15 de dezembro, de 2022 | 14:00
Cadê a mão forte do Estado contra o terrorismo?
Carlos Alberto da Costa *
Com o mundo cercado por câmeras de segurança por todos os lados, nem sequer coçar o umbigo é um ato que passa despercebido. Em algum lugar, alguém está observando quando pessoas andam por lugares públicos e até privados. Para quem já leu o romance 1984 "Grande Irmão", tradução literal de "Big Brother" de George Orwell, certamente não é nada assustadora a realidade tão previsível, com sistemas de câmeras interligadas, gerando imagens de tudo quanto é canto, até áreas rurais remotas, com a finalidade de vigiar e punir.Da ficção para a realidade, as imagens transmitidas atualmente, associadas à Inteligência Artificial, permitem que seja identificada uma pessoa procurada no meio de uma multidão. Igualmente pode ser rastreada a placa de um carro furtado ou roubado, quando o veículo passa por uma das câmeras interligadas.
Nesse contexto todo, não é de se espantar que os arruaceiros que tocaram fogo em oito veículos, quebraram vidraças de lojas e danificaram o patrimônio público em Brasília fossem identificados. A quebradeira foi promovida depois que manifestantes foram à Delegacia da Polícia Federal exigir a liberação de um indígena bolsonarista, preso por incitar atos golpistas.
Pois agora, um a um, eles estão sendo identificados, graças às imagens das câmaras de segurança e de vídeos que eles mesmos gravaram. Chama a atenção um dos vídeos em que um manifestante diz: está destruindo carro dos outros, mano, pra que isso?”.
Não é de se espantar que os arruaceiros que
tocaram fogo em Brasília esta semana estejam
sendo identificados, um a um, nas imagens de vídeos”
Diferentemente do que os ditos patriotas” afirmaram, dizendo que o vandalismo foi promovido por infiltrados da esquerda, os participantes identificados até agora são todos bolsonaristas ou patriotas como se intitulam. A constatação pode desagradar a muitas pessoas que não aceitam o resultado das urnas, apoiam os protestos, mas não compactuam com as cenas de terrorismo vistas nas ruas do Distrito Federal.
Ah, não foi terrorismo? Um dos vídeos mostra manifestantes que invadiram um posto de combustíveis, roubam botijões de gás e os levam para o meio das ruas, para serem usados como barricadas. Pior, um carro foi incendiado na pista de abastecimento de um posto de combustíveis. Não precisa ser especialista para falar aqui sobre os riscos dessa loucura.
Por fim, o que o Ministério Público do Distrito Federal quer saber é o que boa parte dos brasileiros também pergunta: porque viaturas da polícia estavam paradas a poucos metros dos locais da baderna e ninguém foi preso?
Apesar da gravidade dos atos promovidos por bolsonaristas em Brasília, a secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que ninguém foi preso pois as forças policiais teriam se concentrado no trabalho de dispersão, e que agora os envolvidos estariam sendo identificados para que inquéritos sejam abertos.
* Professor aposentado
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Gildázio Garcia Vitor
16 de dezembro, 2022 | 12:35Muito bem, Sr. Marcelo! Parabéns! Obrigado!
O articulista, apesar de ser um Professor aposentado, não deve, como muitos de nossa classe, ter enfrentado a cavalaria e os cães, os jatos de água de esgoto do Ribeirão Arrudas, os antigos cacetetes de madeira e as bombas de efeito moral da PMMG, em BH e até em alguns municípios do nosso Vale do Aço, lá pelos já distantes anos 1980.
Parte dessa História faz parte do meu passado e de muitos Companheirxs, regado a muita cachaça e "pão com mortadela".
Às vezes, até concordo com o Poeta: "Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena". Comunista com alma? É! Fazer o quê?! Mas Ateu não praticante.”
Marcelo Costa
15 de dezembro, 2022 | 14:43Querem saber da "mão forte do estado"? Mande alguns professores, metalúrgicos, trabalhadores rurais, cortadores de madeira, garis fazerem qualquer protesto, fechar ruas, avenidas, praças e rodovias como estão fazendo os "patriotas". Em 15 minutos vão conhecer a mão forte do Estado.”