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17 de novembro, de 2022 | 14:01

Vem aí o PIX 2.0, a revolução das transações internacionais

Maria Cristina Diez *

Com muita modéstia, o PIX é um dos maiores sucessos de toda a história econômica do Brasil. Mais do que isso, a ferramenta de transferências bancárias nos próprios apps dos bancos representa uma revolução, e há números de sobra pra confirmar isso. Num único dia de agosto deste ano, por exemplo, o PIX bateu o recorde de mais de 90 milhões de transações. Na mesma data, foram movimentados cerca de R$ 53 bilhões. Tudo isso com alguns toques na tela do celular.

Se as transações digitais no Brasil já são pra lá de portentosas, imagine como seriam as movimentações de um PIX internacional. É isso mesmo que você deve estar pensando: uma única plataforma global, por meio da qual você pode transferir uma quantia em reais que automaticamente serão convertidos em dólares nos EUA, em euros em boa parte da Europa ou em ienes lá no Japão. Quantos zilhões de pessoas fariam movimentações diárias? Quanto poderia se alcançar em valores?

Pois saiba que as respostas a essas perguntas virão com muito mais rapidez do que se imagina. Os testes com o Nexus, a plataforma que reunirá os PIX existentes mundo afora, já estão em fase avançada pelo Bank of International Settlements (BIS). A projeção do órgão é de que um projeto piloto seja implementado já em 2023, e gradativamente novos países sejam incorporados ao sistema.

É claro que isso traz bastante otimismo em relação à praticidade, sobretudo para quem tem familiares residindo em outros países, e que convive com essas transferências internacionais com frequência. Mas também nos traz uma boa dose de pânico: se a quantidade de fraudes explodiu no Brasil após a implementação do PIX, há dois anos, também é preciso considerar como será isso em escala mundial.

Como vão os testes até o momento é algo que só o BIS sabe, mas a adoção de um sistema internacional (e instantâneo) de transferências bancárias também tende a despertar a criatividade não apenas de fraudadores, mas também de outras classes de criminosos, incluindo grupos terroristas. Isto significa que seja uma má ideia pensar num PIX internacional? Jamais! Mas, mais do que nunca, será necessário pensar em um produto à prova de crimes, utilizando ao máximo os recursos da inteligência artificial para a identificação e o reconhecimento dos usuários.

Isso poderia passar pela criação de um sistema dentro do próprio sistema de transferência, ao qual o usuário só teria acesso a partir de uma série de processos integrados de confirmação. Não me refiro a uma utopia, mas a produtos que já oferecem isso. Por exemplo, já dispomos de biometrias faciais e de automações que investigam a autenticidade de documentos em segundos, como é o caso do Face Match, que através da simetria facial consegue identificar a pessoa ou o background check que podem oferecer uma lista de informações bastante pertinentes sobre o emissor e o beneficiário da transação. Num cenário global, essas informações tornam-se ainda mais importantes para os órgãos governamentais de segurança.

Por tudo isso, convém assistirmos ao surgimento do Projeto Nexus, como vem sendo chamado, com muita cautela e mais preocupação com a segurança digital por trás das suas potencialidades. O PIX deu aos brasileiros o acesso a uma nova forma de experiência bancária, e em nível global essa relação promete ser um novo mundo de oportunidades, mas também de novos patamares de crimes cibernéticos. Que o BIS considere bastante isso ao investir na segurança do aplicativo. Esta é uma ferramenta que já nasce sem poder errar.

* Engenheira de softwares e diretora comercial e de marketing da Most Specialist Technologies - [email protected] most.com.br

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