27 de dezembro, de 2023 | 13:00

Opinião: O ano que nunca chega

Wanderson R. Monteiro *

“Nessa ânsia de que o próximo ano seja melhor que o ano que se finda,
esquecemos de todos os momentos bons que vivenciamos no ano
que está chegando ao fim”

Quando o fim de ano chega, começamos a pensar e a planejar o ano seguinte. Queremos, e esperamos, que o próximo ano seja melhor que o ano que está se findando, esperamos que ele seja melhor, mais marcante, cheio de coisas boas, experiências novas, e muitas alegrias e felicidades.

Nessa ânsia de que o próximo ano seja melhor que o ano que se finda, esquecemos de todos os momentos bons que vivenciamos no ano que está chegando ao fim. Esquecemos que, no fim do ano passado, pedimos que esse ano atual, que está chegando ao fim, fosse melhor que o ano anterior. O que nós esquecemos na grande maioria das vezes é que, o ano que entrou, e que agora se finda, pode ter sido muito melhor que o ano passado.

Talvez, esse ano que está chegando ao fim, trouxe para nós a realização dos pedidos que tanto almejamos no fim do ano passado e, ao olhar essas conquistas, qual tem sido nossa reação? Será que, na correria do dia-a-dia, percebemos que os pedidos que fizemos no findar do ano de 2022, pedindo para que o ano de 2023 fosse melhor e trouxesse com ele a realização de nossas maiores vontades, foram realizados? Será que, enquanto vivíamos nossos dias, um após o outro, percebemos que, aos poucos, nossos desejos foram se realizando?

Pois acredito que, para muitas pessoas, o ano de 2023 trouxe a realização dos pedidos do ano de 2022, e sem percebermos, sem nos darmos conta, muitos de nós podem olhar para 2023 e enxergá-lo como um ano completamente ruim, sem se darem conta que os seus desejos foram alcançados nesse ano que se finda.

Para seguir com a correnteza, e para que a tradição não se perca, findamos mais um ano pedindo para que o próximo ano seja melhor que esse, e, caso 2024 seja magnífico para todos, ainda assim, no fim de 2024, pediremos para que o ano de 2025 seja melhor ainda. Dessa forma, vivemos nossa vida, ano após ano, insatisfeitos com o que conquistamos e recebemos no tempo e no ano presente, na ânsia de que o tempo e o ano futuro sejam melhores do que os atuais.

Nessa espera do “ano perfeito”, vivemos toda a nossa vida sem aproveitar todos os momentos bons que a vida nos oferece. Conquistamos nossos desejos, mas não desfrutamos como esperávamos, e já legamos para o próximo ano a realização de desejos que também não nos trarão a alegria que esperávamos. Não que os nossos desejos sejam ruins, é somente porque vivemos sempre na ambição de querermos sempre mais, e com isso, somos sempre insatisfeitos com as coisas que já temos.

Dessa forma, vivemos sempre ansiosos e esperançosos por ano que nunca chega e que sempre está longe de satisfazer nossos desejos e vontades, que parecem ser insaciáveis, tornando esse ciclo em algo infinito, onde o possível ano “perfeito” é sempre adiado, sem nunca se tornar realidade.

* Bacharel em Teologia, vencedor de quatro prêmios literários.
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São Sebastião do Anta - MG

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