
21 de janeiro, de 2024 | 08:00
Ney Franco fixa residência em Ipatinga e prepara retomada da carreira
Técnico campeão mineiro com o Tigre em 2005, que já dirigiu 14 clubes e a seleção brasileira Sub-20, se diz mais maduro e pronto para retornar ao mercado, porém em clubes estruturados, seja no Brasil ou no exterior
Ney Franco estará de volta ao cenário do futebol dirigindo uma equipe de expressão, seja no Brasil (de preferência) ou no exterior. Esta afirmação é do próprio treinador, de 57 anos, natural de Vargem Alegre, que deslanchou sua carreira a partir do título de campeão mineiro com o Ipatinga em 2005. De lá para cá, foram mais sete títulos, incluindo Copa do Brasil, Taça Guanabara e Campeonato Carioca (Flamengo), Copa Sul-Americana (São Paulo), Série B do Brasileirão (Coritiba), além de Sul-Americano e Mundial com a seleção brasileira Sub-20, em uma carreira bem-sucedida, tendo marcado seu nome no cenário do futebol brasileiro.
Ney Franco chegou a morar algum tempo nos Estados Unidos, porém retornou ao país em 2021. Seu último trabalho foi no CSA, exatamente naquele ano. Depois disso, tirou tempo, conforme afirmou, para descansar com a família, estudar muito e se preparar para volta a um mercado competitivo e extremamente instável.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Aço, o treinador (formado em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa) fala da sua carreira, dos seus planos e de suas ideias sobre futebol. Uma das grandes novidades é o retorno a Ipatinga, onde acaba de fixar residência novamente. Daqui, partirá para projetos futuros, deixando os familiares mais próximos dos afins, seja os que residem na região ou em Vargem Alegre.
Base
A ideia do treinador é manter Ipatinga como sua base. A gente tá montando estrutura pra eles [família] ficarem aqui, porque esse ano eu volto a trabalhar com o futebol. Ipatinga passa a ser a minha base onde a minha família vai morar e onde vou ter liberdade de sair pra trabalhar”, contou Ney Franco.
Apesar da vida atribulada no futebol: sempre que tenho oportunidade, venho ao Vale do Aço, vou muito a Vargem Alegre, local também onde tenho meus negócios”.
Retorno
Depois de um período longe dos gramados, a ideia é voltar a treinar. Depois que saí do CSA, preferi ficar um período em casa. Em 2023 apareceram algumas possibilidades, mas nada concreto, inclusive do mundo árabe. O pensamento agora, em 2024, é voltar, com o Brasil sendo minha preferência”, revelou Ney, admitindo sondagens de clubes estrangeiros. Sempre há, principalmente do mundo árabe. Aqui na América do Sul também já começa a ter sondagem do México, principalmente com o sucesso do André Jardini (treinador do América-MEX), que foi campeão lá, abrindo o mercado para treinadores brasileiros no país”.
Apesar do tempo afastado do futebol, o esporte nunca deixou de fazer parte do seu cotidiano. No fim da temporada passada acompanhei alguns jogos in loco. Vi as finais da Copa do Brasil, e logicamente acompanhando a maioria dos jogos do Brasileirão de Série A e Série B, então estou bem atualizado”.
Experiência
Depois de tudo que viveu no futebol, Ney Franco se posiciona como um técnico maduro. Tenho mais experiência, além disso, em alguns momentos é bom olhar um pouquinho de fora, não só aquela estrutura do dia a dia ali do estádio ou do centro de treinamento. Mas a minha postura como treinador não muda, a minha postura de cobrança, mas um treinador também de diálogo, que tem uma metodologia definida e que na realidade a gente fica muito dependente da qualidade técnica da equipe que a gente está trabalhando”, ponderou.
Estrangeiros
A respeito dos treinadores estrangeiros que, a cada dia, ganham mais espaço no Brasil, Ney Franco se disse adepto do mercado livre. Isso aumenta a concorrência, mas ao mesmo tempo nos faz estudar mais, procurar o espaço. Acho que é uma concorrência saudável. Lembrando que o bom treinador independe do país, da raça, da religião”, afirmou.
Já em relação à qualidade do futebol local, se comparado ao mundial, Ney Franco afirmou que o grande desafio são as questões econômicas. E isso tem um reflexo no número de êxodos de jogadores jovens que saem do Brasil para o exterior. São jogadores que poderiam estar aqui, mas saem muito novos”, apontou. O grande desafio do futebol brasileiro é ter uma equalização econômica com o futebol mundial. Mas em termos de revelação de atletas, o Brasil ainda continua sendo o país que mais revela”, comentou Ney Franco, que citou ainda a dificuldade em segurar esses talentos.
