18 de junho, de 2023 | 12:00

Crimes contra idosos crescem na Região Metropolitana do Vale do Aço

Dados fornecidos pela Sejusp-MG, referentes aos quatro primeiros meses de 2023, mostram uma alta de 8% em relação ao mesmo período do ano passado

Os crimes cometidos contra os idosos, na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), aumentaram 8,14% nos quatro primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Os números foram enviados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) a pedido do Diário do Aço.

O levantamento mostrou que de janeiro a abril de 2022 as quatro cidades totalizaram 626 ocorrências, distribuídas da seguinte forma: Ipatinga (359), Coronel Fabriciano (153), Timóteo (90), e Santana do Paraíso (24).

Neste ano, os números cresceram. De janeiro a abril de 2023 e a RMVA contou 677 infrações contra vítimas que tinham 60 anos ou mais. Em Ipatinga já foram registradas 387 ocorrências, Coronel Fabriciano, única cidade com redução, registrou 150 casos, Timóteo somou 110 ocorrências e Santana do Paraíso 30. Ainda conforme a pasta, as infrações praticadas com maior recorrência contra as pessoas da terceira idade são: o furto, estelionato e a ameaça.

O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Ipatinga (CMDPII), Vasco Lagares, observa que nos últimos anos, principalmente depois da pandemia, houve um acréscimo muito significativo nos índices de violência contra a pessoa idosa. Vasco explica que muitas pessoas da terceira idade vivem expostas a um processo de violação de direitos muito grande, especialmente aquelas com situação mais fragilizada de saúde.

“Esta situação de fragilidade os coloca como vítimas preferenciais para alguns crimes, como o estelionato. Muito das ameaças acabam ocorrendo dentro do próprio círculo familiar, e muitas vezes a questão financeira também está envolvida”, aponta.

Mais denúncias

Por outro lado, Vasco acredita que a alta também pode ter relação com o aumento das denúncias. “Uma vez que estamos vivenciando um maior envolvimento das pessoas idosas em movimentos, em grupos e inseridos em serviços que divulgam os canais de denúncia e conscientizam sobre os direitos”, analisa.

Valorização

Vasco enfatiza o quanto importante é que a sociedade reveja algumas ideias que são ensinadas desde muito cedo, como por exemplo o entendimento de que perdemos o valor ou importância quando envelhecemos. “A forma como nossa sociedade está organizada em torno da produtividade, da utilidade, acaba colocando aqueles que já não se enquadram neste perfil como ‘peso’. E esta situação gera violência, abandono, negligência”, lamenta.

Mudança de cultura

Como seria possível reduzir os números de crimes contra idosos? Como diminuir de forma expressiva os casos de violência contra este grupo? O presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa de Ipatinga defende a mudança de paradigmas com os quais somos criados. “É mudança de cultura. É processo educacional. Este tipo de mudança pode acontecer com a interação entre as gerações, com a pessoa idosa permanecendo ocupando os diferentes espaços sociais e culturais que possuímos”.

Para além disso, ele acredita na necessidade de implementação de políticas sociais, com serviços, programas e ações voltadas para a pessoa idosa. E a responsabilização dos que cometem a violência contra a pessoa idosa. “As pessoas não podem ficar impunes”.

Superar tabus

Em sua mensagem final, Vasco afirma que é preciso romper com o silêncio que existe em relação à violência contra a pessoa idosa, principalmente a intrafamiliar. “Superar alguns tabus. Conversar sempre sobre o tema, com todas as gerações e em todos os espaços”. E para construir uma sociedade que respeite mais a pessoa idosa ele lista: “é preciso fortalecer os grupos e movimentos que ofertam serviços para as pessoas idosas, fortalecer sua convivência familiar e comunitária, fortalecer as diversas políticas públicas de atendimento”, encerra.

Junho Violeta

A campanha “Junho Violeta” tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a necessidade de atuar na garantia dos direitos humanos e no enfrentamento à violência contra as pessoas idosas. Vale lembrar que existem diversos tipos de violência, como: abandono, violência física, psicológica, patrimonial, negligência, violência institucional, abuso financeiro, violência sexual e discriminação.