09 de novembro, de 2021 | 14:08
Sapeando e pererecando...
Nena de Castro *
Acordei na quarta feira toda feliz, macróbia de 72 anos, festejei muito, trepei no pé de árvore do meu jardim, comi torta de chocolate, afinal, tanta gente, inclusive, jovens e crianças foram embora nessa pandemia infeliz. Tô no lucro, pela graça de Deus. Abri vagarosamente os olhos, agradeci a Papi do céu por mais um dia, revisei mentalmente meus planos e pensei: hoje, não vou reclamar do preço da carne, nem da gasola nem do tanto de gente passando fome, nem do dinheiro retido dos professores aposentados da prefeitura de Ipatinga, do qual nem se fala; nem do IR e dos outros impostos escorchantes que pagamos recebendo quase nada em troca! Então decidida a ter um dia zen, eu me levantei, fui abrir a porta e-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
O grito deve ter sido ouvido por todo o bairro Imbaúbas: na parede onde a porta é afixada, parecendo uma aranha, estava um SAPO ENORME! APAVORADA, pensei em pular pela janela, mas o bicho se assustou e pulou debaixo da cama. Eu, aos gritos, abri a porta e corri para a cozinha. Meu marido, que tomava pacificamente seu café, só me olhou e perguntou calmamente: o que foi?
Porque ele, meu companheiro de mais de 40 anos sabe que a Bugra, intrépida e falante, descendente dos guerreiros africanos e indígenas tem medo visceral de tudo que pula ou se arrasta.
- Um sssaaapo deste tamanho, gaguejei! Me acode!
Ele pegou a vassoura e a pá, enquanto eu corria pro quintal. Capturou o monstro e o levou para um barranco.
Eu tomei chá de camomila e hoje não entro naquele quarto nem morta, sem que alguém espie nos cantos e debaixo da cama.
Ara, sô! Que sina! Volta e meia um trem desses vem pra perto de mim e decerto meus cinco fiéis e pacientes leitores se lembram de que, anos atrás, cheguei em casa após o trabalho e fui tomar uma chuveirada. De repente, cai um troço do teto, passa pertim do meu rosto e splosh! esborracha no chão e se arrasta! Gritei como uma condenada enquanto Larissa, ainda bem pequena, queria saber se eu estava passando mal e pedia que eu abrisse aporta. Com o monstro no caminho, como eu ia passar?
E continuei gritando até que a coisa se moveu para o lado e eu saltei, abri a porta e corri pro quarto.
Bom, tirar a coisa do banheiro foi outro drama, acabou sobrando pro Tiago porque Bredim não estava em casa e eu é que não ia! Nem as meninas!
No outro dia, pareceu outra perereca, pulou na minha perna no banheiro e fiquei com muita vontade de virar hippie e parar de tomar banho!
Sapo desinfeliz, por que não foi pra Brasília, pular no jantar do Paulo Guedes? Ou pras mansões onde vivem nossos políticos? Ou pra piscina do coiso?
Não, vem assustar uma cidadã pacífica, professora sem eira nem beira, contadora de histórias que vive modestamente do seu salário de aposentada, mas com dignidade!
Escuta aqui, seu amphibia bufo bufo, você vive até 12 anos, é muito tempo pra vir me atazanar, vou lhe sugerir que assombre outras pessoas ou arranje o que fazer na Versalhes Brasilianesca, onde o imperador coça a barriga, concede a si próprio a medalha de Mérito Cientíífico, acha que a Torre de Pisa é de pizza, edica-se cada vez mais a caganifâncias enquanto o paÍs vai de herodes a pilatos, condenado a se estrumbicar! E nada mais digo! Aliás digo sim,: Valdecy de Castro e Alex, me passem pras páginas internas, pois aqui é local de gente séria que fala sobre Direito, Economia Política e quejandos, enquanto a Bugra é um deboche só, visse? Z AU REVOIR.
* Advogada, escritora e Encantadora de Histórias
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Tião Aranha
09 de novembro, 2021 | 17:05Embora não entendesse de contornos de crises econômicas, sociais e políticas, cada pessoa tem o seu guia, e pelas lógicas da vida nunca sapos e pererecas hão de atazanar a vida de políticos, o nicho ecológico deles é cá embaixo da pirâmide social. Ou mesmo no brejo. Risos.”