12 de março, de 2024 | 17:25

Caratinga terá campus do Instituto Federal de Minas Gerais

Projeto elaborado há cerca de dez anos foi contemplado pelo Ministério da Educação

Repórter Matheus Valadares
O Vale do Aço ganhará mais um campus do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). Nesta terça-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante cerimônia em Brasília, anunciou que Caratinga será contemplada com a construção de uma unidade. Também participaram do evento os ministros da Educação, Camilo Santana; e da Casa Civil, Rui Costa.

Além de Caratinga, localizada no Colar Metropolitano do Vale Do Aço, outros sete municípios mineiros serão beneficiados pelo novo plano de expansão dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs): Belo Horizonte, Bom Despacho, Itajubá, João Monlevade, Minas Novas, São João de Nepomuceno e Sete Lagoas. Apenas a capital já contava com outras unidades instaladas.

A construção de novos campi nos municípios impacta o setor da construção civil, além de gerar emprego e renda. As novas escolas, quando estiverem em funcionamento, levarão desenvolvimento local e regional

Reparo histórico
O professor Rui Gonçalves, servidor em uma das unidades do IFMG, colaborou com o projeto de implantação do instituto, e em entrevista ao Diário do Aço, conta que a instalação do equipamento educacional na cidade é uma reparação histórica.

“A ideia basicamente é um reparo que o governo federal tem que fazer em relação à cidade. O reparo que eu considero moral e histórico. Em Caratinga, até os anos 1980, havia várias instituições do governo federal, como as sedes regionais da extinta SUCAM, do DNR, o Instituto Brasileiro do Café, que era uma das maiores instituições de pesquisa na área de cafeicultura do mundo. Na realidade, o Instituto Federal em Caratinga é um reparo da União para com a cidade”, argumenta.

Os estudos para a implementação do instituto no município começaram ainda na década passada, em meados dos anos de 2012. Entre os pontos para justificar a construção do IFMG foram apontados a inclusão social e o desenvolvimento regional.

Rui ainda expõe que houve uma transição política na sequência, que enfraqueceu a criação da unidade federal na cidade. “Na época, logo após uma transição política, algumas forças políticas acreditavam que não fazia sentido ter em Caratinga um Instituto Federal devido à cidade possuir várias iniciativas privadas na área de educação, então seria mais uma outra escola. Não é bem assim, o Instituto Federal tem um princípio, a ideia da proposta que foi criada em 2008 é inovadora, é uma proposta de vanguarda, inspirada nas escolas politécnicas que tem na Europa, e a cidade de Caratinga merece sim uma escola federal, no porte do Instituto Federal”, afirma.

Cursos ofertados acompanham o potencial da região
De acordo com Rui, no momento da elaboração do projeto para ser encaminhado ao Ministério da Educação (MEC), foi levado em consideração o potencial do município e das localidades em volta. Desta forma, os cursos que devem ser ministrados na instituição terão o propósito de profissionalizar a mão de obra no setor agrícola e mecânica automotiva.

“São 22 municípios que bebem na fonte da área de serviço e de educação em Caratinga, e é impressionante que é uma região que tem mais de 50 escolas de ensino médio, com mais de 10 mil alunos matriculados na rede pública de educação de ensino médio, e nenhuma dessas instituições oferecem formação profissional. E a gente procurou dar uma olhada na vocação da cidade, na vocação da região, e percebemos uma forte vocação para o agronegócio, e principalmente para a agroindústria. Boa parte da produção agrícola da região é voltada para a cafeicultura, então o Instituto Federal teria de ter um olhar especial para o setor, e para a agricultura familiar que produz hortaliças para a região”, explica ao Diário do Aço.


“A partir de dados econômicos, a gente percebe que na cidade há uma vocação para a área de logística. Nós indicamos, em vez de ter um curso específico de logística, um curso de engenharia de produção, onde teria uma forte formação na área de logística. Também colocamos no projeto uma questão social que acontece na nossa cidade. Basicamente, a BR-116 cruza a cidade e são quase 6 km de pontos comerciais que trabalham para a indústria automotiva. Boa parte dos empregos ou do primeiro emprego de jovens da cidade é nesse setor, trabalhando em oficina mecânica, em loja de venda de peças, entre outros, e pensamos em um curso que atenda a uma formação profissional, no sentido de incluir pessoas mais simples, que fazem parte de uma classe de baixa renda, que possam ter acesso a uma formação para o primeiro emprego. Foi nesse sentido que nós pensamos em um curso na área de mecânica automotiva”, continuou.

Localização do IFMG
Rui defende que o IFMG seja implantado no terreno de quase 80 hectares, onde funcionava o antigo Instituto Brasileiro do Café, mas que atualmente é um posto do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do Ministério da Agricultura. No projeto, foi solicitado à pasta que cedesse o espaço para a instalação do equipamento de educação. Caso essa transferência seja concretizada nas próximas semanas, o professor acredita que dentre 24 meses o IFMG de Caratinga poderá funcionar e receber alunos “para formação na área de cafeicultura, hortaliça, logística e podendo ter cursos técnicos de ensino médio e cursos superiores no nível de tecnólogo e até de bacharelado”.

IFs em Minas Gerais
Em todo o estado, a rede federal conta com 72 IFs, distribuídos em 64 municípios mineiros. Os institutos federais são instituições especializadas na educação profissional e tecnológica, oferecendo também educação básica e superior.

Os cursos oferecidos nas unidades são gratuitos. Os institutos têm como obrigatoriedade legal garantir um mínimo de 50% de suas vagas para a oferta de cursos técnicos de nível médio, prioritariamente na forma integrada — ou seja, junto ao ensino médio.