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14 de maio, de 2023 | 06:00

Escândalo das apostas

Fernando Rocha

Tudo começou, em 2018, quando o então presidente da República, Michel Temer, sancionou a Lei 13.756, que libera o funcionamento das casas de apostas no país.

Nos últimos anos do governo Bolsonaro, sem regulamentação, as casas de apostas foram se multiplicando e viraram uma febre nacional, com funcionamento apenas pela internet e por meio de sites hospedados no exterior.

Sem pagar impostos no Brasil e com sedes localizadas em paraísos fiscais, formaram um lobby gigantesco que lucra bilhões de reais no nosso país com o produto futebol.

Para manter o negócio ativo, patrocinam campeonatos, clubes, jogadores e até jornalistas conhecidos, se destacando também como grandes anunciantes dos principais veículos de comunicação em todas as plataformas.

Na última semana, os registros de fraudes no sistema de apostas, que vinham sendo tratadas pela mídia com pouca luz ou como se fossem “exceções”, acabaram viralizando após a divulgação dos primeiros resultados da chamada “Operação Penalidade Máxima II”, do Ministério Público de Goiás.

Até agora foram denunciados à Justiça 16 pessoas, entre elas diversos jogadores de clubes das Séries A e B nacional, que se tornaram réus por fraudes praticadas com o objetivo de manipular resultados de partidas inclusive em campeonatos estaduais.

Virou farra
Apesar da hipocrisia de não permitir o funcionamento de cassinos, na prática, o jogo é oficial no Brasil há bastante tempo, a partir da extensa lista de loterias mantidas e exploradas pelo governo federal por meio de um dos seus bancos oficiais.

Após a chegada dessas casas de apostas, a jogatina se espalhou de vez e virou uma grande farra nacional, lastreada em um público fiel que tem no futebol a sua grande paixão.

Tem aposta de tudo que faz parte do jogo de futebol, desde escanteios, cartões, expulsões, pênaltis e por aí afora, o que possibilita a atuação de quadrilhas que se aproveitam da desonestidade e da fraca personalidade de alguns jogadores, para aliciá-los à prática de atos que lhes garantam êxito em apostas altas, feitas nessas casas especializadas, mediante o pagamento de propina em dinheiro.

FIM DE PAPO

Até o fechamento desta coluna, entre os denunciados estava o zagueiro Eduardo Bauermann, ex-América, afastado pelo Santos, e outros jogadores: Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes(Sergipe). Não está em discussão se a classe dos jogadores de futebol é honesta ou não, pois está claro que a maioria é do bem. Importante é que os culpados sejam punidos civil e criminalmente e banidos do futebol.

Mais nove pessoas, entre apostadores e membros da organização criminosa, também, são apontados na denúncia que “esmiúça 23 fatos criminosos ocorridos durante as partidas, nas quais jogadores se comprometeram a cometer faltas para receber cartões e a cometer pênaltis. Nove citados no esquema criminoso foram afastados e ficaram de fora da última rodada do Brasileiro: Richard (Cruzeiro), Pedrinho e Bryan (Athletico-PR), Vitor Mendes (Fluminense), Nino Paraíba e Matheuzinho (América), Maurício (Internacional), Manga e Jesus Trindade (Coritiba). Com a entrada da Polícia Federal nas investigações, muita coisa vai acontecer e, certamente, muita gente famosa será incriminada.

Apesar de a CBF ter emitido um comunicado descartando a possibilidade de paralisar as competições em andamento, algo precisa ser feito com urgência para dar um basta nesta situação, até que se concluam as investigações. A primeira providencia seria a edição da medida provisória que regulamenta o funcionamento das casas de apostas, já confeccionada pela Secretaria Especial do Ministério da Fazenda e que está pronta na Casa Civil para ser assinada pelo presidente Lula.

Esta MP não só irá taxar e cobrar impostos em cima do faturamento das casas de apostas, mas pretende limitar ou reduzir o número delas atuando no país. Vai criar um grupo de trabalho para combater a corrupção e estudar os meios de evitar fraudes. Não significa curar o doente matando-o, mas dar-lhe remédio na dose certa para salvá-lo. As casas de apostas existem no mundo inteiro, mas é preciso que tenham regras claras de funcionamento, para que não ocorra essa zorra que estamos assistindo no Brasil, que tem trazido desmoralização e prejuízos incalculáveis ao produto e ao negócio futebol, atividade que se nutre da paixão pelo esporte, movimenta bilhões de reais e gera emprego para centenas de milhares de pessoas. (Fecha o pano!)
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