04 de março, de 2024 | 19:57
Mais do mesmo
Fernando Rocha
A fase de classificação do Campeonato Mineiro terminou, no último sábado, e deu o mais do mesmo, se assim podemos chamar a confirmação de tudo o que se previu antes do início da disputa.Os três grandes” da capital - América, Atlético e Cruzeiro - se classificaram para a semifinal e decidirão o título tendo como desafiante o Tombense, que, nos últimos anos, vem se revezando com o Atlhetic, de São João del-Rei, na condição de melhor time do interior.
Cruzeiro e América, por terem feito as melhores campanhas, respectivamente, terão pelo regulamento o direito de jogar por dois resultados iguais e farão as últimas partidas em casa.
Quanto ao rebaixamento, o Ipatinga não conseguiu escapar da ameaça e vai disputar o chamado torneio da morte”, juntamente com o Democrata/GV e o Pouso Alegre, onde apenas um time irá se salvar - e tomara que seja o no nosso Tigrão de Aço.
Cena repetida
Outra vez, foi registrada a morte de uma pessoa no último sábado, durante confronto entre marginais que se dizem torcedores integrantes das duas maiores torcidas organizadas de Atlético e Cruzeiro, a caminho dos estádios na capital.
Não é novela, não é invenção de ninguém, mas, sim, uma realidade social triste, onde seres humanos resolvem brigar, se matar, por causa de um time ou de uma partida de futebol.
Estão tentando colocar a culpa na Federação Mineira de Futebol, por ter marcado dois jogos no mesmo horário em Belo Horizonte, mas, a meu juízo, desta vez, ela é inocente, pois o que provoca e incentiva esses encontros criminosos é a impunidade.
Temos em Minas Gerais uma das melhores polícias Militar e Civil do país, mas a Justiça, que deveria agir com o rigor da lei, não cumpre o seu papel e deixa marginais soltos e à vontade para praticar crimes.
Já passou do limite essa situação, que em países onde o futebol também é o esporte mais popular foi equacionada há muito tempo, devido às ações firmes e às leis severas e aplicadas com o rigor que merece, o que reduziu a índices próximos de zero os casos de violência ligados ao futebol.
FIM DE PAPO
Não é preciso acabar com as torcidas organizadas para resolver o problema da violência entre os pseudo-torcedores, pois seria o mesmo que curar o doente matando o doente. O que deveria ser feito é responsabilizar os infratores e os dirigentes dessas torcidas, que a cada ocorrência seriam chamados para se explicar, e isto facilitaria a identificação, a prisão e a punição dos culpados, pois esses dirigentes de tais organizadas sabem, exatamente, quem são os marginais infiltrados na sua organização.
A bagunça do futebol brasileiro, também, é um incentivo à prática da violência fora de campo. O clássico carioca entre Botafogo x Fluminense, vencido pelo alvinegro, anteontem, foi um grande exemplo dessa balbúrdia, onde os jogadores não respeitam a arbitragem, que, por sua vez, é muito fraca. Teve até um lance pitoresco, onde o jogador do Botafogo, que simulava contusão, foi arrastado por um companheiro para dentro do campo, a fim de atrasar a partida, e em seguida puxado para fora, bisonhamente, pelo goleiro do Fluminense.
Na capital paulista, o clássico entre São Paulo x Palmeiras, que terminou empatado, no Morumbi, também foi cercado de polêmicas. Alegando reciprocidade”, a direção do tricolor não cedeu a sala para o técnico do Palmeiras conceder a habitual entrevista coletiva pós-jogo. Totalmente desequilibrado, o presidente Júlio Casares (SP) ainda foi aos microfones acusar a arbitragem e o VAR de terem prejudicado a sua equipe, ao marcar corretamente um pênalti cometido pelo goleiro Rafael a favor do Palmeiras. Tudo isso, com certeza, funciona como combustível para acirrar ainda mais os ânimos e aumentar a violência fora de campo entre esses marginais.
O rádio esportivo do Vale do Aço está de luto, em solidariedade ao narrador e nosso companheiro na Rádio Vanguarda, Paulo César Santos, que, no último domingo, sepultou o seu filho Igor, um jovem de apenas 24 anos. O itabirano Carlos Drummond de Andrade, nosso poeta maior, escreveu que nós não viemos ao mundo para enterrar os filhos”. Não, mesmo. Dói, dói muito, mas temos de aceitar os desígnios de Deus. (Fecha o pano!)
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