18 de julho, de 2020 | 00:02
Quase tudo pronto
Fernando Rocha
O jogo-treino disputado na manhã da última quarta-feira, na Cidade do Galo, entre Atlético e América, que terminou com a vitória alvinegra por 3 x 2, foi quase tudo de bom, não fosse a grave contusão do atacante Diego Tardelli, que deverá afastá-lo dos gramados pelo restante do ano.Muita expectativa e curiosidade não faltaram em relação ao novo time do Galo, dirigido por Jorge Sampaoli, tanto é que o canal de TV oficial do clube superou a marca de 100 mil acessos durante a transmissão do amistoso, que teve duas horas de duração, com quatro tempos de 30 minutos.
Os treinadores puderam testar várias formações, ficando evidente a superioridade técnica do Atlético. Por outro lado, o América mostrou um time eficiente e bem distribuído em campo, sobretudo na marcação, o que o credencia a postular uma vaga na Série A nacional, em 2021.
Ainda é muito cedo para tirar conclusões, mas o Atlético mostrou alguns lampejos de movimentos habituais dos times dirigidos por Jorge Sampaoli, que exige marcação alta e volume ofensivo com muita gente na área adversária, ampliando as opções para finalizações.
Vai evoluir
Os dois gols marcados deram ao jovem Marrony, 21 anos, contratado junto ao Vasco da Gama, o maior destaque do jogo-treino, ao lado do goleiro Rafael, que teve atuação destacada com os pés, como deseja o técnico Sampaoli, mas também por feito algumas boas defesas com as mãos.
Bem mais rápidos do que Igor Rabelo e Réver, que começaram o jogo-treino como titulares, Bueno e Junior Alonso, os zagueiros recém-contratados, certamente deverão ganhar posições no seu setor. Léo Sena foi discreto no meio-campo e os jovens Guilherme Castilho, Sávio (de 16 anos), Giovani e Calebe, todos do time de transição, que vem tendo atenção especial de Sampaoli, também ganharam oportunidades.
Assim que o atacante Keno ganhar condições de jogo, o time atleticano ficará mais forte pelo lado esquerdo, ganhando muita velocidade e agressividade, faltando apenas chegar um centroavante, o que não está sendo tarefa fácil, pois os desejos de Sampaoli esbarram no alto custo do investimento.
FIM DE PAPO
Além de bom faturamento com a venda das cotas de patrocínio, cerca de R$ 22 milhões, o SBT obteve bons índices de audiência com a transmissão do Fla-Flu, algo que não fazia há 17 anos. Segundo o Ibope, a emissora de Sílvio Santos superou a Globo no Rio de Janeiro, por volta dos 15 minutos do 1º tempo, ao atingir 27 pontos contra 25 do Jornal Nacional, que amargou sua primeira derrota desde 2015 na audiência comparativa. Em São Paulo, onde estão as grandes empresas nacionais, a Globo superou com folga o SBT, por 32 pontos contra 11.5, fato que se repetiu na maioria das capitais dos 27 estados.
Para que se tenha ideia da montanha de dinheiro que envolve a disputa pelo mercado televisivo do futebol nacional, basta dizer que o Grupo Globo paga, hoje, por competições de clubes no país, em todas as suas mídias, mais de R$ 2 bilhões. Os números foram divulgados pelo jornalista Rodrigo Mattos, em seu blog no UOL”. A distribuição dessa bolada passa pelas mãos da CBF e Federações estaduais, que abocanham percentuais significativos para administrar as competições, algo que já deveria ser tarefa dos nossos clubes, como acontece na Europa há bastante tempo.
Em 2019, pelo Brasileirão, hoje seu principal produto, a Globo pagou cerca de R$ 1,6 bilhão. Foram R$ 600 milhões por direitos de TV aberta, mais R$ 500 milhões para TV por assinatura e outros R$ 550 milhões para os canais Première, seu serviço de pay-per-view. Para a Copa do Brasil, o grande mata-mata nacional, a Globo tem contrato de exclusividade até o fim de 2022, pagando cerca de R$ 300 milhões por edição.
O Grupo Globo tem direito a alguns estaduais, como o Paulista, o Mineiro e o Pernambucano. Somando todos os valores, a emissora gasta R$ 221 milhões. Outros estaduais, como o Gaúcho, o Cearense e o Baiano, são pagos não diretamente, mas pelas suas afiliadas. Por fim, pela Copa Libertadores da América, a Globo arrematou o pacote de TV aberta e o segundo pacote mais importante de TV por assinatura, em 2018, por US$ 65 milhões, algo em torno de R$ 351 milhões no câmbio atual.
O grande dilema dos clubes é abrir mão disso tudo e se aventurar no mercado com as próprias pernas, para transmitir jogos através dos ainda incipientes canais na internet. O futuro indica que este será o caminho, mas neste momento, os clubes precisam muito mais da Globo do que ela deles. Como é comum de se ouvir aqui nos nossos grotões: Caldo de galinha e prudência não fazem mal a ninguém”. (Fecha o pano!)
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