
01 de outubro, de 2023 | 12:00
Opinião: Por onde você começa?
Marli Gonçalves *
Por onde você começa quando tem de solucionar algo? Não, não precisa ser necessariamente um problema. Qualquer coisa. Digamos, sei lá, até para comer uma coxinha, tem de pensar: vai morder primeiro a ponta? Parece mesmo que tudo na vida começa por alguma decisão não é por menos que vivemos tão cansados.Vou por ali, por aqui, pelo meio, como chegar onde é necessário. O tal primeiro passo. O exemplo da coxinha, daquele formato que obriga a decidir por onde começar é só um deles, simplista, mas claro que a gente está falando de coisas mais sérias. Tudo parece que abre estradas à frente, à direita, à esquerda, ou mesmo ao recuo, voltando atrás.
Textos, como este, por exemplo, tem quem os comece pelo título. Há os que primeiro escrevem tudo. Ruy Castro me disse uma vez que sempre escolhe o título por último. Eu costumo pensá-lo antes, principalmente quando formulo uma pergunta. Mas também posso mudar tudo, rever, sem problemas. De qualquer forma, assim é a essência da liberdade, o poder mudar, inclusive no meio do caminho. Um dia começar a coxinha pela ponta, outro pela parte gordinha. Não resistir e quebrar a casquinha do sorvete por baixo, mesmo sabendo que vai se melar e lambuzar inteiro.
Os começos são sempre horas de necessitar decisões. Sejam eles começos de semana, de mês, como o que já chega agora, mais um desse ano que parece estar correndo sob nossos pés como uma esteira em velocidade, ou de ano que já se anuncia, o 24. Tenho ouvido falar de Carnaval, adiantando-se até ao Noel. A movimentação eleitoral chacoalha cidades e poderes, começa até a tomar providências, movimentando os atrasados, enchendo as ruas de obras acumuladas, tudo para que a gente perceba o quanto querem permanecer, e como são eficientes; aceleram só ali perto da hora da chegada.
Em todo momento de alguma forma estamos ou começando ou pensando em começar algo, que também significa decidir. Desde o lado da cama que dorme, se vai agora ou depois, se aceita ou nega, se lê ou apaga, se revida ou não. Se busca alguma verdade que intui ou se deixa por isso mesmo. Tudo traz consequências e que só serão mesmo conhecidas depois como seria bom se tudo pudesse ser planejado de verdade, como insistentemente nos fazem crer, que tudo é linear, que se formos assim, assado, assim será.
Temos visto constantemente o quanto não é bem assim, e invariavelmente nos pegamos perplexos por ter feito tudo direitinho, mordido primeiro tudo o que precisava, e sermos colhidos de surpresa. Observamos, então, o quanto a interdependência é cruel.
* Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo. [email protected] / [email protected]
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Tião Aranha
01 de outubro, 2023 | 10:54O poeta francês Robert Desnos dizia que o mundo é um quadrado pontiagudo, cheio de pontas. Em parte ele tem razão. É preciso renovar as campanhas de vigilância, pois de maneira recorrente, as ondas abertas da perseguição continuam tendo a vingança como única arma disponível dos vingadores. A Esperança é uma brisa forte que joga os fortes de espírito para a frente. Enquanto existir luz no caminho, temos que lutar; pois os momentos de tempestade, sabemos, são passageiros. Risos.”