23 de abril, de 2021 | 13:15

Usiminas no ''pacto global'': em busca de um futuro sustentável

Antônio Nahas Jr. *

No dia 14 de abril, os gerentes, técnicos e diretores da Usiminas, sobretudo aqueles que militam diretamente em busca da sustentabilidade da empresa, tiveram muito a comemorar: a empresa tornou-se signatária do “Pacto Global” da ONU, e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, conjunto que forma a maior iniciativa global em busca da sustentabilidade corporativa, com a presença de mais de 16 mil membros.

“Hoje, posso dizer que registramos um avanço importante nessa trajetória do compromisso da Usiminas com o 'Pacto Global’ da ONU. Já tínhamos uma agenda de sustentabilidade forte e uma ação social que remonta ao início de nossas operações. E, ao assumirmos mais esse compromisso público, ampliamos nossa visão, essa agenda ganha ainda mais força e se torna uma meta da companhia ao longo dos anos”, declarou Sergio Leite, presidente da Usiminas.

Pacto global: de onde veio

A idealização do “Pacto Global” passou por décadas de amadurecimento pelos meios empresariais e acadêmicos de todo o mundo. As ideias do capitalismo liberal fortaleciam a concepção de um sistema onde apenas o lucro importava, seja qual fosse o custo social ou ambiental para conseguir aumentá-lo. Aos poucos, essa concepção foi sendo retrabalhada, sobretudo porque a própria lucratividade das empresas ficava ameaçada pelos impactos socioambientais criados por elas.

O SEBRAE considera que este movimento em busca de novos parâmetros para a ação empresarial iniciou-se ainda em 1972, com a publicação do relatório “Os limites do crescimento”, pela irmandade de cientistas denominada “Clube de Roma”.

Foi a ex-primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland que, atuando como presidente de uma Comissão da ONU, que cunhou o termo “desenvolvimento sustentável”. Ela publicou o livro “Nosso Futuro Comum”, onde esculpiu paulatinamente sua ideia: “Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”.

Inicialmente, essa ideia básica tornava-se útil para orientar a ação das nações. Mas nada poderia ter sucesso sem a participação efetiva da sociedade: escolas, ONGS, imprensa e, sobretudo, a iniciativa privada, pois, afinal, nenhum negócio pode ter sucesso em sociedades que fracassam.

Vários eventos mundiais se sucederam, consolidando parâmetros básicos de defesa dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente, como o Protocolo de Kyoto e a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida como “Rio + 10”.

O “Pacto Global” foi lançado em julho de 2000 pelo então secretário da ONU, Kofi Annan. É um movimento que tem por objetivo mobilizar empresas interessadas em promover ações e políticas em todo o planeta, visando a criação de um mundo que queremos, em termos globais e locais, comprometidas com a responsabilidade social e a sustentabilidade.

Baseia-se nas seguintes diretrizes:

• respeito aos direitos humanos - apoiar e respeitar os direitos humanos consagrados internacionalmente;
• certificar-se que nem a empresa ou colaboradores sejam cúmplices de abuso de direitos humanos;
• manter a liberdade de associação e o reconhecimento à negociação coletiva;
• eliminação de formas de trabalho forçado e compulsório;
• abolição efetiva do trabalho infantil;
• eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação;
• abordagem preventiva dos desafios ambientais;
• empreender iniciativas para promover uma maior responsabilidade ambiental;
• incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ecológicas.

Em 2004, foi colocado mais um princípio: o combate à corrupção em todas as suas formas, seja extorsão, seja propina.

Do Pacto, podem participar empresas, organizações da sociedade civil, associações empresariais, organizações trabalhistas, instituições acadêmicas e cidades. Todos são convidados a se juntar a esta nova agenda.

Os objetivos do desenvolvimento sustentável

A “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” é composta pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), diretamente derivada do “Pacto Global”. Ao todo, são 17 ODS e 169 metas a serem realizados por 193 países-membros das Nações Unidas (ONU) que assinaram e ratificaram o compromisso.

