21 de abril, de 2023 | 12:00
Opinião: Dante e Saladino
Antônio Nahas Júnior *
Quem lê a Divina Comédia, do poeta renascentista italiano Dante Alighieri, fica desconcertado ao ver que o autor reservou um lugar até certo ponto confortável, no inferno, para o sultão muçulmano Saladino. Para Dante, o inferno possuía dez círculos, nos quais o sofrimento era até certo ponto moderado no primeiro e terrível no décimo círculo, reservado aos falsários. Aliás, diga-se de passagem, relendo o poema, acho que muito pouca gente de hoje escaparia dos círculos do inferno de Dante.Pois bem. Dante coloca Saladino ao lado de Platão; Euclides; Ptolomeu; Sócrates; Enéas; Heitor; César; todos estes por terem nascido antes da vinda de Cristo e, portanto, não terem sido batizados. Mesmo Saladino sendo muçulmano, ter guerreado contra os cristãos e expulsado os cruzados de Jerusalém, mereceu a consideração de Dante, por ser justo; ter respeitado seus prisioneiros e permitir a liberdade religiosa em Jerusalém, após tê-la conquistado.
É um exemplo para os dias de hoje onde prevalece o sectarismo político; a falta de diálogo e respeito entre rivais, que consideram seus adversários inimigos mortais, substituindo a reflexão sobre pontos de vista diferentes por adjetivos e comentários raivosos.
Nenhum país prospera se não houver amadurecimento de soluções que beneficiem o país e que lancem as bases para a construção de um futuro melhor para todos.
Neste contexto, fica o registro de uma ação muito inteligente e construtiva, tomada por dirigentes da CNM/CUT e da IndustriALL (Federação Sindical Global, fundada em Copenhague em 2022), que foram à Brasília defender a retomada da indústria nacional de aço, da indústria naval e de bens de capital. O grupo se encontrou com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macedo, na busca de diálogo sobre a reindustrialização.
Ao invés de impropérios; xingamentos raivosos;
ofensas pessoais; piadinhas de mau gosto e motociatas,
recupera-se a política como a arte da negociação”
Procurou também o Instituto Aço Brasil, que reúne as siderúrgicas brasileiras para representa-las junto às instâncias governamentais, para defender a reindustrialização do país. "Essa reunião foi muito importante, aproximando a discussão que nós queremos fazer em nível de Brasil do futuro, dessa indústria brasileira com esses três setores estratégicos", afirmou Loricardo de Oliveira, secretário-geral da CNM/CUT. O grupo ainda procurou o ministro Márcio Macedo para a abertura do 11º Congresso CNM/CUT pois," para o dirigente, a presença de um membro do governo reforça a estratégia nacional de retomada da indústria com aumento do emprego; renda e trabalho decente", informa o aplicativo Notícias da Mineração.
O apoio governamental à cadeia produtiva do aço reforçará toda a indústria nacional; gerará mais empregos, o que poderá ocasionar o crescimento dos salários e dará chances aos sindicatos de melhorar as negociações coletivas. Ao fim, todos ganham. Nesta estratégia traçada pela CUT, visualiza-se pontos comuns que, se atingidos, beneficiarão os dois lados, mesmo que haja divergências profundas entre os dois.
Uma estratégia inteligente. Ao invés de impropérios; xingamentos raivosos; ofensas pessoais; piadinhas de mau gosto e motociatas, recupera-se a política como A arte da negociação”, como diria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Esperamos que dê certo, ainda mais depois do êxito da visita do presidente Lula à China, em busca de tecnologia e financiamento para o crescimento da nossa indústria e de tecnologia.
* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
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Gildázio Garcia Vitor
21 de abril, 2023 | 12:56Em poucas palavras: agora temos governo.
"Se hay gobierno, soy a favor".”