03 de junho, de 2023 | 07:00

Opinião: Luto nas mídias sociais

Rodrigo Alves de Carvalho *

É certo que a morte de um parente, um amigo, ou algum conhecido mesmo que nem tão chegado, se torna um momento muito difícil para qualquer ser humano, e é claro, dependendo do grau de parentesco ou proximidade com o extinto, a dor também se torna maior ou menor.

Um tempo atrás, para comunicar o falecimento de alguém, geralmente os familiares podiam utilizar o rádio, obituários em jornais, comunicados afixados em locais públicos pelas funerárias, e em algumas cidades, havia o comunicado feito por meio de alto-falantes em igrejas.

Nesses comunicados, eram informados o nome completo do falecido, idade, naturalidade, horários de velório e sepultamento, e em alguns casos, até o nome dos familiares.

Em muitos lugares, esses métodos de comunicação ainda existem, porém, com o advento das mídias sociais, a divulgação de um falecimento pode ser feita de maneira mais rápida e para um número maior de pessoas nos perfis das pessoas.

Entretanto, em muitas ocasiões, essa divulgação acaba sendo mais uma desinformação, pela falta de informações de quem pretende informar.


“A pessoa tem quase cinco mil amigos nas mídias sociais,
e a gente precisa descobrir qual deles é que bateu as botas”


“Luto, por um Amigo”.

Só isso. E nada mais.

A pessoa tem quase cinco mil amigos nas mídias sociais, e a gente precisa descobrir qual deles é que bateu as botas. Isso se a pessoa que se foi, estava nas mídias sociais e estava entre os amigos daquele que publicou.

Aí começa um trabalho de detetive para descobrirmos a identidade do tal “amigo” por quem se guarda o luto. Precisamos ler as centenas de comentários para acharmos uma pista, principalmente, quando alguém escreve um pouco mais do que simplesmente “sentimentos à família”.

E o pior é quando outro curioso pergunta na lata: “Quem morreu?”, mas o responsável pelo incompleto comunicado simplesmente some e não responde.

Vasculhamos as páginas de funerárias e jornais da cidade na esperança de descobrirmos se alguém faleceu naquele dia, para cruzarmos os dados e tentarmos ligar com o suposto falecido que aquela pessoa comunicou, mas não informou.

Tem também quem informa o falecimento de um parente, mas não diz quem é:
“Luto, tio”.

Lá vamos nós procurar todos os amigos e seguidores dessa pessoa com o mesmo sobrenome, para tentar achar uma pista, ou nos comentários, se alguém escreveu algo que possa esclarecer o mistério.

Com muita sorte, e em casos raríssimos, alguém marca o falecido nos comentários (quando este possui redes sociais), ou menciona o nome da pessoa, e então, descobrimos quem foi que morreu. Finalmente, podemos nos solidarizar, prestando também as nossas “condolências à família”.

* Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2022 relançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores, disponível na Amazon, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino.
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