
27 de setembro, de 2023 | 12:00
Mudança climática: Itabirito sai na frente
Antonio Nahas Junior *
A onda de calor desta semana mostrou para todo mundo que o aquecimento do Planeta chegou e é prejudicial à nossa saúde. Não dá mais para pensar que seja algo abstrato, que não tem nada a ver com a gente. A pergunta agora não é se vai haver aquecimento global, mas o que pode ser feito por nós para mitigá-lo?O ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade), Organização Internacional com escritórios em todo mundo, mostrou o caminho. Em palestra realizada no CREA-MG (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), no Seminário Diálogos sobre a Sustentabilidade, aquele órgão, representado pelo economista Rodrigo Perpétuo, discorreu sobre Ação Climática Local e o Plano Estadual de Ação Climática, elaborado em parceria com o Governo do Estado. E o Plano tem por objetivo apontar os caminhos para que as cidades reduzam suas emissões e se adaptem aos efeitos da mudança climática.
Nesta direção, são colocados dois eixos. O primeiro deles, Justiça Climática. São previstas nos próximos anos sucessivas tragédias naturais (inundações, desabamentos, furacões), as quais atingirão fortemente as populações mais vulneráveis das cidades, as quais, por sinal, foram as que menos contribuíram para o aumento das emissões de carbono. Consomem muito menos e, em sua maioria, andam de ônibus.
O segundo eixo grande eixo são as ações necessárias para redução das emissões, que foram organizadas em 28 temas, entre os quais, destacamos indústria; resíduos; transporte; saúde; energia; agropecuária.
O Vale do Aço, sediando industrias importantes e
contando com ótima estrutura educacional,
merece sair na frente em Minas, com seu
Plano Local de Ação Climática”
Definindo esta metodologia, passou a aplica-la, começando por Itabirito, cidade com cerca de 55 mil habitantes, localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o economista, O ICLEI estruturou com a administração pública, o Plano Municipal de Ação Climática, com três objetivos: apresentar diagnóstico das emissões; identificar os principais emissores e guiar ações municipais para redução das mesmas.
O primeiro passo foi apresentar e analisar o inventário das emissões na cidade. Os dados vieram da plataforma https://plataforma.seeg.eco.br/total_emission, que fornece dados de emissão de gases efeito estufa para todo o Brasil e muitos municípios. O principal emissor foi o setor de transporte a diesel, seguido dos automóveis movidos a gasolina. O transporte representou 57% das emissões totais de Gases efeito estufa registrados na cidade. Bem abaixo, vieram as emissões estacionárias da indústria, com 19,5%.
Já a Agricultura, Floresta e outros usos do solo contribuíram com 12,6% do total das emissões, porém tiveram também significativa contribuição na captura de carbono da atmosfera.
A partir do diagnóstico, vieram as indicações para elaboração de políticas públicas que venham a amenizar as ameaças de inundação; deslizamentos e vetores de doenças transmissíveis por insetos e diretrizes para o transporte e a indústria, com vistas à sua transição para outras fontes energéticas.
Todos estes caminhos já estão previstas no Plano Estadual de Ação Climática. Itabirito, ao fazer o Plano Municipal, conecta-se com as diretrizes estaduais, o que facilita sua integração e busca de soluções, que podem render financiamentos para urbanização de áreas carentes e modernização da sua frota de transportes coletivos.
O ICLEI acredita nos governos locais e considera que será das cidades que deverão nascer iniciativas inovadoras, que serão replicadas por todo o Brasil. Aposta também na participação da população local, organizando oficinas, mobilizando o público alvo, pois será a consciência coletiva que dará sustentabilidade às ações governamentais.
Rodrigo Perpétuo frisou que o órgão é aberto à filiação das cidades interessadas. E Coronel Fabriciano já está lá. O Vale do Aço, sediando industrias importantes e contando com ótima estrutura educacional, merece sair na frente em Minas, com seu Plano Local de Ação Climática.
* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
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Heleno Maciel
27 de setembro, 2023 | 14:11Muito pertinente! Ótima matéria.”