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04 de outubro, de 2023 | 10:07

Pilotos foram responsáveis por acidente que causou a morte de Marília Mendonça, conclui Polícia Civil

Ficou evidenciada a prática de homicídio culposo, porém, o inquérito sugere a extinção da punibilidade, em face da morte dos tripulantes, e o arquivamento do inquérito

Divulgação
A cantora morreu aos 26 anos, em acidente aéreo em CaratingaA cantora morreu aos 26 anos, em acidente aéreo em Caratinga
A um mês de completar dois anos da morte da cantora Marília Mendonça, vítima da queda de um avião na serra de Piedade de Caratinga, a Polícia Civil divulgou a conclusão do inquérito que investigou as causas do acidente. Conforme a PC, a morte da cantora, dos outros dois passageiros e do piloto e copiloto foram provocadas por pela negligência e imprudência da tripulação. Segundo o inquérito, os pilotos deveriam ter feito avaliação prévia das condições do local e até mesmo emitir alertas ao se deparar com as condições da região para pouso.

Os detalhes sobre a conclusão do inquérito foram apresentados à imprensa na manhã desta quarta-feira (4), na sede do 12º Departamento de Polícia Civil em Ipatinga, no bairro Iguaçu. Concederam entrevista o chefe do departamento, Gilmaro Alves Ferreira e os delegados Ivan Lopes Sales e Sávio Assis Machado Moraes, além do inspetor Whesley Adriano Lopes.

A conclusão é que os pilotos foram negligentes e imprudentes ao não seguirem os procedimentos padrões da aeronave (bimotor prefixo PT ONJ, King Air). Os delegados também deixaram claro que não havia exigência, por parte da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de que a rede elétrica na qual o avião se chocou devesse ser sinalizada.

Também explicaram que o inquérito levou quase dois anos porque foi preciso aguardar, primeiro, a conclusão do trabalho da aeronáutica, que descartou qualquer problema com a aeronave.

Durante a coletiva também foi falado do trabalho feito pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Os delegados deixaram claro que o trabalho do Cenipa não é para apontar autoria, e sim buscar evitar novos acidentes. Com o entendimento da dinâmica do acidente que vitimou Marília Mendonça, o Cenipa cria um relatório a ser usado por novos pilotos que forem sobrevoar a área, apontando quais foram os erros do acidente, para que ele não aconteça de novo.
Reprodução de vídeo
Investigador de polícia Whesley Adriano Lopes; Ivan Lopes Sales, delegado Regional de Caratinga; Gilmaro Alves Ferreira, chefe do 12º Departamento de Polícia; e o delegado Sávio AssisInvestigador de polícia Whesley Adriano Lopes; Ivan Lopes Sales, delegado Regional de Caratinga; Gilmaro Alves Ferreira, chefe do 12º Departamento de Polícia; e o delegado Sávio Assis

Negligência e imprudência
Antes de apresentar a conclusão do inquérito e explicar as questões técnicas aos jornalistas, o delegado regional de Caratinga, Ivan Lopes Sales, fez questão de ressaltar o papel da PC. “A missão da Polícia Civil é a investigação de crime. Fazemos isso em todos os casos, lembrando que o trabalho é feito com todo respeito às vítimas, notadamente os pilotos. Sabemos que foi um acidente, mas é uma missão constitucional da PC a investigação e apontar autoria”, afirmou.

O delegado seguiu detalhando o trabalho realizado. “Buscamos descartar várias possíveis causas do acidente até chegar na causa fundamental do motivo da aeronave ter caído. Descartamos problemas técnicos na aeronave, qualquer mal súbito dos pilotos e eventual atentado. Na medida em que as provas foram sendo conduzidas, caminhamos para negligência e imprudência dos pilotos”.

