22 de dezembro, de 2020 | 14:20

Uma nova cultura de responsabilidade social nasce com a pandemia

Omar Rodrigues *

Temos visto desde o início da pandemia do novo coronavírus o surgimento de uma nova realidade no contexto empresarial capaz de transformar o papel social das organizações de maneira irreversível, colocando as pessoas no centro das tomadas de decisões estratégicas. Dado do Monitor das Doações da Covid-19 indica que já foram doados mais de R$ 6 bilhões no país em resposta à crise, sendo que 85% vieram de empresas. É inegável: uma nova cultura está sendo criada, lastreada em empatia, olhar atento ao próximo e, acima de tudo, com vistas no médio e longo prazo.

Ações empresariais que irradiaram país adentro foram de extrema importância num momento em que a população se encontrava desamparada e vulnerável diante de situações inéditas. Mas, a despeito da eficácia das medidas, o que pôde ser observado é que todo o sistema também teve de se reinventar, pois, por exemplo, a estrutura que até então existia precisou ser reforçada diante do volume formidável de doações – um legado que precisa continuar para não se restringir apenas a ações assistencialistas. Mais do que isso, as empresas perceberam que o desenvolvimento da sociedade, de forma propositiva ou emergencial, não se pratica de forma isolada. Nesse sentido, também é preciso refletir o real propósito das pessoas e das organizações.

O Grupo Boticário, como exemplo, mobilizou-se logo no início do isolamento para doar álcool em gel, por meio do Instituto Grupo Boticário, para mais de 155 mil famílias de comunidades nas regiões mais afetadas. Na fundação foi desenvolvido também um programa de inovação para empoderar micro e pequenos empreendedores que buscam na natureza as soluções para alavancar seus negócios, especialmente aqueles relacionados ao turismo em áreas naturais – lembrando que o turismo é um dos setores mais prejudicados e importante atividade-meio para a conservação da natureza.

O coronavírus impactou e segue impactando a sociedade global, transformando tudo e todos, e, especialmente no âmbito corporativo, fazendo as empresas repensarem seus propósitos. E se toda reflexão é uma oportunidade de transformação, esse é o momento para que as organizações reforcem sua capacidade de serem agentes transformadores, criando mecanismos eficientes e acessíveis, interna e externamente, para que um mundo mais sustentável possa existir, permitindo atingir metas importantes, como as dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Obviamente que, neste contexto, a comunicação tem papel fundamental, pois é ela a responsável por engajar toda uma coletividade, mexendo com os sentimentos das pessoas e despertando o interesse em querer mudar. Toda ação passa por um processo de conhecimento, sensibilização e engajamento até chegar ao momento de agir. Não é mais um convite, é uma convocação para cada um de nós assumir uma parte nesta jornada.

A lição que fica é que, se tanto pôde ser conquistado em meio a uma das maiores crises da história mundial, por que não continuar depois que a pandemia passar? Precisamos ter um olhar mais amplo para melhorar a qualidade de vida das pessoas e reduzir as desigualdades em nosso país, criando, assim, uma nova visão socioambiental, que transforma vidas e realidades.

* Gerente de Comunicação e Relacionamento Institucional da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e gerente de Programas Sociais e Comunicação do Instituto Grupo Boticário
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