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12 de março, de 2024 | 12:00

Opinião: De trágicos amores lindos e pererequinhas intrujonas...

Nena de Castro *


Recebam o meu bom dia, meus fiéis cinco leitores. A Bugra aqui em estado de choque, escutando Mozart pra se acalmar, contudo, em total pânico: nessa noite, meu marido levantou pra tomar água de madrugada e encontrou uma horrenda PEREREQUINHA na copa! “Ó céus, o dor, ó vida,” porque esses bichos me perseguem? Já teve o caso do banheiro, duas vezes, o sapo na máquina de lavar, tudo registrado em crônicas! Se fosse eu que encontrasse o trem que pula, hoje meus leitores estariam no funeral, “bebendo a defunta” Bugra Tufik Lauar, vulga Gertrud Jujuba Lady Zefa da Silva e Castro.

Inconha sô, eu tinha planejado para hoje uma belíssima crônica poética, fundada em fato reais e lendas, coisa de intelectual que vive em riba de livros lendo e relendo e trilendo mode cabá ca gonorânça! O jeito é continuar escrevendo sob a ótica do humor que é um modo supimpa de lidar com a História, amenizando horrores perpetrados por nós, os chamados humanos que nunca saímos da idade da pedra e da paulada, e vai cada vez pior, com mísseis matando, trucidando, queimando, eita ferro!

Não sei se os meus cinco leitores já ouviram falar em Sinfronismo. Pois bem, Sinfronismo é uma função literária que explica a sintonia de um homem (escritor) de uma época com o homem (leitor) de todas as épocas. Isso explica a emoção que sentimos ante as obras de Shakespeare e sua imortal herança literária: Romeu e Julieta, Rei Lear, Otelo, Macbeth, Hamlet... Digo-lhes porém que em Portugal, no século XIV, aconteceu um fato que se transformou em lenda, digno das melhores tragédias shakespeareanas: a história de Inês de Castro, a Rainha Morta e que o grande bardo Camões, em sua magnífica obra os Lusíadas, no Canto III, registrou magnificamente.

Reinava então Dom Afonso IV, que tinha como herdeiro, o Príncipe Dom Pedro I. (Atenção, embora ambos não pudessem ver um rabo de saia sem se assanhar, não falo de Pedroca I do Brasil, o da Independência, visse?) É o de lá!

O herdeiro era casado com Dona Constança, tinha filhos, mas começou a arrastar asas para uma das damas de companhia da esposa, a bela jovem Inês de Castro, que correspondeu e a jiripoca piou num romance ardente que escandalizou a corte e a igreja. Tiveram 4 filhos. Ela foi afastada para um castelo lá pras bandas da fronteira com a Espanha, entretanto o amor continuava intenso, ardente, os amantes trocavam cartas apaixonadas e ela veio para um castelo mais perto. A bela Inês era galega, nascida na Galícia que pertencia à Espanha, e o medo de que um de seus filhos reinasse no lugar do filho de Constança, que já tinha morrido, levou Dom Afonso a uma imensa perversidade.
Num dia em que Pedro I saiu para a caça, fez vir Inês à sua presença e mandou que lhe cortassem a garganta.

Indescritível a dor de Pedro I ao regressar: chegou a marchar contra o pai com um exército mas parou, aconselhado por amigos que lhe mostraram que isso não traria Inês de volta. Teria dito” é verdade, Inês é morta” significando algo que não tem mais jeito. Feito rei pela morte do pai, Pedrão mandou prender os meliantes e ordenou que lhes tirassem os corações perante a corte, enquanto se banqueteava. (Não contam se ele comeu coração frito, mas quem sabe?) E para se vingar da corte, mandou desenterrar a amada, que foi colocada no trono ao seu lado. Revelou que havia se casado em segredo com ela depois de ter ficado viúvo de Dona Constança e que portanto, Inês era a rainha e devia ser honrada.

Todos os presentes tiveram que beijar a mão da defunta, o que, convenhamos, é bem pior que encontrar um perequinha na copa, acho, apesar do meu medão! Lembrei-me, ao ler as manobras de dom Afonso IV e sua corte, da estultice da corte brasilianesca, “nessa terra “descoberta” por Cabral, que fala e faz besteiras, gastando nosso dinheiro! E nada mais digo, a não ser que odeio pererequinhas! AFEE!

* Escritora e encantadora de histórias

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