5', que é a decretação do Estado de Exceção, com fechamento do Congresso Nacional e dissolução do Supremo Tribunal Federal.
Cobrado por sua posição em relação à carta dos governadores, Zema tuitou: "Pessoal, por favor, não assinar uma carta não diminui meu apreço ou luta pela Democracia. Não sou a favor da volta do regime militar. Não consigo imaginar como, ainda hoje, um discurso contra a Democracia possa ter eco. Defender a Constituição e as instituições é meu dever!", escreveu o político mineiro.
Ele acrescentou: "Defender a Constituição é meu dever. Não cabe a mim discutir o relacionamento entre os Presidentes da República e Câmara. Meu compromisso é a construção de pontes em Minas com os chefes de poderes por meio de uma relação amistosa, republicana e respeitosa. Meu compromisso é com a vida e a liberdade do povo mineiro".
A "Carta Aberta à Sociedade Brasileira em Defesa da Democracia", divulgada nesse domingo foi assinada pela maioria dos governadores de estado. Eles demonstram apoio aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.
O colegiado conclama um "diálogo democrático e desprovido de vaidades" entre as autoridades políticas nacionais para estabelecer a melhor estratégia para enfrentar os impactos do novo coronavírus na saúde e na economia.
O texto defende, ainda, as decisões tomadas em estados e municípios para conter o avanço da COVID-19. Nas últimas semanas, Bolsonaro tem criticado publicamente governadores e prefeitos por estabelecerem medidas restritivas no combate à pandemia.
"Nossa ação nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios tem sido pautada pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas", defendem os governadores.
Dos 27 governadores, 20 assinaram o documento. Além de Zema, ficaram de fora Gladson Cameli (Acre), Wilson Lima (Amazonas), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Ratinho Júnior (Paraná), Marcos Rocha (Rondônia) e Antônio Denarium (Roraima).
Essa é a íntegra da carta:
"O Fórum Nacional de Governadores manifesta apoio ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diante das declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a postura dos dois líderes do parlamento brasileiro, afrontando princípios democráticos que fundamentam nossa nação.
Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados os maiories esforços de socorro federativo.
Nossa ação nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios tem sido pautada pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas.
Não julgamos haver conflitos inconciliáveis entre a salvaguarda da saúde da população e a proteção da economia nacional, ainda que os momentos para agir mais diretamente em defesa de uma e de outra possam ser distintos.
Consideramos fundamental superar nossas eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades.
A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de crise"
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Shesheu
20 de abril, 2020 | 11:35Todos estes políticos mencionados, são os mesmos que deram o Golpe na Dilma. Agora estão brigando entre si querendo cada vez mais poder! Triste Brasil, sendo representado por essas pessoas. Esperar o quê né???”
Pedroso
20 de abril, 2020 | 11:09Não concordo com a volta da ditadura, AI 5 , a Democracia ainda é sem dúvida o melhor caminho, contudo, Rodrigo Maia e Alcolumbre , são mafiosos demais, tem que ter diálogo e consenso entre os poderes”
Luiz Inácio Lula da Silva
20 de abril, 2020 | 08:52??? Correto uma resposta sensata, governadores tem que se unir ao presidente e buscar uma solução para combater o vírus e a abertura dos comércios, não ficar fazendo birra, o compromisso é cuidar da população!”