Ivan Sales lembrou que o avião se chocou contra uma torre de transmissão não sinalizada, mas ressaltou que não era obrigatório que as torres estivessem sinalizadas, por conta da altura delas e da distância que elas estão da zona de proteção do aeródromo (área de aproximação para o pouso). “Hoje as torres foram sinalizadas por uma recomendação do Cenipa, e não por uma obrigatoriedade. Também foi descartada qualquer culpabilidade da Cemig”, salientou o delegado.

No inquérito policial, foi concluído que a tripulação foi negligente. “Os manuais de procedimento da aeronave determinavam que o piloto deveria analisar previamente a existência na proximidade (do pouso) de morro e antena. Era um dever de quem comandava a aeronave”, explicou Ivan. “A aeronave também possuía o equipamento EGPWS, que emite sinais sonoros quando está próximo de morros. Porém, é permitido na fase de aproximação que os pilotos desliguem esse aparelho. Entretanto, pela deterioração do avião, não foi possível identificar se o equipamento foi desligado ou não”.

Outro fator que levou à culpabilidade dos pilotos foi o manual de treinamento operacional do avião, que “estipula velocidade e o tempo para fazer a perna do vento (trajetória de voo paralela à pista em uso, no sentido contrário ao do pouso). Ficou evidenciado que os pilotos ultrapassaram esses limites, não respeitando o manual da aeronave. Ao ultrapassar, saíram da zona de proteção do aeródromo, e aí qualquer responsabilidade de qualquer obstáculo cabia aos pilotos observar. Diante disso, a PC atribuiu a responsabilidade penal da queda aos pilotos”, concluiu Ivan.

Arquivamento
O delegado de polícia Sávio Assis ressaltou que “ficou evidenciada a prática de homicídio culposo, sendo ao final do inquérito sugerida a extinção da punibilidade, em face da morte dos tripulantes, e sugerido o arquivamento do inquérito”.

Mortes
O acidente ocorrido no dia 5 de novembro de 2021 vitimou Marília Mendonça, então com 26 anos; o produtor Henrique Ribeiro; Abicieli Silveira Dias Filho, tio e assessor da cantora; o piloto Geraldo Martins de Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana. O avião em que eles estavam, um bimotor prefixo PT ONJ, King Air, iria pousar no aeroporto de Ubaporanga, cidade vizinha a Caratinga (onde Marília faria um show naquela noite), porém, na aproximação, perdeu altitude e caiu em uma cachoeira.

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Comentários

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André

05 de outubro, 2023 | 09:09

“No relatório da ANAC sobre o caso ficou claro que o piloto não foi negligente, como já era piloto de linha aérea por muito tempo ele apenas estava buscando um maior conforto para os passageiros na aterrisagem, esticando a perna do vento por cerca de 1km e meio, porém havia um cabo de rede elétrica no meio do caminho. Ele seguiu todos os procedimentos, porém visando o conforto dos passageiros como fez em toda a viagem desviando de formações de nuvens, causou o acidente. Muito tráfico e infeliz...”

Justo

05 de outubro, 2023 | 08:40

“A culpa vai nas costas dos mortos.”

Tião Aranha

05 de outubro, 2023 | 07:51

“Já cumpriu sua missão aqui na terra. Merece descansar em paz. Temos que nos preocupar com nossos filhos desempregados e com o grande número de jovens que tão morrendo levados pela disseminação das drogas.”

Pão de Queijo

05 de outubro, 2023 | 06:45

“morreu muito nova lamentável”

Daaaaaaaaaannnnnn

04 de outubro, 2023 | 14:26

“A morte não exclui a culpabilidade.
Essa deu até vontade de chorar.”

Soraia " Dilmou". Kkkkkkkkkkkkkkk

04 de outubro, 2023 | 14:24

“Esse comentário da Soraia é de cair o nariz da cara.”

Soraia Baldez

04 de outubro, 2023 | 10:56

“Colocar a culpa em quem já morreu é muito fácil ,sabe porque ela morreu? Porque chegou a hora deles .se vc não acredita em Deus é outra coisa , Deus abençoe a família da Marília Mendonça e seu filho ???”

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