12 de novembro, de 2021 | 14:10

50 anos de geração de conhecimento

Carlos Salaroli de Araújo *

O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CP&D) da Usiminas completou 50 anos no mês de outubro. O que poderia ser apenas a celebração de mais um marco da nossa história, tem especial importância nesse momento quando a ciência é, ao mesmo tempo, destaque por sua imprescindibilidade no enfrentamento de uma pandemia e pela pouca valorização recebida no nosso país. É uma data marcante, também, para a indústria do aço, setor onde poucas empresas contam com uma estrutura integralmente dedicada a atividades de P&D. E ainda mais marcante para minha história pessoal. Em outubro completei 32 anos de atuação nesse Centro. A carreira que abracei se adequa ao meu perfil e a de tantos outros profissionais que atuam no nosso e em outros Centros e que têm paixão pela ciência e querem fazer a diferença por meio do conhecimento. Para esses profissionais, a evolução e o reconhecimento vêm das soluções de problemas de alta complexidade e da implementação em escala industrial (ou na “vida real”) dos resultados de seus estudos feitos em laboratório, trazendo inovações e melhorias que impactam positivamente toda a sociedade.

Iniciei minha carreira como pesquisador em soldagem, atividade que me punha em contato constante com clientes, aos quais a empresa presta suporte para as melhores condições de utilização dos aços. Esse tipo de trabalho, denominado de engenharia de aplicação, envolve outras áreas de conhecimento além da soldagem, como conformação, comportamento mecânico e corrosão. A prestação de suporte técnico diferenciado é uma atividade fundamental do CP&D e traz benefícios para os negócios dos clientes, ajudando na sua fidelização e no estabelecimento de parcerias de longo prazo como as firmadas pela Usiminas ao longo de sua história.

"A maior parte das pessoas acredita
que os aços são todos iguais. Não
têm ideia do leque de aços existentes
e menos ainda da profusão de novas
qualidades que vêm sendo desenvolvidas"


O desenvolvimento de novos aços é outro campo de atuação do CP&D. Essa atividade requer ampla gama de conhecimentos sobre os fenômenos metalúrgicos e os processos de fabricação do aço, visando atender às necessidades dos clientes. A maior parte das pessoas acredita que os aços são todos iguais. Não têm ideia do leque de aços existentes e menos ainda da profusão de novas qualidades que vêm sendo desenvolvidas, em especial nas últimas duas décadas. Grande parte dessa evolução tem sido puxada pelos setores automotivo e de óleo&gás, com requisitos técnicos de difícil obtenção, exigindo das siderúrgicas de ponta a constante busca pelo estado-da-arte.

Nessa corrida, as empresas que investem em P&D, a exemplo da Usiminas, são aquelas que estão à frente. Às vezes, novos aços são desenvolvidos a partir de uma demanda pré-existente. Outras vezes nos baseamos em indícios e tendências capturadas no mercado para nos antecipar e desenvolver produtos que serão utilizados a curto e médio prazos. Mas também existem estudos de caráter exploratório, com maior grau de incerteza, mas que podem nos posicionar à frente da concorrência em caso de sucesso ou que podem servir de fundamentação para outros desenvolvimentos desafiadores.

O CP&D também trabalha para melhorar os processos fabris, direcionando esforços para questões como produtividade, eficiência e uso racional de recursos. A produção de aços compreende várias etapas, que são realizadas em diferentes linhas dentro de uma usina siderúrgica integrada como a Usiminas. O CP&D possui expertise em cada uma dessas etapas de fabricação do aço e realiza um permanente trabalho de suporte à otimização dos processos industriais.

"Difícil descrever o orgulho que sentimos
quando, por exemplo, vemos na rua um carro
com vários componentes fabricados com aços
da Usiminas, cujo desenvolvimento nasceu
ou passou pelo nosso CP&D"


Finalmente, uma menção a uma série de atividades que dão suporte aos estudos realizados no CP&D. Trata-se dos desenvolvimentos de novas técnicas e metodologias de análise, além de ferramentas como sistemas de controle e monitoramento, sistemas de medição e modelos computacionais. Esse conjunto de atividades amplia o alcance e a confiabilidade dos estudos realizados e é um diferencial de nosso CP&D em relação a vários outros.

Voltando à questão dos meus 32 anos no CP&D, posso afirmar que não há rotina entediante. Cada dia um desenvolvimento novo, um problema novo a resolver, a associação entre os conhecimentos gerados em vários estudos distintos, permitindo chegar a conclusões e desenvolvimentos inovadores. Difícil descrever o orgulho que sentimos quando, por exemplo, vemos na rua um carro com vários componentes fabricados com aços da Usiminas, cujo desenvolvimento nasceu ou passou pelo nosso CP&D. O mesmo ocorre com as torres eólicas, plataformas marítimas, oleodutos, navios, geladeiras e tantos outros exemplos de aplicações dos aços que ajudamos a desenvolver e depois ajudamos os clientes a utilizar. A única rotina que mantemos é a do rigor científico. A criatividade inicial é fundamental, mas após o lapso de inspiração, nosso guia obrigatório é a metodologia científica, que propicia avanços reais, além da credibilidade que desfrutamos perante os mais diversos públicos.

O CP&D é reconhecido e respeitado no mercado e no meio acadêmico. A longevidade deve-se aos resultados obtidos ao longo desses 50 anos, em que sempre se manteve o firme propósito de ser um impulsionador de avanços para a empresa e para a sociedade. Alguns fatores por trás desse sucesso são o entendimento do negócio dos clientes, o trabalho em equipe com outras áreas da empresa, a capacidade de aprender e de inovar. Esses são os pilares para a perenidade do CP&D como um dos diferenciais competitivos da Usiminas.

* Gerente-Geral do Centro de P&D da Usiminas

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