20 de setembro, de 2023 | 12:00
Opinião: O PAC 3 vai sair do papel?
Antonio Nahas Junior *
Infelizmente, o que vemos no país hoje é que a polarização continua a dominar o debate político. O Poder Judiciário e a Polícia Federal chamaram para si o acerto de contas sobre as investidas antidemocráticas do governo anterior, de forma tão contundente e aguda, que outros temas mais importantes, relacionados ao futuro do país, parecem ser deixados de lado.
Em Minas, onde o eleitor se dividiu, vivemos esta situação: em algumas solenidades importantes, entre elas o lançamento do PAC, nosso governador simplesmente não compareceu. Infelizmente, alguns prefeitos do Vale - inteligentes e ótimos administradores - também se deixaram contaminar pelo ambiente político local e nacional e saíram a distribuir bordoadas a torto e a direito nas lideranças que hoje governam o Brasil.
A oposição é necessária ao país e a até mesmo a quem governa. As organizações da sociedade civil contrárias a Lula e ao PT tem todo o direito de protestar e ir às ruas defenderem seu ponto de vista.
Porém, quem governa, o faz para todo o povo e é sua obrigação defender os interesses do estado, região ou cidade que representa.
“A vez de MG está chegando. Estão previstos R$ 371
bilhões de reais em investimentos para o estado e,
entre as obras, a duplicação da BR-381”
E o momento seria agora: transformar o PAC numa realidade. O programa continua etéreo. Há dúvidas sobre a sua exequibilidade pois as fontes de recurso ainda não estão totalmente claras. É um programa complexo, multidisciplinar, composto por nove eixos e dezenas de subeixos, o que exigirá compromisso de praticamente toda a equipe do Governo Federal. Sua execução demandará também tempo: todo o Governo Lula, restando ainda valores para o período posterior. Parte dos recursos viria das estatais, parte da iniciativa privada e parte significativa – R$ 309 bilhões - do orçamento da União.
A partir deste mês de setembro, o Governo Federal realizará eventos em todos os estados para apresentação do PAC, o que já ocorreu em alguns estados.
A vez de Minas está chegando. Estão previstos R$ 371 bilhões de reais em investimentos para o estado e, entre as obras, a duplicação da BR-381 até Valadares.
Sobretudo, o diálogo está aberto. É o momento das administrações regionais/municipais buscarem o diálogo e soluções para questões ainda em aberto: viabilizar a participação da iniciativa privada no Programa (via Concessões/PPPs); discutir e propor fontes de financiamento para o programa.
Seria o momento de integrar e mobilizar as esferas administrativas locais/regionais/estaduais para pavimentar o caminho do programa; integra-lo com iniciativas e programas estaduais; mobilizar o empresariado mineiros sobre as oportunidades de negócio. Quanto maior o comprometimento do Governo Federal, mais irreversível o programa se tornará.
As principais cidades do Vale do Aço foram contempladas de forma superficial, mas há amplo espaço para diálogo e inclusão de novos projetos vitais para a região. Basta haver estudos que subsidiem os projetos a serem implementados. E a proposição de parcerias, onde o município assuma também parcela de responsabilidade.
O Vale precisa disso: melhorar nossa infraestrutura de transportes; investir na transição energética; fortalecer nossa indústria metalúrgica com sua integração aos investimentos da Petrobras. Melhor trabalhar em Planos de desenvolvimento do que ficar na torcida para o Coronel Mauro Cid vender a tornozeleira dele, ou para o Lula cometer alguma gafe nos seus discursos...
* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
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