
16 de agosto, de 2023 | 13:00
Opinião: Novo PAC: De olho no futuro e acertando as contas com o passado
Antônio Nahas Júnior *
O lançamento do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) dia 11 de agosto, no Rio de Janeiro, prevê investimentos no valor de 1,7 trilhão de reais e teve como convidada especial do presidente Lula a ex-presidente Dilma Roussef, que sofreu impeachment em 2016, por razões que hoje podem ser consideradas fúteis, se comparadas com as grandes trapalhadas orçamentárias do governo Bolsonaro.Lula a convidou como "mãe do PAC", para homenagea-la, aliás, merecidamente. E não foi só isso: obras paralisadas pela operação LavaJato, a qual conduziu o próprio Lula à prisão por quase dois anos, serão retomadas e as empresas de engenharia que tiveram seus negócios e sua reputação destruídos estão convidadas a retomar seu lugar. Lula agiu sem críticas ao passado, mas com atitudes assertivas, que curam feridas antigas, sem abrir novas.
E não só isso: o novo PAC mira o futuro. A expectativa é a geração de mais de 4 milhões de empregos, distribuídos em investimentos a serem feitos em nove eixos: Saúde (R$ 31 bilhões), Educação (R$ 45 bilhões), Infraestrutura Social e Inclusiva (R$ 2 bilhões), Cidades Sustentáveis e Resilientes (R$ 610 bilhões), Água Para Todos (R$ 30 bilhões), Transporte (R$ 349 bilhões), Defesa (R$ 53 bilhões), Transição e Segurança Energética (R$ 540 bilhões) e Inclusão Digital e Conectividade (R$ 28 bilhões).
Seu conjunto de medidas procura consolidar o crescimento do país; fortalecer a indústria nacional e implementar medidas que vão de encontro à busca pela sustentabilidade ambiental do Planeta, fortalecendo a diretriz estabelecida pelo seu governo de contribuir para a transição energética, o que tem conferido ao nosso país protagonismo e prestígio mundiais. Basta ver o sucesso mundial representado pela última conferência dos países amazônicos, realizada no mês de julho, com a presença dos sete países que integram a bacia daquele rio.
Como disse o ministro Alexandre Silveira, um dos grandes protagonistas do evento, "unindo esforços, vamos tornar o Brasil protagonista da Transição Energética, celeiro de alimentos e de energia limpa e renovável para o mundo, que volta seu olhar novamente para o Brasil e os investimentos já estão chegando: bioenergia, hidrogênio de baixo carbono, energia eólica, solar, isso, e muito mais, irá transformar o Brasil, trazendo desenvolvimento regional e melhor qualidade de vida para brasileiras e brasileiros".
"Para o Vale do Aço, três eixos merecem atenção:
Investimentos da Petrobras em indústria naval e
plataformas de petróleo, Transição e Segurança
Energética e Cidades Resilientes e Sustentáveis"
Mesmo mirando o futuro e a transição energética, o PAC inclui a construção de 25 navios no Brasil e diversas plataformas para exploração de petróleo, pois são previstos 19 novos campos de produção nas bacias de Campos, Santos e Sergipe. O PAC sinaliza, portanto, que a exploração deste combustível fóssil, gerador de CO2 (gás carbônico) será reequacionada; sofrerá mudanças, mas de forma gradativa, sem traumas.
Para o Vale do Aço, pelo menos três eixos merecem nossa atenção. Investimentos da Petrobras em indústria naval e plataformas de petróleo poderão alimentar a indústria de transformação da região, que pode tirar proveito da expertise e capacidade técnica da Usiminas, para diminuir custos e aumentar a capacidade dos produtos demandados por aquela indústria. Também, o Vale possui um Arranjo Produtivo Local, vocacionado para a produção de peças e equipamentos siderúrgicos e projetos como o AUTONAV, pilotado pela Unileste, que podem colocar a região no protagonismo deste segmento.
Os outros dois eixos que merecem atenção são Transição e Segurança Energética e Cidades Resilientes e Sustentáveis. Estes dois últimos eixos serão executados pelo Ministério das Minas e Energia. São compostos por 165 projetos e possuem orçamento de 590 bilhões de reais.
Cabem, aos políticos e empresários do Vale, tomarem iniciativas de diálogo com o Governo Federal para que nossa região seja beneficiada com investimentos necessários ao desenvolvimento do Vale do Aço. Trata-se de tarefa muito importante e necessária pois, apesar de reservados 179 bilhões de reais para o nosso Estado, o governador Zema não compareceu ao evento, no qual estavam presentes outros 23 governadores.
No Vale do Aço, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Santana do Paraíso foram contempladas, com a retomada de obras paralisadas. Em Ipatinga estão programados importantes investimentos na retomada do Minha Casa Minha Vida, com a construção de mais de oitocentas unidades. As informações estão disponíveis no link https://www.gov.br/casacivil/novopac.
* Economista, especializado em gestão financeira. Fundador, Presidente e diretor de Sustentabilidade da NMC integrativa.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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