São eles: erradicação da pobreza; fome zero; boa saúde e bem estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; água limpa e saneamento; energia renovável e limpa; emprego digno e crescimento econômico; indústria; inovação e infraestrutura; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; combate às alterações climáticas; vida debaixo d’água; vida sobre a terra; paz, justiça e instituições fortes.
Por último, parceria em prol das metas.

Desta agenda, as empresas também podem - e devem – participar! A ONU incentiva a participação, sobretudo, dos pequenos negócios, que representam em média 98% das empresas dos países signatários. O foco deve ser o desenvolvimento de uma região de forma sustentável; criação de novos negócios e inovação e tecnologia inseridas em todas as atividades previstas nos ODS.

A assinatura prevê a consecução de uma série de ações, divididas em cinco passos, que compõem uma estratégia de implantação. A empresa analisa sua cadeia de valor, traça metas a serem atingidas, busca novas oportunidades de negócio e fortalecem suas relações com os seus parceiros, os denominados stakeholders.

O foco do processo é alinhar os ODS com soluções criativas e lucrativas, pois oportunidades de negócio sustentáveis e lucrativas surgirão.

Já prevendo essa possibilidade, o gerente-geral de sustentabilidade da Usiminas, André Chaves, afirma: “Estamos com uma agenda de sustentabilidade intensa para este ano. Teremos a definição clara de métricas para mensurar nossos objetivos e iniciativas que permitam aos nossos stakeholders serem devidamente informados desses avanços. Nesse sentido, será lançada página específica sobre o tema no site da empresa, assim como o nosso Relatório de Sustentabilidade 2020”.

A evolução corporativa: o modelo ESG

Para consolidar todo este processo, há, ainda um Modelo de Gerenciamento de empresas que vem ganhando campo em todo o mundo, denominado ESG - abreviação em inglês da sigla Meio ambiente, Sustentabilidade e Governança -, com o qual a Usiminas também está comprometida.

Esse modelo é formado por um tripé: sólida Governança Interna (transparência nas informações; existência de Conselhos Fiscais ou Administrativos com independência para investigar e opinar; Ouvidoria externa, também independente; relação clara com os diversos colaboradores; política ambiental de respeito ao meio ambiente e mitigação dos impactos ambientais decorrentes de sua atividade; e, por último, sustentabilidade, traduzida na preocupação da empresa com o desenvolvimento local e regional.

A empresa que o adota preocupa-se com o uso de recursos naturais, emissões de gases de efeito estufa (CO2, gás metano), eficiência energética, impactos socioambientais, gestão de resíduos e efluentes.

Fatores sociais, como relações de trabalho, inclusão social e diversidade, engajamento dos funcionários nas metas socioambientais da empresa, direitos humanos e relações com comunidades são também princípios fundamentais.
Por estas razões a Usiminas pretende atingir 10% de presença feminina na área industrial, além de colocar como meta a redução da emissão de CO2, seguindo padrões internacionais.

Segundo o prof. Roberto Roche, “ESG é nada menos do que uma mudança abrangente no cenário de investimentos, que coloca os critérios de desempenho financeiro e não financeiro em condições de igualdade”.

Enfim: as empresas adeptas do modelo ESG priorizam todas as partes interessadas, e não apenas, exclusivamente, o lucro.

As ações dessas empresas se valorizam mais no mercado internacional e os Fundos de Investimento emprestam a juros mais baixos para elas, pois os riscos de desastres socioambientais são menores.

Hoje, mais de 30 trilhões de dólares em ativos são gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis.

Enfim: um golaço da Usiminas. Prática do respeito às comunidades, aos fornecedores, ao meio ambiente, aos seus funcionários e ao meio ambiente, unida à busca da lucratividade e sustentabilidade econômico-financeira do negócio.

* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
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