13 de junho, de 2020 | 11:00

Levada de sua família quando ainda era criança em Ipatinga, mulher sonha em reencontrar familiares

Menina foi colocada em um caminhão e levada de sua família há cerca de 60 anos; filha conta drama que incomoda a vida inteira da mãe dela

Álbum pessoal
A filha, Mariana, tenta localizar no Vale do Aço os parentes ''perdidos'' de sua mãe há 60 anosA filha, Mariana, tenta localizar no Vale do Aço os parentes ''perdidos'' de sua mãe há 60 anos

Uma mulher, que hoje tem 63 anos e mora no bairro da Aclimação em São Paulo, capital, tenta localizar familiares perdidos em algum lugar do Vale do Aço há muitos anos. Quem ajuda a enfermeira Marlene Arruda Tavares nessa busca desafiadora, por causa da falta de dados da época, é a filha dela, a Consultora de Novos Negócios Mariana Souza, de 33 anos.

Em entrevista ao Diário do Aço, Mariana conta que sua mãe foi levada de Ipatinga no fim da década de 1950 ou talvez em 1960. Acredita-se que Marlene Arruda talvez tivesse outro nome. O fato é que, quando ela tinha em torno de quatro anos, parou um caminhão na porta da casa onde ela vivia na companhia de vários outros irmãos. Um casal estava nesse caminhão. Marlene lembra-se que foi mostrada a ela uma boneca.

Ela correu para apanhar o brinquedo, quando foi colocada nesse caminhão e levada para outra casa. “Se ela foi doada para o casal ou se foi raptada por esse casal nunca saberemos. Isso porque quem sabia dessa história era a mãe de criação dela, minha avó, que já morreu sem nunca ter revelado o que sabia. Ela evitava a todo custo falar sobre esse assunto, um verdadeiro tabu na família”, detalha Mariana.

Já o pai de criação é vivo. Pedro Tavares da Cruz separou-se da mulher e a deixou com Marlene, ainda adolescente. A mãe de criação não podia ter filhos e, portanto, Marlene não teve irmãos e foi criada sozinha com a família adotiva.

Idoso, atualmente o pai de criação mora no sertão da Bahia e igualmente nunca revelou o que houve. Curiosamente, o sobrenome de Marlene, Tavares, é o mesmo do pai de criação. Entretanto, na certidão feita em Coronel Fabriciano, não consta o nome do pai de Marlene.

Avó biológica

Marlene tem pouca recordação da época em que vivia em Ipatinga, dado o fato de ter sido levada de sua família ainda muito nova, mas ela lembra-se que tinha muitos irmãos. O pai e a mãe eram ausentes, ficavam muito na rua e uma avó era quem cuidava da família, em meio a uma situação de muita pobreza. Eram muitos irmãos e as crianças eram colocadas para dormir em um colchão embaixo de uma mesa, recorda-se.

Entre as outras lembranças que guarda, Marlene afirma que perto da casa onde ela morava havia um rio. A avó dela a colocava nas costas para irem a esse rio lavar roupas. Não se lembra, entretanto, o nome do bairro onde moravam nem que curso d’água era esse.

“A esperança é que, como isso aconteceu em Ipatinga, alguém que leia essa notícia e, caso tenha conhecimento de uma criança levada de sua família há muitos anos, faça contato. Pode ser que minha mãe tenha irmãos e irmãs, sobrinhos e outros familiares em Ipatinga ou outra cidade da região. Pode ser que um vizinho se lembre desse fato e ajude a reconstruir a história de minha mãe”, enfatiza Mariana.

Certidão

Marlene Arruda Tavares possui uma certidão de nascimento com registro em um cartório no distrito de Melo Viana, em Coronel Fabriciano. O documento afirma que ela nasceu em 1957, mas Mariana acredita que a mãe pode ter sido registrada com outro nome depois que foi levada da família biológica.

O fato de a família morar distante do Vale do Aço sempre dificultou a busca aos familiares verdadeiros de Marlene, mas a enfermeira nunca perdeu a esperança.

“O detalhe importante que eu vejo na história é o fato de o caminhão ter parado na rua dela. Ela e os irmãos estavam na rua. E uma mulher do caminhão mostrou uma boneca para a menina. Ela foi ao encontro para pegar e assim a colocaram no caminhão, que era dirigido por um homem. Ninguém que tem uma irmã levada desse jeito vai se esquecer disso. Esperamos que algum desses irmãos leia isso e faça contato”, pediu Mariana.

Quem souber detalhes dessa história passada no Vale do Aço há pelo menos 60 anos pode fazer contato pelo WhatsApp do Portal Diário do Aço: (31) 99866-9030, ou pelo e-mail [email protected].
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Comentários

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Silvio Santos

16 de junho, 2020 | 08:37

“Parem de especular e fofocar nos comentários. Só escreva quem sabe alguma informação sobre o caso.”

Sonia Maria de Miranda Barbosa

14 de junho, 2020 | 23:46

“ja postei um comentario no face. nessa epoca havia sim o bairro amaro lanari, que se chamava candagolandia em uma parte e outra parte do bairro se chamava MARINGA. no inicio do bairro candagolandia haviam varios alojamentos e meu marido morava la,ele tinha vinte anos. SEMPRE OUVIA A HISTORIA DA MENINA RAPTADA. tem o rio que parte dele na parte chamada de MARINGA,as senhoras lavavam roupas . por la existem moradores que estao no bairro ha mais de cinquenta anos. nao sera dificil encontrar os parentes.”

Raul

14 de junho, 2020 | 08:02

“1960 Ipatinga com a construção da usina já estava adiantada deveria ter mais de 15000 habitantes e não 300.
Porque a notícia não colocou o nome da suposta mãe da Marlene?”

Pedro

13 de junho, 2020 | 22:11

“Nessa época Ipatinga nem existia,tinha aqui no máximo umas 300 pessoas. Mas já ouvi relatos de pessoas que diziam que era comum levarem pessoas daqui para trabalharem como escravos em fazendas no Estado de Goiás e funcionavam como um sequestro,pois de lá não poderiam sair mais. Um dos que foram conseguiu fugir e para retornar ao vale do Aço teve que vir fazendo doações de sangue em troca de passagens por trechos até conseguir chegar em casa.”

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