26 de outubro, de 2022 | 12:00

Realidade e expectativas

Alberto Ono *

Nas últimas décadas o país vem enfrentando um processo de desindustrialização, com uma decrescente participação do setor de transformação na formação do Produto Interno Bruto que, por sua vez, se soma às altas taxas de extinção de empresas de todos os portes. É um cenário preocupante, que merece maior atenção de toda a sociedade. Os números, em todas as frentes que se possa avaliar, são um indicativo da urgência de se debater com mais profundidade o tema.

As estatísticas mostram que a participação de cerca de 35% que a indústria tinha no nosso PIB em 1980 foi reduzida para os atuais cerca de 10%. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, revelam que em uma década a indústria fechou cerca de 1 milhão de vagas de trabalho no país. Segundo o Instituto, eram 8,7 milhões de pessoas trabalhando no setor em 2011 e 7,7 milhões em 2020. Para completar, a estimativa é de que apenas cerca de 0,01% das empresas brasileiras tenham mais de 100 anos de atividades.

À parte a complexidade do contexto que provoca o encolhimento da atividade do setor no país, nossa indústria está preparada para apoiar o crescimento do país e segue confiante na capacidade de uma retomada mais firme do Brasil na rota do desenvolvimento econômico e social. A competitividade do setor do aço fora dos muros de suas unidades produtivas, porém, segue atrelada, ainda, às várias urgências como as reformas Tributária e Administrativa, ao enfrentamento dos problemas logísticos do país e de tantos outros desafios novos e antigos.

A Usiminas é uma empresa que está completando neste mês de outubro 60 anos de operações e reafirma um compromisso que remonta à sua criação no Governo Juscelino Kubitschek: permanecer com foco no futuro, nas pessoas, nos clientes e na geração de resultados sustentáveis. A indústria do aço mantém o otimismo com o país e segue com uma importante disposição de investimentos. Segundo o Instituto Aço Brasil, entidade que reúne alguns dos principais “players” do mercado, a indústria brasileira do aço está investindo, neste ano, R$ 11,9 bilhões. Além disso, a expectativa da entidade é que o consumo, hoje em cerca de 125 quilos por habitante, dobre na próxima década, alcançando a média global da ordem de 250 quilos por habitante.

“Nossa indústria está preparada para apoiar o
crescimento do país e segue confiante na
capacidade de uma retomada mais firme
do Brasil na rota do desenvolvimento
econômico e social”


Mesmo com todos os desafios, o setor industrial vem mostrando uma grande capacidade de adaptação e apresentando resultados relevantes, embora ainda aquém do seu potencial. Na Usiminas não tem sido diferente. Temos conseguido enfrentar os cenários desafiadores, tanto internos quanto externos, e compartilhar resultados com diferentes stakeholders. Seguimos acreditando na nossa capacidade de superação e na retomada de um crescimento econômico consistente da economia. Estamos investindo R$ 2,7 bilhões na reforma do Alto-Forno 3 da Usina de Ipatinga, no Vale do Aço, e buscando cada vez mais a sustentabilidade das nossas operações.

Estamos às vésperas da COP27, que reunirá lideranças mundiais em busca de soluções para acelerar os esforços no combate ao aquecimento global e reafirmar o compromisso das nações com a transição energética. Este é outro tema que está na pauta das grandes empresas e que vem recebendo também toda nossa atenção.

Como ocorrido ao longo das últimas seis décadas, vamos, juntos com toda indústria, enfrentar os desafios e nos preparar para atender com excelência as novas demandas da sociedade. Nossa trajetória nesse período escreve uma história que, frequentemente, reflete a de tantas outras empresas do país que conseguem se mobilizar para construir valor.

Mais que sua importância para o desenvolvimento econômico, a Usiminas se orgulha de uma atuação destacada também em responsabilidade social. Temos tido a oportunidade, inclusive, de ver toda uma cidade – Ipatinga, hoje entre os maiores municípios do país – crescer no entorno da Usina. Por meio de iniciativas da companhia, foram criadas estruturas nas áreas de Saúde, Educação, Cultura, Esportes e tantas outras, garantindo legados que ainda hoje fazem a diferença na vida das comunidades onde estamos inseridos.

Cientes dessa nossa capacidade de influenciar positivamente e contribuir para o crescimento econômico e social do nosso país, estamos cada vez mais engajados para que nós e muito mais indústrias brasileiras possam sonhar em completar um século de existência.

*CEO da Usiminas

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Comentários

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Tião Aranha

26 de outubro, 2022 | 19:34

“A Usiminas foi a primeira estatal a ser privatizada, 1991, melhorou muito a sua administração e a sua capacidade operacional. O gargalo todo é a competição com o aço chinês que chega no país muito mais barato. Tem previsão de recessão da Economia da China que tem o maior mercado consumidor do mundo. Risos.”

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