Sobre um técnico gringo no comando da seleção, Ney Franco diz não ser contra. No caso específico do Ancelotti, a gente sabe que é um multicampeão, de repente era um treinador que se viesse para a seleção brasileira poderia dar certo ou também poderia ter o mesmo desempenho com os números abaixo do que a gente vê agora. Mas creio que a CBF tomou uma decisão acertada em efetivar o Dorival Júnior como treinador da seleção brasileira”.
Portas abertas
Num momento em que seu foco é voltar a trabalhar, Ney Franco acredita que ainda tem as portas abertas. Graças a Deus tenho um nome no mercado. Não adianta pegar qualquer time para tentar desenvolver um trabalho em um clube que não te dê uma estrutura para trabalhar. Tem que analisar sempre o mercado, não somente a parte financeira”.
Para ele, o maior objetivo é se colocar novamente neste mercado.
O grande desafio é continuar a minha carreira jogando em alta. Em equipes de alto rendimento e que lutam pelos títulos. E o sonho maior é esse, manter a carreira, manter o nome dentro do futebol brasileiro”, reforçou.
Fatos marcantes
Ao longo de duas décadas de futebol, o que não falta a Ney Franco são histórias para contar, que citou os momentos mais marcantes: O Ipatinga em 2005 abriu todas as possibilidades de sair daqui diretamente para o Flamengo, por isso a importância daquele título mineiro. As conquistas da Copa do Brasil com o Flamengo, o Brasileiro com o Coritiba na Série B e o título com São Paulo da Sul-Americana também foram muito importantes”.
Mas nem só de títulos é formado o baú do futebol, grandes escapadas também entram nessa história. Em 2018, peguei o Goiás numa situação muito ruim, penúltimo colocado do Campeonato Brasileiro Série B. Tivemos arrancada e conseguimos o acesso”, lembrou com orgulho.
Companheiros
A respeito dos bons profissionais que encontrou pelo caminho, ele cita Maxwell e Giovanni, do Cruzeiro. Neymar, Philippe Coutinho, Oscar e Casemiro, da seleção. No Flamengo, tive a oportunidade de lançar o Renato Augusto no profissional. Todos foram jogadores acima da média com quem trabalhei”.
Salários astronômicos
Sobre quem deve receber mais, treinador ou jogador, Ney Franco resumiu: No futebol, o ator principal é o jogador. Mas para gerir esse grupo de jogadores você depende de um treinador. Temos vários exemplos no mundo de treinadores ganhando mais que jogadores. Mas na normalidade, sempre é o craque que ganha mais, e acho que é assim que tem que ser”.
Influência de empresários
Em muitos clubes hoje em dia, não é somente a percepção do treinador que monta uma equipe. Em muitos casos, as mãos dos empresários podem ser sentidas na escalação. Sobre isso, Ney Franco disse o seguinte: Hoje nós temos alguns clubes medianos que acabam ficando dependentes de empresários, até na montagem do elenco. Temos grandes empresários que têm uma cartela de atletas que abastecem o mercado e alguns clubes sem poderio econômico ficam nessa dependência. Agora em relação ao treinador, ele não se deixa influenciar por isso. O principal detalhe que define para o treinador o seu elenco sempre é a qualidade técnica e tática.
SAF
Questionado sobre as sociedades anônimas de futebol (SAF), que se multiplicaram recentemente, Ney Franco diz que é preciso haver cuidado. A SAF vem com um modelo diferente, mas não é certeza de salvação dos clubes. Há grandes clubes de massa que sobrevivem sem a SAF, entre eles o que mais tem um retorno financeiro e técnico dentro de campo: o Flamengo, que conseguiu ajustar suas finanças e não é dependente da SAF como é o Palmeiras”, apontou. Mas a SAF vem para quebrar essa forma política do clube brasileiro sobreviver. Algumas SAFs já estão chegando, trazendo um retorno, principalmente já conseguindo equacionar os problemas econômicos. Tomara que a SAF venha e que ajude o futebol a se modernizar e ficar mais competitivo”.
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Roberto
22 de janeiro, 2024 | 12:46O Jairo, eu acredito que ele queira trabalhar em um time q da condição de ganhar pelo menos o campeonato estadual ??. No treme treme 9×2 coitado .”
Onofre Josafá de Lima
22 de janeiro, 2024 | 08:41Ney Franco, muito bom profissional, muito competente...desejo sucesso, forte abraço!”
Roberto
22 de janeiro, 2024 | 06:25Welles,Esse tigrão já virou gatinho, eterno freguês do Social nosso Saci. O Ney procura time com estrutura.”
Welles Debil
21 de janeiro, 2024 | 19:40Boa praça! Quem sabe um dia volta ao Tigrao!!! Tive uma boa conversa com ele em 2007 de uma viagem da Europa para o Brasil e sempre elogiou o Vale do Aço.”
Jairo
21 de janeiro, 2024 | 15:38Seria uma boa para o Cruzeiro maior de Minas.”