17 de fevereiro, de 2024 | 11:00
Opinião: Alô, alô marciano
Ailton Cirilo *
Neste momento, é expressada uma profunda preocupação com a situação da segurança pública na nossa amada Minas Gerais. O cenário atual está impregnado de desesperança, especialmente no que diz respeito à reposição das perdas inflacionárias que afetam diretamente os profissionais que arriscam suas vidas diariamente para proteger a população.
Refletindo sobre essa realidade, não se pode deixar de lembrar da emblemática música "Alô, Alô, Marciano", de Rita Lee, que descreve um diálogo entre um extraterrestre e um terráqueo, abordando as dificuldades e desigualdades do nosso planeta. De forma análoga, em Minas Gerais, enfrentam-se desafios que obstaculizam a valorização e a dignidade da segurança pública.
É crucial reconhecer os avanços conquistados nos governos anteriores, que não comprometeram os direitos e prerrogativas dos profissionais de segurança. No entanto, a recente reforma da previdência (2019) impôs um ônus desproporcional aos militares estaduais e federais, aumentando o tempo de serviço em cinco anos. Isso significa mais tempo sujeito à insalubridade e periculosidade, em um trabalho que demanda dedicação integral.
Além disso, é lamentável constatar que dos 37 direitos trabalhistas previstos na Constituição de 1988, apenas sete se aplicam aos militares. Isso leva à questão: é justo esse tratamento? Não se busca superioridade, apenas um tratamento digno e justo, que reconheça o sacrifício e a dedicação daqueles que arriscam suas vidas pela segurança de todos.
No entanto, parece que a governança atual prefere a imposição unilateral de decisões, em vez do diálogo construtivo. Essa abordagem só fragmenta ainda mais o serviço público, prejudicando a população que tanto depende dele. É um desperdício de tempo e recursos que poderiam ser direcionados para soluções efetivas e duradouras.
Parece que a governança atual prefere a imposição unilateral de decisões, em vez do diálogo construtivo”
As perdas inflacionárias, que já ultrapassam dois dígitos, comprometem seriamente o poder de compra dos profissionais de segurança, gerando graves consequências para suas famílias. Urge a necessidade de um entendimento rápido e eficaz para evitar um cenário ainda mais desolador de insegurança.
Como disse o filósofo francês Paul Valéry, "o problema do nosso tempo é que o futuro não é mais como era antigamente". Em meio a esses desafios, espera-se sinceramente que 2024 seja um ano de mudanças positivas e progresso para todos os mineiros.
Ademais, é fundamental que a sociedade como um todo se envolva nesse debate, cobrando das autoridades soluções concretas e justas para os problemas enfrentados pela segurança pública. Somente com o apoio e engajamento de todos poderemos construir um futuro mais seguro e promissor para Minas Gerais.
* Coronel PM, especialista em Segurança Pública
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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