11 de outubro, de 2023 | 13:00
Opinião: Mandatos para ministros do STF e despolitização do tribunal
Júlio César Cardoso (*)
Com a justificativa de que mandatos no STF farão ministros se sentirem pessoas normais”, a proposta do senador Plínio Valério (PSDB-AM) de limitar a oito anos o mandato dos ministros da Suprema Corte, gerou contestação, nas redes sociais, do decano do tribunal, ministro Gilmar Medes.É comovente ver o esforço retórico feito para justificar a empreitada. Sonham com as Cortes Constitucionais da Europa (contexto parlamentarista), entretanto o mais provável é que acordem com mais uma agência reguladora desvirtuada. Talvez seja esse o objetivo”, afirmou o ministro.
O fato tomou corpo após declaração do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Seria bom para o Poder Judiciário, para a Suprema Corte do nosso país, para a sociedade brasileira, termos uma limitação ao mandato de ministros do Supremo”.
A discussão vem no momento em que o STF é criticado por agentes políticos, por exemplo, por derrubar a tese do marco temporal, impedir a descriminalização de drogas, etc.
A proposta de estabelecer um mandato para os membros STF é razoável, mas não resolve a discussão sobre a contestada indicação política dos ministros da Corte pelo presidente da República.
Um ministro da Corte não poderia ser de
indicação política, para resguardar a sua
credibilidade perante a sociedade”
O Poder Judiciário tem que ter a sua total independência do Poder Legislativo. Assim como os demais poderes do Estado, o Judiciário possui autonomia administrativa e financeira definida pela Carta Magna. Tal autonomia figura como fator de garantia da independência e imparcialidade de juízes, desembargadores e ministros em seus julgamentos. Donde se conclui que um ministro da Corte não poderia ser de indicação política, para resguardar a sua credibilidade perante a sociedade.
A despolitização do STF é uma necessidade moral e inadiável para que o órgão atue com absoluta independência e imparcialidade. Os seus ministros não precisavam ser sabatinados pelo Senado. Todas as vagas dos tribunais superiores, principalmente do STF, deveriam ser preenchidas apenas por indivíduos pertencentes ao quadro de carreira da magistratura, sem indicação do presidente da República. Os ministros dos tribunais superiores deveriam ter mandatos fixos de oito, dez ou quinze anos, e não poderiam ser reconduzidos ao cargo.
Merece atenção a proposta do senador Flávio Arns (PSB-PR), exposta na PEC 51/2023, para aumentar de 35 para 50 anos a idade mínima para ocupar uma cadeira na Corte. É bastante razoável a ideia, pois aos 50 anos pressupõe-se que o indivíduo esteja mais bem preparado para desempenhar tão complexa e desafiadora missão.
Dessa forma, caberia ao Quadro de Juízes (juízes de carreira) indicar, sem interferência política, os membros da Suprema Corte. E ponto final à interferência política no STF.
(*) Servidor federal aposentado / Balneário Camboriú-SC
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Tião Aranha
11 de outubro, 2023 | 19:05Cargos de ministro de Suprema Corte deveria ter o ingresso somente por concurso público porque ficam devendo um favor impagável ao presidente que os nomeou. Aumentam ao Bel prazer o próprio salário, votam pelo corporativismo, nunca pelo coletivo, cada ministro interpreta a Constituição de maneira monocrática. Não têm a fiscalização necessária de seus atos como ministro, dentro e fora da Casa no que tange a conduta ética. Risos.”
Gildázio Garcia Vitor
11 de outubro, 2023 | 13:48Concordo em parte com o articulista. Em relação ao mandato, de oito ou mais anos, ainda não sou favorável, mas sobre os Ministros dos tribunais superiores, também defendo que devem ser escolhidos entre os Juízes de carreira da Magistratura e acima de 50 anos e 20 na função de Juiz.
As três últimas escolhas, sem considerar o "notável saber juridico" e o curriculum de casa um, foi, no mínimo, uma brincadeira de mau gosto com os cidadãos e com o Poder Judiciário brasileiros.”