10 de abril, de 2022 | 12:00
Ausência de sensibilidade: mau humor ou mau amor?
Bady Curi Neto *
A sensibilidade à dor, ao sofrimento do próximo, de seu semelhante é uma característica humana que consiste na capacidade perceptiva sensorial referente as emoções, sentimentos ou mesmo às sensações físicas. A sensibilidade varia de acordo com cada indivíduo, com a perspectiva de sentimento de cada pessoa, podendo ser influenciada por fatores intrínsecos e extrínsecos.Todas as vezes que se está diante de uma tragédia que nos rodeia, tem-se aflorados os sentimentos de compaixão solidariedade em nossos corações.
A pandemia, o medo da morte, a perda de entes e pessoas próximas pode ser considerado um exemplo, fazendo com que diversas pessoas se mobilizem para providenciar doações para os menos favorecidos.
As últimas enchentes ocorridas em diversas cidades brasileiras que levaram a destruição de casas, famílias e bens, oportunizaram uma movimentação de solidariedade com toneladas de alimentos e bens doados para àqueles atingidos pelas chuvas torrenciais. Fazem-se campanhas de alimentos, remédios, águas, bens etc., tudo noticiado pelas redes sociais e pela imprensa.
Todavia, quando o caso é isolado, sem que haja uma repercussão/comoção social, parece que a solidariedade e a compaixão são defenestradas das emoções e dos corações.
Nas semanas anteriores, dois episódios chamaram bastante atenção, sendo um deles ocorrido na apresentação do Oscar, quando o apresentador, Chris Rock, em uma piada de extremo mau gosto, referindo-se à ausência de cabelo da esposa de Will Smith, que padece de uma doença rara autoimune.
O que leva um comediante, conhecido internacionalmente, fazer piadas em público, transmitido pela televisão por todo o mundo, do sofrimento de uma pessoa? Qual a graça de tripudiar da dor e do suplício alheio? Na minha opinião, falta de sensibilidade e excesso de canalhice.
Quando o caso é isolado, sem que
haja uma repercussão/comoção social,
parece que a solidariedade e a
compaixão são defenestradas das
emoções e dos corações”
O resultado é por todos conhecidos, Will Smith, apesar de ter se desculpado posteriormente, deixou a marca da defesa de sua esposa no rosto do escarnecedor.
Outro episódio que tomou conta das redes sociais, foi o caso do mendigo” que manteve relações sexuais com uma mulher que teve um surto psicótico. Após o triste acontecimento, diversas pessoas postaram memes” nas mídias sociais, debochando do esposo da mulher, elevando o mendigo” a quase um herói nacional.
Pessoas o chamaram para festas em suas casas, desfilaram de carro ao lado do indivíduo em situação de rua, em total desrespeito e falta de compaixão com a mulher acometida do surto psiquiátrico, seu marido, amigos e familiares.
Posar ao lado do mendigo” nas redes sociais, ouvir, gravar e difundir detalhes do ato sexual parece que se tornou sinônimo de celebridade. Uma moça que se diz influencer” das redes sociais, apareceu em uma festa dando-lhe um beijo, em busca da viralização de seu vídeo.
Piadas de toda a sorte, músicas, fotos e memes” alastraram em um espetáculo dantesco, em total indiferença, irresponsabilidade, martírio pelo sofrimento dos familiares da mulher, vítima do surto psicótico.
Parece que quando o dano não nos atinge, a inumanidade se aflora e o problema do mau humor” passa a denominar-se mau amor”. Tenho dito!!!
* Advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e professor universitário
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Tião Aranha
10 de abril, 2022 | 13:17De tanto ver atrapalhadas acontecendo não sei nem se vale a pena acreditar no futuro deste país. É preciso comunicar bem. Quem tá acostumado com a vivência do galinheiro, dificilmente consegue ver a luz do Sol. O azul do céu passa distante. É preciso ativar a asa da imaginação. Deve ser por isso que eu nasci poeta. Risos.”