26 de janeiro, de 2023 | 13:00
Opinião: Janeiro Roxo: conscientização sobre os cuidados e a prevenção da hanseníase
Guenael Freire *
Castigo divino? Maldição? Descrita pela primeira vez em 1300 ac no Oriente Médio, a hanseníase era atribuída a punições místicas e as pessoas acometidas eram isoladas do convívio social. Alguns pacientes eram obrigados a usar roupas diferenciadas e anunciar a presença com um sino. Outros eram isolados em ilhas e tinham seus registros queimados como se nunca tivessem nascido.A doença foi inicialmente conhecida como lepra (nome abandonado devido ao preconceito) e em 1873 o médico norueguês Gerhard Armauer Hansen descobriu que a condição é causada por uma bactéria, a Mycobacterium leprae. Este microrganismo tem preferência em inflamar os nervos e a pele, causando então manchas com alterações na sensibilidade ou redução da força de membros. A visão e o nariz também podem ser afetados.
A hanseníase é transmitida por secreções e gotículas emitidas das vias aéreas, durante a fala, espirros etc. É necessário um contato prolongado para a infecção, por isso é comum pessoas da mesma família adoecerem. O período de incubação varia de 3 a 5 anos, podendo durar décadas. A maioria das pessoas é naturalmente resistente à infecção, ou seja, não vai adoecer mesmo após contato prolongado. Apenas 10% das pessoas são suscetíveis à infecção.
A doença foi inicialmente conhecida como
lepra - nome abandonado devido ao preconceito”
A doença se caracteriza por manchas claras, avermelhadas ou acastanhadas na pele. Algumas são bem discretas, levemente mais claras que a pele normal. As manchas podem surgir em qualquer lugar do corpo e são persistentes e podem ser confundidas facilmente com micoses, alergias e até sífilis. Muitas vezes, no local da mancha os pelos caem. A sensibilidade ao toque, quando comparada a pele normal, reduz ou acaba totalmente, dando a impressão de que a pele está anestesiada.
As dormências e diminuição de força nas mãos ou pés também podem ocorrer, quando os nervos são afetados. Em casos dramáticos, pode levar à perda de segmentos do corpo por causa de lesões ou infecções sucessivas que passam despercebidas pela falta de sensibilidade na pele. Na maioria das vezes, o diagnóstico é clínico, mas às vezes precisamos lançar mão de exames complementares. O diagnóstico laboratorial é feito por meio da análise de material colhido na própria mancha, além de raspado da pele do cotovelo e das orelhas. A análise do tecido da pele colhido com a biópsia pode ser bastante útil e ajuda a diferenciar de outras condições.
Felizmente, a hanseníase tem tratamento e pode ser curada - uma associação de antibióticos são indicados para o tratamento. A Organização Mundial de Saúde disponibiliza estes medicamentos de forma gratuita. A duração varia de 6 a 12 meses, conforme a classificação.
* Médico Infectologista do Biocor Instituto/Rede DOr
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