
30 de agosto, de 2022 | 09:00
Filme desvenda a personalidade única da cantora Maria Bethânia
São 57 anos de carreira, 76 de idade, muitos filmes, inúmeros discos e shows, uma quantidade incalculável de entrevistas. Mesmo assim, a impressão é de que conhecemos muito pouco Maria Bethânia. O jornalista e roteirista Carlos Jardim partiu desse ponto de vista para dirigir e fazer o roteiro de Maria - Ninguém sabe quem sou eu”, que chega aos cinemas no próximo dia 1º de setembro.Quem desvenda essa personalidade única no cenário cultural brasileiro é a própria cantora: só Bethânia fala sobre Bethânia no longa, num depoimento inédito e exclusivo gravado no teatro do Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Entre as falas, imagens raras garimpadas nos arquivos da TV Globo e da TV Bahia, afiliada da Globo, como ensaios do show antológico que Bethânia e Chico Buarque fizeram em 1975 e do espetáculo que a cantora e o irmão Caetano Veloso realizaram em 1978. Há ainda registros de A hora da estrela”, de 1984, baseado na obra de Clarice Lispector.
Ao longo de 100 minutos, Bethânia fala sobre assuntos importantes na sua trajetória, como a paixão pelo palco, a força de sua presença em cena, a fé e a religiosidade, a ligação de amor com a mãe (que privilégio ser filha de minha mãe, Dona Canô”) e o pai, Seu Zezinho (um trabalhador brasileiro, funcionário público honrado, apaixonado por poesia”) e o irmão Caetano Veloso (mestre do meu barco desde que eu nasci, ele me ensinou a andar, a dar os passos”). A cantora fala ainda sobre a importância da literatura em seus trabalhos e sobre três escritores que admira e fazem parte de seu repertório: Fernando Pessoa, Clarice Lispector e Mia Couto. E, claro, aparece declamando textos destes três mestres.
Maria - Ninguém sabe quem sou eu” conta com a participação mais que especial da atriz Fernanda Montenegro, que narra cinco textos marcantes sobre Bethânia, ilustrados com imagens registradas por fãs-fotógrafos da cantora, que o diretor do filme garimpou nas redes sociais dos fãs-clubes de Bethânia. São textos escritos por Ferreira Gullar, Nelson Motta, Fauzi Arap, Caio Fernando Abreu e Reynaldo Jardim, este último autor do livro Bethânia guerreira guerrilha”. A cantora revela no filme que, por conta do livro e de ter feito o Opinião”, foi presa de madrugada em casa durante a ditadura militar e levada para o Dops (Departamento de Ordem Pública e Social), usada como polícia política dos militares.
Entre as cenas de ensaios e shows da artista, grandes sucessos de sua carreira como Olhos nos olhos” (Chico Buarque), É o amor” (Zezé di Camargo), Gita” (Raul Seixas”), Amor de índio” (Beto Guedes) e Álibi” (Djavan).
Sobre o diretor
Há mais de 20 anos na TV Globo, Carlos Jardim integrou o time de roteiristas da nova versão da Escolinha do Professor Raimundo”, temporadas 2019 e 2020. Também participou da equipe de criação do programa Encontro com Fátima Bernardes” e, atualmente, é chefe de Redação da GloboNews. Conquistou vários prêmios importantes, como o Emmy Internacional de 2011 pela cobertura no Jornal Nacional da ocupação do Conjunto de Favelas do Alemão, no Rio de Janeiro.
Jardim é o idealizador e um dos autores do espetáculo musical de teatro sobre Thiago Soares, o bailarino brasileiro de maior projeção no exterior e que chegou a primeiro bailarino no Royal Ballet de Londres. A produção Thiago Soares - Um sonho real” tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2023. Além disso, é co-diretor e co-roteirista do filme Textos cruéis demais - e as respostas que não ouvi”, baseado no best-seller Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente”, de Igor Pires, que vendeu 470 mil exemplares e tem mais de quatro milhões de seguidores nas redes sociais. O filme tem previsão de estreia em 2023.
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