20 de dezembro, de 2022 | 14:00

Tulipas no Natal

Nena de Castro *

Por ter recebido um mimo do capitão do navio onde Petite Fleur trabalha, ou seja, bulbos de tulipas que plantei e já brotaram, estou digamos assim, me sentindo meio holandesa. Rs. Tudo a ver com meu tipo étnico, basta que eu dê uma ajeitada no nariz e pinte o cabelo de louro, vista aquelas roupas típicas, use aquele chapeuzinho de renda que lembra uma pirâmide com orelhas e aquele tamanco de madeira e eis aí, prontinha, a Bugra Holandesa! Falei isso pra minha turma e Gertrud, minha atrevida sabiá falante teve um ataque de riso daqueles, virando os pezinhos para cima, quase caindo do pé de limão! Tias Bugra Velha e Lady Zefa também riram, Kim latiu e virou um furdunço; mandei todo mundo catar coquinho no Katar, bem longe de mim.

Bati a porta e fechei as janelas deixando as “fofoquentas” lá fora, enquanto pensava que sabia pouco, muito pouco sobre a Holanda. Estudei no ginásio sobre a invasão holandesa do século XVI, li sobre o governo de Maurício de Nassau em Pernambuco: tive um amigo holandês, o padre Paulo van Der Voot, da Paróquia de Lourdes em GV, que ia muito lá em casa tomar a deliciosa “queimadinha” que mamãe fazia e servia com broa e biscoitos de polvilho.

Era muito amigo nosso, sentava na cozinha onde ficava o fogão de lenha e conversávamos por horas. Contava dos costumes holandeses, da comida, me dava selos lindos tirado das cartas de sua família que fiz o favor de perder, discorria sobre os problemas de GV e do país e convenceu mamãe a me deixar a entrar na política estudantil em 1969, numa chapa que foi vitoriosa.

Então, motivada pelas plantinhas que brotaram, procuro informações e o google me diz que “a Holanda (ou Países Baixos) é um lindo país com muitas paisagens planas, clima ameno, canais, belos campos de tulipas, moinhos de vento e rotas de ciclismo”. Pessoal educado, de fala direta, pontualíssimos (eita!) tiram o sapato quando chegam, comem o bolo no início da festa e depois vêm as goluseimas e colocam no banheiro a lista de aniversários dos amigos.

Bão, cada povo com seus costumes, algumas coisas que fazemos também soam estranhíssimas para os estranjas, mas bem que a gente podia pelo menos ser pontual! Minhas futuras tulipas me deixaram ainda mais doidinha e sonho com flores coloridas, moinhos de vento quixotescos, quadros de Rembrandt, Vicente van Gohg e Jan Veermer, embora não saiba se os lindos brotinhos vão aguentar o clima tropicalíssimo de nossa amada cidade. E claro, ouvindo as bandas dos metaleiros Within Temptation, Epica e Focus, oh, yeah! (não acredite, escuto mesmo é Caetano, seu Jorge, Bethânia e Chico Buarque) e música instrumerntal!) Enfim, estou em estado de gestação das minhas flores holandesas, curtindo o tempo de Natal com as visitas que JUJUBA E MOÁ NOEL fazem e desejando a todos os brasileiros, tempos de paz e prosperidade! E nada mais digo a não ser que não lembro bem o sobrenome do Padre Paulo e espero não ter lhe impingido um palavão em holandês como sobrenome! Feliz Natal com muitas bênçãos do Menino-DEUS!

* Escritora e encantadora de histórias

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