19 de fevereiro, de 2024 | 15:00

Opinião: Ai, mi saquito!

Nena de Castro *

Como os deuses gregos pediram um refresco, sartei de banda e resolvi escrever sobre os romanos! Rs. Os gregos são muito chegados a uma tragediazinha. Tudo vira teatro, deve ser falta de serviço! Então hoje eu vou contar uma aventura da deusa romana Latona, traçada por Júpiter, o chefe da quadrilha, digo, da deusaiada romana; ele, casado com Juno, era um mulherengo de primeira e ninguém escapava dele, deusa, ninfa, mortal, o cara era um perigo.

Ocorre que Latona teve gêmeos do chefão e a poderosa chefona, Juno, expulsou-a com as crianças, de terra em terra, negando-lhe um lugar onde criar seus filhos. Latona, trazendo em seus braços as divindades infantis, chegou a um local chamado Lícia; estava cansada e sedenta e viu no fundo do vale uma lagoa de águas claras. O povo da região trabalhava no local, colhendo junco e vime: contudo, quando a deusa se ajoelhou para saciar a sede, os rurícolas impediram que ela o fizesse.

“Por que me recusais a água? - perguntou. – A água pertence a todos. A natureza não permite que ninguém reclame direitos de posse sobre a luz do sol, o ar ou a água. Quero compartilhar meu direito a um bem comum”. (Pitucha Marilene Tuler, Bruno Salvador, essa deusa era comunista. Latona, a Comunistona, querendo dividir tudo para todos!)

E disse ainda que não pretendia se lavar, apenas tomar um golinho e seguir, cuidando de suas crianças. No entanto a turba insultou a deusa e ameaçou atacá-la se não deixasse o local e ainda agitaram com os pés o fundo da lagoa para que a água ficasse turva com a lama.

Latona, indignada, levantou os braços para os céus, gritou: “Possam eles jamais deixar esta lagoa, mas passar nela suas vidas!” Ih, rapaz, nem te conto: a voz deles ficou ainda mais rude, a garganta intumesceu, o pescoço encolheu e desapareceu, as costas se tornaram verdes e todos foram transformados em rãs! Posé, a coisa ficou ruim pra eles, que dessa forma não puderam participar do quebra-quebra em Brasília no dia 8 de janeiro do ano passado.

Bem, Latona seguiu em frente e achou abrigo em Delos, (também conhecida como Bahia) ilha flutuante que Júpiter prendeu ao fundo do mar com correntes de ferro fortíssimas, para impedir a esposa Juno de prejudicar seus queridos. Dizem que volta e meia ele vai lá, dar uns beijinhos ardentes na amada.

E que nesse carnaval, alguns amigos usando jatos da FAB e às expensas do povo, foram farrear, bailar e pular por aquelas paragens. Entrementes ele não foi, pois acharam uma cadernetinha sua com anotações golpistas e ele convocou seu gado, antas e pererecas para uma reunião na avenida Paulista no dia 22. Se nada der certo e não for pra cadeia, vai plantar mandioca ... E nada mais digo, abestada com tantas sandices que ocorrem nesse país.

* Escritora e encantadora de histórias

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