24 de agosto, de 2020 | 12:00
Muita calma
Fernando Rocha
Claro que o torcedor atleticano não gostou nada dos dois últimos resultados obtidos pela equipe no Brasileirão, as derrotas para Botafogo e Internacional, ambas fora de casa, sobretudo a última, por conta do fraco futebol apresentado na friorenta Porto Alegre.O time alvinegro vinha embalado, com três vitórias consecutivas e a liderança da competição, algo que não se via há bastante tempo, todos tinham muito otimismo em relação ao trabalho do argentino Jorge Sampaoli, como também esperavam muito de alguns jogadores, como Hyoran, mas tudo caiu por terra após as duas derrotas fora de casa.
Críticas sempre existirão, algumas justas, outras exageradas, por isso mesmo é preciso muita calma nessa hora, por parte da diretoria e da torcida, para que o técnico Sampaoli tenha tempo suficiente a fim de implantar a sua filosofia de jogo.
A final do Campeonato Mineiro, que começa amanhã contra o Tombense, no Mineirão, veio em boa hora, pois muda o foco para uma situação mais amena, já que o adversário é muito inferior tecnicamente.
Decepção azul
O torcedor cruzeirense também está cuspindo marimbondos, e com razão, depois do segundo tropeço consecutivo na Série B, desta vez diante do modestíssimo Confiança, em Aracaju/Sergipe.
O time dirigido por Enderson Moreira também teve um início animador no campeonato, obteve três vitórias seguidas, pagou a dívida de seis pontos imposta pela Fifa, sinalizou que, mesmo não apresentando um futebol de muita qualidade, atropelaria os adversários e chegaria ao G-4 mais cedo do que o esperado.
Mas aí veio a derrota em casa para a Chapecoense, e agora o empate (1 x 1) chocho com o Confiança, para fazer a carruagem celeste virar abóbora. Para piorar, na coletiva pós-jogo Enderson irritou ainda mais o torcedor cruzeirense, ao não admitir o péssimo futebol da equipe, preferindo enaltecer as qualidades do Confiança, ressaltando que o empate não seria nenhum demérito.
O fato é que, por sua história e passado gigantes, se jogar dez vezes com o Confiança, campeão sergipano, seja no péssimo gramado do Batistão” ou aqui no campo do Sr. Aílton, no bairro Vila Celeste, ou mesmo na Lua, o Cruzeiro tem a obrigação de vencer sempre de goleada, algo que o técnico Enderson Moreira parece desconhecer, ou quer ignorar.
FIM DE PAPO
Agora o foco celeste é a Copa do Brasil. E também é uma missão complicada, a de buscar nesta quarta-feira a classificação contra o CRB, em Maceió, clube que já entra com vantagem por ter vencido por 2 x 0 no Mineirão. Quem passar neste confronto recebe R$ 2 milhões, o que viria em boa hora para socorrer os cofres vazios do clube.
No futebol o impossível” não existe, e o adversário também não é lá o Boca Juniors nem o River Plate da Argentina, ou o Nacional do Uruguai. Para reverter essa situação, que os atuais jogadores e o técnico tenham a real noção do tamanho do Cruzeiro, que joguem com garra, que ousem agredir e atacar o adversário, coisa que não tiveram nas duas últimas partidas, contra Chapecoense e Confiança.
Quem acompanhou no domingo a partida final da Champions League esperava muito mais de Neymar, que teve uma atuação discreta. A vitória do Bayern, por 1 a 0, foi merecida e fez justiça ao melhor time do mundo neste momento. Os outros dois brasileiros do PSG, Thiago Silva e Marquinhos, foram até melhores, mas nada conseguiria evitar o hexacampeonato europeu dos alemães, onde brilhou o futebol de Thiago Alcântara, que nasceu na Itália, quando por lá jogava o seu pai, Mazinho, tetracampeão mundial em 1994 pelo Brasil, na Copa dos Estados Unidos.
Thiago Alcântara é o retrato do futebol globalizado de hoje, onde amor à camisa e patriotismo virou coisa do passado. Com a carreira bem administrada, Thiago chegou a ter dupla nacionalidade, mas achou a concorrência na Seleção Brasileira meio pesada e, depois que foi jogar na Espanha, naturalizou-se cidadão daquele país, que defendeu na última Copa do Mundo, na Rússia. Hoje, no seu lugar, dificilmente algum outro atleta faria uma escolha diferente.
Contra o Botafogo, quando teve quase 80% de posse de bola e criou inúmeras chances de gol, mesmo perdendo o Atlético não decepcionou tanto a sua torcida como nesta derrota para o Internacional, quando teve uma atuação medíocre. O time de Sampaoli não criou nada, não chutou a gol, sofreu um logo aos sete minutos e ainda aceitou o jogo de cumpadre” proposto a partir daí pelo Inter.
Os dois treinadores, Sampaoli e Eduardo Coudet, ambos argentinos, se mostraram bastante afinados, abraçando-se, com direito a cochichos nos ouvidos, antes e depois do jogo. Parodiando o personagem de Jô Soares, em um antigo programa de humor na TV, Sampaoli deve ter dito ao hermano” ao fim do jogo, quando se abraçaram: Muy amigo! Muy amigo!” (Fecha o pano!)
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Tião Aranha
25 de agosto, 2020 | 13:32É. Realmente o futebol hoje em dia tá que nem a economia: muito globalizado.”