24 de janeiro, de 2024 | 13:00
Opinião: Nova politica industrial pode beneficiar Vale do Aço
Antonio Nahas Junior *
O programa Nova Indústria Brasil, lançado nesta segunda pelo Governo Federal, tem tudo para dar certo, pelas qualidades que apresenta. A Primeira delas é que foi precedido por amplo diálogo com o setor, com reuniões, pesquisas, enquetes, audiências de especialistas, de forma a contemplar as demandas e negociar as principais intervenções e modo de agir. O vice-presidente Geraldo Alckmin mostrou a que veio e a FIESP, a rainha das Federações Industriais, declarou seu apoio explícito ao programa, apesar da sua conhecida preferência por outros candidatos à Presidência da República.A segunda é o fato de ter sido construído por missões: "A estratégia industrial do Brasil orientada por missões, na qual tive a honra de colaborar com informações (inclusive em meu relatório recente), almeja fazer com que os objetivos sociais, ambientais e econômicos estejam alinhados, e destaca o potencial de transformar desafios - como fome, mudanças climáticas e crises de saúde - em oportunidades de negócios e em canais de investimento", disse ao jornal Valor Econômico a especialista Mariana Mazzucato, que colaborou na elaboração do Plano.
O consumo interno de aço deverá aumentar,
impulsionada pela indústria de transformação”
São seis missões: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais, que visa aumentar a transformação industrial de produtos agropecuários para 50% do setor; complexo econômico industrial da saúde, ou seja, passar a suprir o SUS com pelo menos 70% de produtos fabricados no Brasil; infraestrutura; saneamento; moradia e mobilidade sustentáveis, que procura, entre outros objetivos, reduzir em 20% o tempo de deslocamento casa/trabalho; transformação digital da indústria, para transformar digitalmente 90% das empresas brasileiras; bioeconomia, descarbonização e transição energéticas, visando promover a indústria verde; tecnologia para soberania e defesa nacionais, numa mesura para os militares, logicamente.
Estas missões agregam diversos setores e segmentos governamentais, de forma que sejam objetivos integrados, fazendo com que a máquina da administração pública seja movida na mesma direção.
Ao lado da definição das missões, cujo horizonte é 2033, o Governo definiu também definiu seu Plano de Ação para o período Lula:2024/2026, onde são colocadas todas as fontes de financiamento do programa. Desta forma, esta política se conecta com outras iniciativas já em andamento: O próprio PAC e o Fundo Clima, integrando-as e potencializando as iniciativas.
Importante também o destaque dado as compras do setor público com vistas ao fortalecimento da indústria local e nacional, o que exigirá modificar a regulamentação da Lei de Licitações.
A terceira qualidade - e mais importante - é que a Nova Indústria Brasil é na realidade uma Política de desenvolvimento de todo o país. Integra questões urbanas; qualidade de vida dos brasileiros; transição energética (fator ambiental decisivo) com o incentivo ao fortalecimento da indústria nacional.
O fortalecimento da indústria surge como fator básico para o crescimento de todo o país, como uma peça chave visando o desenvolvimento sócio econômico sustentável e inclusivo.
Sua implementação não será fácil e vários especialistas já advertiram sobre a importância de uma governança estável, que permita tanto a integração dos diversos órgãos governamentais, através do cumprimento de metas claras e específicas, como a sua sobrevivência aos azares da política.
Para aproveitar este momento de transformação,
novas tecnologias deverão ser pesquisadas e adotadas.
Será um novo ciclo a se abrir”
Afinal, é um programa de 10 anos; 2023-2033. Como fazer para que este supere o Calendário eleitoral e seja considerado um patrimônio de todos os brasileiros?
Apenas seu sucesso nos primeiros anos poderá garantir sua sobrevivência. Bem-sucedido, todos querem continua-lo.
O plano abre muitas oportunidades. Haverá recursos abundantes a juros baratos para investimentos em tecnologia e recursos não reembolsáveis para desenvolvimento de novas tecnologias. A transformação digital da indústria levará ao treinamento da mão de obra adulta, já empregada, para que esta se adapte aos novos tempos.
Para o Vale e para o parque metalomecânico, oportunidades não faltam. O programa fala em suprir o mercado de máquinas e equipamentos da agricultura familiar com produção nacional; aumentar em 25% a participação da indústria brasileira na cadeia da indústria de transporte sustentável; fortalecimento da produção nacional de equipamentos para a indústria renovável e equipamentos de defesa.
O consumo interno de aço deverá aumentar, impulsionada pela indústria de transformação, a qual terá como norte a sustentabilidade, baseada na produção e consumo de energias renováveis.
Para aproveitar este momento de transformação, novas tecnologias deverão ser pesquisadas e adotadas. Será um novo ciclo a se abrir. Agora é acompanhar sua implantação e governança.
* Empresário, diretor presidente da NMC Integrativa.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Javé do Outro Lado do Mundo
24 de janeiro, 2024 | 21:32A governança tá demorando muito pra começar a agir. Discurso bonito tá resolvendo muito pouco ou quase nada. Rs.”