21 de abril, de 2023 | 06:20

Tiradentes, o maior herói nacional

O dia de Tiradentes, celebrado nesta sexta-feira, 21 de abril, surgiu por causa do enforcamento do inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, e virou feriado nacional no Brasil no ano de 1890. A execução de Tiradentes ocorreu em 21 de abril de 1792 e o inconfidente entrou para o rol de heróis da pátria brasileira. Ele participou da chamada Conspiração de Minas ou Inconfidência Mineira, ocorrida em 1788-1789.

Para o doutor em História e professor de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luiz Carlos Villalta, Tiradentes é com certeza o maior herói brasileiro da memória nacional. “Não sendo o líder do movimento, ele desempenhou o papel de divulgador de suas propostas, agindo como mediador cultural.

Enquanto os outros conspiradores se resumiram, no geral, às conversas e outras ações desenvolvidas em espaços privados e às escondidas, Tiradentes levou ao público a ideia de rebelião: às ruas, tavernas, caminhos, casas de prostitutas e etc”, explica.

Ainda conforme o professor, dentre os inconfidentes, o alferes (posto equivalente hoje à sargento da Polícia Militar) foi o que mais claramente criticou a exploração colonial. “Ele foi capaz de identificar os mecanismos que a permitiam: o regime de comércio monopolizado por Portugal (não havia liberdade de comércio), os tributos excessivos e pesados e a presença de autoridades que usavam a coisa pública para fins privados. Tudo isso, segundo ele, fazia com que Minas, uma terra rica, ficasse pobre”, detalhou.

Luiz Carlos relata que Tiradentes sonhava imitar os estadunidenses, que tinham conquistado a independência anos antes. Ele reproduzia passagens de um sermão do padre Antônio Vieira e ideias de um livro de um pensador das Luzes, o francês abade Raynal. “Punido com morte e esquartejamento em 21 de abril de 1792. Foi declarado infame.

A casa onde morava foi demolida. O terreno foi salgado. Ali foi construído um padrão da infâmia. Menos de 30 anos depois, em 1821, esse padrão foi demolido, depois da Revolução do Porto, pelo governo de Minas Gerais. Aí começou uma lenta construção do mito de Tiradentes, que se acentuou a partir de 1860”, explanou o professor.

O dia de sua morte foi declarado feriado nacional em 1890, depois da Proclamação da República. E o professor reforça que as ideias de Tiradentes são muito atuais. “A espoliação colonial continua, travestida de outras formas e a pilhagem da República também”, conclui.

Celebração da Inconfidência

O governador Romeu Zema (Novo) participa, nesta sexta-feira, às 9h, em Ouro Preto, na região Central do estado, do tradicional evento que celebra o Dia da Inconfidência Mineira.

Durante a cerimônia, 170 pessoas serão homenageadas com as medalhas, por suas contribuições para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil. O ex-presidente da República, Michel Temer, será condecorado com o Grande Colar, maior honraria.

O ato da entrega da Medalha da Inconfidência, com presença de público, será realizado no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Já a honra militar, com a presença dos Dragões da Inconfidência, o hasteamento da bandeira, a colocação de flores no monumento ao mártir da Inconfidência Mineira e a salva de 21 tiros, é realizada na Praça Tiradentes, no coração da cidade histórica.

Para o professor Luiz Carlos Villalta, o evento é uma cerimônia oficial e que serve aos interesses do governo do Estado, em especial dos governadores da ocasião. Por outro lado, a celebração mostra a importância que o estado dá a Tiradentes e à Inconfidência.