06 de setembro, de 2023 | 15:15
Opinião: Às margens do Ipanema
Antônio Najas Junior *
Nossa cidade tem o privilégio de conter um rio, o Ipanema, que nasce e deságua no seu perímetro. E é afluente do rio Doce, pois suas águas fluem para aquele rio. Diferentemente de outras cidades, o Ipanema não foi canalizado: suas águas correm livremente, tendo sido seu leito corrigido aqui e ali, mas mantendo seu charme e encanto.A colonização portuguesa trouxe ao Brasil a cultura dos rios como caminhos de esgoto. As casas e prédios eram construídos de costas para os cursos d'água e, nele, eram depositados, o lixo, entulhos, fezes, tudo aquilo descartado pela sociedade.
Mas não é o nosso caso. A maioria dos riachos e ribeirões teve suas margens desobstruídas, como vemos no rio Ipanema, que atravessa de forma elegante o parque que leva seu nome e a área central da cidade.
Ipatinga está num bom caminho para se transformar numa das cidades brasileiras mais sustentáveis, onde se combinam desenvolvimento econômico; inclusão social; sólido sistema educacional, destino adequado dos resíduos, defesa e preservação dos cursos d'água e preservação dos recursos naturais.
Este ranqueamento existe e é feito pelo Instituto Cidades Sustentáveis (https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/rankings/), por meio de um índice chamado IDSC-BR - Índice das Cidades Sustentáveis do Brasil. Leva em conta a posição do município em relação aos chamados ODS - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável -, desenvolvido pela ONU, como uma Agenda mundial, a ser implementada por todos os países membros, para construção de um futuro mais promissor para a humanidade combinando a defesa do meio ambiente com a prosperidade das nações, de forma que o desenvolvimento sócio econômico seja marcado pelo combate à pobreza, à fome e as desigualdades sociais.
Não podemos reduzir a responsabilidade do sucesso
da nossa evolução rumo à sustentabilidade às ações
do poder público. É tarefa de toda a sociedade,
como preconiza a agenda da ONU”
OS ODS são um patrimônio da humanidade. Podem ser aplicados tanto para nações como para estados, ou cidades. São 17 ao todo, desdobrados ainda em 196 metas: Erradicação da Pobreza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; água limpa e saneamento; energia limpa e acessível; produção trabalho decente e crescimento econômico; paz justiça e instituições eficazes, e mais alguns.
Neste ranking, estamos com uma pontuação sofrível: 55,58, num total de cem pontos. Nosso indicador é considerado mediano. E a nossa classificação entre os municípios brasileiros está em 476.
Nossos melhores indicadores são Educação de Qualidade e Saúde e Bem-estar, onde atingimos a quase totalidade dos pontos. Desigualdade social; cidades e comunidades sustentáveis ( que inclui uma família de índices, entre os quais Mortes no Trânsito); Paz, justiça e instituições eficazes ( que mensura a violência urbana e a qualidade das instituições ), puxam nosso indice para baixo.
Fabriciano e Timóteo estão, respectivamente nas classificações 1485 e 2176. Mas este ranking não significa muito pois o indicador de Fabriciano também é considerado mediano, como Ipatinga.
O município melhor ranqueado é São Caetano do Sul com 63,42 pontos e o melhor município mineiro é Santa Rita do Sapucaí, sexto no ranking nacional.
Estes indicadores apontam um caminho, pois são uma forma de se aquilatar, de forma abrangente e com boa capilaridade, todos os aspectos da vida urbana, bem como a relação das cidades com o meio ambiente. A responsabilidade pela sua melhoria e evolução pertence a todos: Poder Judiciário; Policias Civil e Militar; empresas particulares; líderes comunitários e à população de forma geral.
Não podemos reduzir a responsabilidade do sucesso da nossa evolução rumo à sustentabilidade às ações do poder público. É tarefa de toda a sociedade, como preconiza a agenda da ONU.
Um pequeno exemplo, voltando ao Ipanema: enquanto as margens são visíveis a todos, estas permanecem relativamente limpas e bem cuidadas. No entanto, basta que se tornem pouco visíveis e encaixadas entre as casas (algumas voltadas para ele), para que sejam transformadas em depósitos de entulhos de construção civil, de terras ali deixadas ao léu; de bens inservíveis, enfim, de tudo aquilo que perde a serventia para parcela da população. Foi que notei, chocado, nas minhas caminhadas pela cidade.
Este comportamento de parcela da população deve ser equacionado com de programas de educação e mobilização socioambiental e firme fiscalização, para que a convivência homem/natureza no espaço urbano seja cada dia mais benéfica para os dois lados.
* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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