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14 de maio, de 2023 | 08:00

Filhos gerados no coração: mães adotivas falam do vínculo de amor que transcende qualquer ligação sanguínea

Álbum pessoal
''Ser mãe do coração é um ato de amor, é amar sem limites, é um sonho realizado'', resumiu Marlene Andrade''Ser mãe do coração é um ato de amor, é amar sem limites, é um sonho realizado'', resumiu Marlene Andrade
Stéphanie Lisboa - Repórter Diário do Aço
Hoje é o dia delas, das mães. As leoas que se dedicam incansavelmente ao bem-estar dos seus. Elas que são capazes de tudo, tudo mesmo, para ver os filhos felizes. Abençoam, educam, ensinam, escutam, choram, cuidam, criam, corrigem. Tem mãe de sangue, emprestada e as mães do coração. E é exatamente sobre essas mamães, que geraram seus filhos no coração, que vamos falar hoje: as mães adotivas.

Duas mulheres que conheceram a maternidade e que se tornarem mães, por meio da adoção. Marlene Andrade, de 46 anos, é mãe de Diogo Bernardo, que vai completar três aninhos. Fernanda Cunha, de 29 anos, é mamãe do Max, de 13 anos, e de Ystéfani (carinhosamente chamada de Lee), de 10. Duas mulheres que vivem na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) e que compartilharam suas histórias.

A mãe do Diogo
Marlene é casada há 17 anos com Marcos, trabalha na área da educação como professora e mora no bairro Caravelas, em Ipatinga. Contou à reportagem do Diário do Aço que ela e o marido sempre desejaram ter filhos e que após três anos de união decidiram não evitar mais. A partir daí tiveram algumas frustações. Cogitaram a possibilidade de recorrer às clinicas de fertilização para realizar o sonho, mas descartaram essa possibilidade por alguns fatores.

Em 2014 deram o primeiro passo rumo à adoção. Foram até o Fórum de Ipatinga, na Vara da Infância, e se inscreveram no curso de preparação para pretensos a adotar. “O curso abriu o nosso coração para a adoção, nos fez enxergar outro caminho em busca do nosso sonho”, lembrou.

Após concluírem o curso, o casal foi aprovado para entrar na fila do Cadastro Nacional de Adoção (CNA). “Minha gravidez foi invisível, Diogo foi gerado no meu coração”, disse a professora. A espera da família foi longa, cercada de incertezas e angústias, mas no dia 24 de maio de 2020 o sonho se concretizou.

“Mês das mães, véspera do Dia Nacional da Adoção, Diogo Bernardo, meu ‘gatinho manhoso’, chegou a este plano. No dia 28 de junho fomos conhecê-lo no hospital, ficamos emocionados e tivemos a certeza que ele era nosso. Depois de dez dias ele chegou à nossa casa, na nossa vida, pois no nosso coração ele já estava”, afirmou Marlene.

A mãe do Max e da Lee
Fernanda Cunha é casada com Talles, é promotora de merchandising e mora no bairro Jardim Vitória, em Santana do Paraíso. O desejo pela adoção nasceu no coração quando ela ainda era uma criança de nove anos de idade, após receber um livro do Estatuto da Criança e do Adolescente. “Desde então já sabia que seria mãe por essa via, mesmo sem entender a complexidade e o real motivo para se adotar”, relembrou.

Quando conheceu seu companheiro, ele dividiu com Fernanda o sonho de ser pai e a promotora também compartilhou seus anseios. Juntos decidiram que o caminho para se tornarem pais seria conquistado pela adoção. “Não foi questão de saúde ou perdas, no nosso caso foi uma escolha, nós dois podemos ter filhos pela via biológica”, esclareceu.

Lucas Carreiro
''Ser mãe por adoção é ter o prazer de gerar na alma'', definiu Fernanda Cunha''Ser mãe por adoção é ter o prazer de gerar na alma'', definiu Fernanda Cunha


O casamento foi em 2020 e, no ano seguinte, Fernanda e Talles deram início ao processo. Em setembro de 2021 conquistaram a habilitação para adoção. A certeza de que havia encontrado os filhos do coração aconteceu em dezembro, quando Fernanda olhava um aplicativo de busca ativa. “Me deparei com uma foto de dois irmãos, meu coração disparou, comecei a chorar, tremer, o estômago ficou gelado. Eu sabia que eram meus filhos”.

Segundo Fernanda, foram dois meses em um processo por Max e Lee, que moravam no Sul do país. “A casa ia se moldando junto com o coração, tudo era pensado pra eles”. Em fevereiro de 2022 o casal de mineiros viajou para encontrar os filhos. Depois de 11 dias em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, para o estágio de convivência, retornaram para casa já com a guarda provisória.

A adoção foi concluída em outubro de 2022. “Foi lindo ver cada desenvolvimento deles, cada pequena conquista. Mas o mais bonito foi ouvir a palavra ‘mãe’ que era dita de forma automática, sem significado algum para eles, se transformar em um ‘mãe’ dito com coração, amor, carinho e respeito”. Apesar das alegrias, Fernanda precisou lidar com o preconceito. “O preconceito falou mais alto, ouvi absurdos, fiquei sem rede de apoio”, lamentou.

Mãe do coração
Mas afinal de contas, é possível definir, colocar em palavras ou decifrar o que é ser uma “mãe do coração”? Marlene e Fernanda cumpriram esse desafio e detalharam um pouco dessa missão. Marlene descreveu: “É um ato de amor, é amar sem limites, é um sonho realizado. É amar o desconhecido. É uma missão de construir caminhos feito de trocas, de respeito, de afeto, de carinho, de abraços e beijinhos”. Já para Fernanda, ser mãe por adoção é: “Escolher amar alguém que não veio de você, é escolher o coração ao invés dos traços. Ser mãe por adoção é ter o prazer de gerar na alma”.

Mudança na vida
Ser mãe, com toda certeza, mudou a vida dessas mulheres, que passaram a enxergar o mundo de uma forma diferente. “Diogo transformou a nossa vida, ele chegou no momento em que estávamos desistindo. Ele preencheu o nosso vazio, preencheu a nossa casa de alegria”, declarou Marlene.

Na casa da Fernanda, a chegada dos dois filhos a tornou mais forte. “Me mostrou que eu consigo o impossível por meus filhos, me mostrou o preconceito, me ensinou a ser paciente, a ser melhor”. E completou com uma reflexão importante: “A frase mais dura que já ouvi foi ‘você nunca vai saber o que é amor de mãe de verdade’. Bom, eu posso dizer que o amor vai muito além do parto, que o amor de mãe está em todos os lugares”.
Lucas Carreiro

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