23 de julho, de 2023 | 06:00

Nova história

Fernando Rocha

A história do Clube Atlético Mineiro, fundado por 22 jovens da nossa capital há 115 anos, será contada a partir de agora em duas etapas: antes e depois da sua transformação em Sociedade Anônima do Futebol-SAF, que se deu na última quinta-feira mediante aprovação pelo Conselho Deliberativo do clube.

Depois de certa turbulência nos bastidores, contornada pelo amplo controle dos atuais gestores sobre o ambiente político interno, a SAF recebeu aprovação quase unânime: 75% do Galo agora é SAF pertencendo à empresa denominada Galo Holding, que pagará R$ 913 milhões, além de assumir 100% da dívida do clube estimada em cerca de R$ 1,8 bilhão.

Devido à aflição pelo crescimento astronômico da dívida turbinado pelos juros altos da nossa economia (Selic a 13,5%), o processo foi acelerado e alguns pontos poderiam ter sido melhor esclarecidos, sobretudo a questão da avaliação dos patrimônios incluídos no negócio, como a Arena MRV e a Cidade do Galo, além das marcas Atlético-MG e Galo. Mas, neste caso, vale o ditado popular: “vão-se os anéis, ficam os dedos”.

Mal menor
A SAF do Galo, além do montante do investimento ser mais elevado, supera em outros aspectos os projetos similares já implantados no futebol brasileiro, ao destinar à Associação percentual de 25% e não os habituais 10% das ações.

Em tese, o que foi aprovado pelo Congresso Nacional e se chama SAF-Sociedade Anônima do Futebol é uma lei com o objetivo de profissionalizar a gestão dos clubes, além de lhes dar condições para regularizar as suas dívidas, mas, por outro lado, ao se transformarem em empresas, ficam submetidos à legislação federal e a todas as obrigações pertinentes.

Até então, os clubes de futebol do nosso país se pautaram pela desorganização administrativa, uma roubalheira sem limites praticada por pseudos-dirigentes, que entram nos clubes com uma mão na frente e a outra atrás e saem, anos depois, lampeiros e pimpões para curtir a vida como milionários e deixam para trás dívidas astronômicas, clubes falidos, sem comprometer em nada o seu patrimônio.

O que anima e dá certo alívio à torcida do Galo é o fato de os compradores do clube serem empresários conhecidos, atleticanos, bilionários, que injetam dinheiro já faz algum tempo e assumirão todas as dívidas do clube.

Presume-se que este grupo saiba muito bem o terreno onde pisa, o tamanho do abacaxi que terá de descascar, sob o olhar de esperança e, ao mesmo tempo, de desconfiança da torcida, que espera ver um time competitivo para torcer, capaz de lhe trazer alegrias, títulos, pois acima de qualquer coisa está o futebol.

FIM DE PAPO

Que o torcedor do Galo não espere da SAF solução imediata para todos os problemas, ou que as centenas de milhões a serem aplicadas sejam investidos para contratar jogadores famosos e caros. O dinheiro será usado para pagar dívidas. Um dos maiores erros dos atuais gestores foi dourar demais a pílula, prometer grandes investimentos, o que até certo ponto foi feito, porém os erros nas contratações fizeram o time cair de produção, apesar da folha de pagamento ser uma das mais altas do futebol brasileiro.

Uma revolução completa precisa ser feita na base do Galo, que há décadas recebe altos investimentos e produz muito pouco. Na última quarta-feira, o time Sub-17 que disputa o Brasileiro da categoria foi goleado pelo Corinthians, em São Paulo, em partida válida pela terceira rodada da competição nacional, por incrível 7 x 1. A categoria Sub-17 é hoje uma das mais importantes na estrutura do futebol profissional de qualquer clube, pois é de lá que sai ou deveria sair a maioria dos jogadores para o time profissional, além de ser uma fonte exponencial para vendas milionárias dos pés-de-obras. Perder para o Corinthians não é nada absurdo, mas por 7 x 1 é inadmissível.

O Cruzeiro virou uma incógnita neste jogo de hoje contra o Goiás, depois do empate inesperado diante do Coritiba, também no Independência, na rodada passada. Apesar de franco favorito, teme-se a repetição do mau futebol apresentado contra o Coxa, sem nenhuma criatividade e força ofensiva. Vai enfrentar outro time que está lutando contra o rebaixamento, mas que se motivou após o empate diante do Galo na última rodada, além de ir bem na Copa Sul-Americana onde se classificou para as oitavas de final.

Uma coisa certa hoje é que, novamente, o Independência estará lotado, pois a torcida tem apoiado o time que faz boa campanha, ocupando o 10º lugar com 22 pontos, à frente de outros clubes como Internacional, Corinthians e do rival Galo, que têm investimentos bem maiores. A expectativa é que o técnico Pepa volte a adotar o esquema original, com Gilberto recebendo uma nova chance no comando do ataque, mas, sobretudo, que o goleiro Rafael Cabral não seja outra vez escolhido melhor em campo. (Fecha o pano!)

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