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26 de novembro, de 2022 | 14:00

Para homens ou mulheres, o mesmo cuidado com o coração

Eliana Fonseca *

As mulheres vivem mais do que os homens. Essa afirmação pode provocar certos incômodos, mas ela pode ser comprovada em qualquer índice de expectativa de vida que exista mundo afora. No Brasil, apenas para se ter um parâmetro, em 2020, a expectativa de vida dos homens era de 73,3 anos, enquanto para as mulheres era de 80,3 anos. Os dados são do IBGE, e não consideram a mortalidade provocada pela covid-19.

A explicação dos especialistas é que os homens são mais suscetíveis a beber e a fumar, e também tendem a sofrer mais com os problemas cardiovasculares. No entanto, o que se vem observando nos últimos anos é uma redução desse abismo. As mulheres estão assumindo com mais vigor hábitos de vida bastante parecidos com os dos homens. Consequentemente, as doenças cardíacas, anteriormente mais frequentes no sexo masculino, estão ocorrendo quase que com a mesma frequência entre ambos os sexos.

Um estudo global, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia e publicado na revista The Lancet, atesta que homens e mulheres estão igualmente expostos aos problemas do coração, ao contrário do que se observava antes. A pesquisa, realizada com 155 mil indivíduos com idades entre 35 e 70 anos, foi feita em 21 países espalhados pelos cinco continentes. Este imenso grupo foi monitorado ao longo de 10 anos, e todos iniciaram o acompanhamento sem nenhum histórico de doença cardiovascular.

“Após uma década, o que se viu foi uma diferença
não muito distante entre homens e mulheres que
desenvolveram alguma doença cardiovascular”


Porém, após uma década, o que se viu foi uma diferença não muito distante entre homens e mulheres que desenvolveram alguma doença cardiovascular. No grupo de quase 91 mil mulheres que participaram das análises, houve 5,0 casos de AVC, doença cardiovascular ou ataque cardíaco por ano, para cada mil pessoas. No caso dos homens, que formavam pouco menos de 65 mil indivíduos, foram registrados 8,2 casos para cada mil pessoas.

Esse estudo é revolucionário do ponto de vista da sua estatística, porque nos revela uma realidade com a qual a humanidade não se debruçava antes. Nas últimas décadas era natural preocupar-se mais com a saúde do homem, já que os mesmos tinham menor expectativa de vida e um desprezo mais acentuado às consultas médicas periódicas. Entretanto, estudos como o da Universidade de Gotemburgo colocam as mulheres num cenário de preocupação com sua saúde, sobretudo no tocante à do coração.

Evidentemente que esse nivelamento entre mulheres e homens é preocupante, porque ele ocorre por baixo. Não são os homens que aderiram a hábitos de vida mais saudáveis, aproximando-se assim do contexto feminino, mas são elas é quem estão abdicando dos cuidados com a saúde e fazendo uso de alimentos, bebidas e fumo com mais frequência, afetando diretamente suas condições cardíacas. A recomendação hoje é bastante clara: ambos precisam se cuidar mais, pois o coração não vê cara e sexo.

* Médica cardiologista do Hospital Felício Rocho

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