09 de agosto, de 2023 | 12:01
Opinião: Um lindo passeio cultural pela história de Ipatinga
Antônio Nahas Júnior *
O projeto contará com oficinas (uma delas será amanhã, na Academia Olguin ) e contemplará várias atividades, como as visitas mediadas, onde o público poderá acompanhar e participar das atividades do projeto. Tudo isto será realizado entre os meses de agosto e outubro e quem participar será certificado. A participação é gratuita.
Para quem gosta, os roteiros unificarão a visita em áreas tão distantes e aparentemente tão díspares como Parque Ipanema e o Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário, no Ipaneminha; Ruínas da Estação Pedra Mole no Cariru e a Estação Pouso de Água Limpa, no Veneza.
Quantas histórias... Quantas vidas entrelaçadas...
Ipatinga nasceu originalmente como estação de trem, mas renasceu para abrigar a Usiminas, atraindo levas de migrantes e imigrantes, magnetizados pelo sonho de um futuro promissor. Para cá vieram trazendo seu sotaque; sua religião; sua memória; suas danças, cantigas, enfim, toda sua herança cultural.
Por décadas fomos um caldeirão heterogêneo de culturas, dominadas e submetidas ao mundo do trabalho.
O Ipatinguense era "do Cariru"; do "Bom Retiro", mas não se sentia inteiramente vinculado à vida e à história da nossa cidade. Havia um vazio cultural, pois a vida dinâmica, rápida, estonteante, da sociedade industrial a tudo obscurecia. A presença dominante da Usiminas, até mesmo no cenário urbano, turvava a nossa visão. Os resíduos que restavam da história passada se diluíam no tecido urbano, esquecidos, abandonados, desprezados.
“Ipatinga nasceu originalmente como estação de trem,
mas renasceu para abrigar a Usiminas, atraindo levas de
migrantes e imigrantes, magnetizados pelo sonho de um futuro promissor”
Sentimos isso quando, no início da década de 1980, eu e a socióloga Lenira Rueda elaboramos os dois tomos da pesquisa intitulada 'HOMENS EM SÉRIE', quando entrevistamos os fundadores da nossa cidade.
Ao ver este projeto que hoje emerge, cresce dentro de nós imensa alegria ao notar a crescente construção da identidade do Ipatinguense. Não conheço o conteúdo das palestras que serão ministradas, mas espero que venham a trazer informações importantes sobre cada um dos pontos a serem visitados, contribuindo para a formação cultural dos interessados.
Melhor ainda se nos locais mais importantes houvesse, no horário das visitas, espetáculos artísticos ou culturais, que resgatassem a herança histórica destes lugares. Seria também maravilhoso que comerciantes, artesãos, hotéis, fossem envolvidos no projeto, para que concedessem uma boa estrutura aos roteiros, dando maior prazer aos visitantes.
Festas típicas, celebrações religiosas também poderiam se vincular à iniciativa das duas pesquisadoras da Fino Trato Produções.
A cultura enriquece nossas vidas; ajuda a compreender o presente e dá significado e prazer à nossa existência. Abre a janela das nossas mentes, traz novas ideias, nos faz pensar e a viver com mais intensidade.
O mais importante é que este passo foi dado, trazendo significado ao nosso patrimônio histórico e conferindo-lhe dinamismo e vida.
Só podemos esperar que projetos como este se tornem permanentes; que cresçam; se desenvolvam; gerem suas próprias receitas; tornem-se sustentáveis e atraiam turistas para nossa cidade.
E quem sabe, algum dia, aquela velha locomotiva que cruzava o Parque Ipanema volte a tocar seu apito nas cercanias na Estação Pouso de Água Limpa e continue a seguir seu caminho até o Cariru, na Estação Pedra Mole.... Não custa sonhar um pouco.
* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
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