29 de janeiro, de 2024 | 15:33

Viajando na maionese...

Nena de Castro *

Cá com meus botões, às vezes penso bobices. Lembrei minha doce psicose e fixação por leitura e o fato de viver conectada às palavras... Estou sempre lendo ou escrevendo e não sei se é bênção ou maldição, fardo ou encantamento. Acho que sendo leitora contumaz, sou meio esquisita, rumino letras, vomito palavras e ainda morro sufocada pela Poesia.

E aqui estou eu, ligada às palavras por juramento de sangue, sina, desdita, a dita mala suerte, buena dicha, fado...Vou convivendo com as palavras e, com elas duelando em embates, debates e batalhas ao correr do dia e da noite, embarco para o infinito...

E por aí vou, por aqui estou, preenchendo folhas em branco, bordando com letras, dizendo as verdades que aprendo com a vida, rindo e chorando, amando sempre... Tudo me encanta nas palavras: a prosa me prende, a Poesia me enche a alma, seduz, é mel escorrendo pela boca, solzim da manhã entrando pela fresta da janela, cheiro de mato e terra, colheita de beleza, lendas, flores e romãs e tardes de verão nas quais virgens morenas dançam usando diáfanos vestidos brancos e guirlandas floridas que adornam seus cabelos.

“Vou convivendo com as palavras e, com elas duelando em embates,
debates e batalhas ao correr do dia e da noite, embarco para o infinito”


É real o delírio, corro pelo labirinto de Creta, perseguida por um homem com cabeça não de touro e sim de livros! Ele me alcança, me envolve, me abraça e deixa sua cabeça comigo, são livros encantados, nem vejo quando desaparece, as letras me atraem como mel e me transformo em borboleta de asas diáfanas e multicoloridas. Chego ao Bosque dos Segredos e a Sibila me diz que é eterno, que nem o suplício de Tântalo, enigma da serpente, esfinge guardando secretos pactos... Sóis rubros do Oriente, ventos alucinantes, águas remansosas, rochas ígneas, cada qual em um recanto do coração, que bate, bate e rebate, carregadinho de amor...

“Ora direis, ouvir estrelas”, coisa mais insana, coisa mais ilógica, coisa mais besta e no entanto, alguns de nós as ouvem e conversam com elas... Alazão branco e corcel negro, em Órion há algumas respostas, subam no cometa e vão em busca do seu sonho... E entre nuvens diáfanas e poeira de asteroides, viajo pelas constelações em delírio de estrelas e Poesia, abraçada ao meu Centauro prateado, que representa “ o instinto animal em junção com a inteligência humana, metáfora das ações dos homens numa situação de perda de controle.” Livros, letras, sonhos, quimeras, doces viagens, cavalgamos nuvens pelo infinito, imaginação a mil, trançando estrelas, asteroides e campinas floridas... Quem dos meus cinco leitores quer ir comigo?

* Escritora e encantadora de histórias

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Comentários

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Javé do Outro Lado do Mundo

29 de janeiro, 2024 | 20:08

“Bom texto, nem sei pra qual lado está caminhando a humanidade; mas uma coisa eu posso afirmar: o futuro dos homens está muito sombrio. Não tô vendo nenhuma luz no fim do túnel. Outro dia um político aqui da minha cidade me faltou " cê tem umas idéias muito esquisitas" ... Nem me importei, não, eu sei que a maioria dos políticos já entrou no jogo politico do Sistema. (Sei não), acho que perante a minha consciência estou num grau de evolução bem mais acima. Sempre falta a luz nos lugares escuros mesmo o Sol insistindo em brilhar continuadamente. Rs.”

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