24 de abril, de 2024 | 08:05

Estabelecidas cotas de importação de aço e imposto de 25% sobre o excedente

Medida atende reivindicação de siderúrgicas nacionais, que apontam prejuízos com a invasão de aço chinês

O governo federal estabeleceu cotas para a importação de aço e aumentou para 25% o Imposto de Importação sobre o volume excedente. A decisão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) atende a um pleito das siderúrgicas brasileiras, que afirmam haver uma invasão do aço chinês no país. Os produtos que foram alvo da medida têm tarifas hoje que variam de 9% a 12,6%. Em maio de 2022, o Comitê Executivo de Gestão da Camex aprovou uma resolução que permitia a queda em 10% dos impostos, medida que agora é revisada, dada a reação do setor siderúrgico nacional.
Arquivo DA
São atingidos pela decisão, 11 produtos de ferro e aço, que poderão ser importados de acordo com o imposto atualmente vigente até limites que variam entre 1.261 e 470 mil toneladas, o que passar disso será taxado em 25%São atingidos pela decisão, 11 produtos de ferro e aço, que poderão ser importados de acordo com o imposto atualmente vigente até limites que variam entre 1.261 e 470 mil toneladas, o que passar disso será taxado em 25%


A decisão de 2022 trazia reflexos negativos nos resultados das siderúrgicas nacionais. Nesta terça-feira (23), a Usiminas divulgou os resultados operacionais do primeiro trimestre de 2024, mostrando um lucro líquido de R$ 36 milhões, número que representa queda de 96,3% em relação ao quarto trimestre de 2023, quando foi alcançado o valor de R$975 milhões. Um dos fatores para o resultado foi a entrada de aço internacional no mercado interno, onde estão os principais clientes da maior parte da produção da Usiminas.

Limites para a importação

Segundo o governo, a medida deve entrar em vigor em aproximadamente um mês e valerá por um ano. São atingidos pela decisão, 11 produtos de ferro e aço, que poderão ser importados de acordo com o imposto atualmente vigente até limites que variam entre 1.261 e 470 mil toneladas.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) informou que, após análises, conclui-se pela necessidade da iniciativa em relação a produtos que tiveram importação 30% maior em 2023 do que na média das compras observadas entre 2020 e 2022. Foi concluído que 15 itens se encaixam no critério, mas quatro apresentaram variações de preço que demandam mais avaliações.

Análise criteriosa

O vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin, afirmou que a medida foi tomada após uma análise criteriosa por parte do governo e da verificação de um crescimento de mais de 1000% na importação em alguns casos. "É uma indústria importante, uma indústria de base necessária ao país", afirmou.

De acordo com o governo, estudos técnicos mostraram que a medida não trará impacto nos preços ao consumidor ou a produtos de derivados da cadeia produtiva. Durante os 12 meses, será monitorado o comportamento do mercado e a expectativa oficial é que a decisão contribua para reduzir a capacidade ociosa da indústria siderúrgica nacional.

A decisão foi tomada nesta terça pelo comitê-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), colegiado do governo federal que reúne dez ministérios, após as siderúrgicas nacionais protocolarem pedido para aumentar a alíquota do Imposto de Importação de diversos produtos ligados ao aço para até 25%.P

No Brasil, as compras de produtos estrangeiros alvo da medida cresceram 29% em 2023 na comparação com um ano antes. A China responde por 83% das importações feitas pelo Brasil quando considerada apenas essa lista.

Enquanto isso, a produção nacional de aço bruto apresentou queda de 8% em 2023 na comparação com um ano antes, segundo dados do Instituto Aço Brasil (considerando apenas o acumulado até setembro, dado mais recente disponível).

A elevação do tributo para importações foi decidida mesmo após uma coalizão de 16 entidades de segmentos da indústria ter reagido à demanda das siderúrgicas nacionais e deflagrado uma mobilização na tentativa de barrar a sobretaxa. Conforme mostrou a Folha, o grupo argumenta que o aço do Brasil já é o mais caro do mundo quando comparado aos preços no mercado interno de vários países.
Divulgação
Resultados operacionais divulgados pela Usiminas no primeiro trimestre refletiram a entrada de aço internacional no mercado interno Resultados operacionais divulgados pela Usiminas no primeiro trimestre refletiram a entrada de aço internacional no mercado interno

O aço é um insumo essencial usado na produção da indústria de produtos de maior valor agregado e tecnologia, como máquinas e equipamentos, automóveis, ônibus, caminhões, eletrodomésticos, autopeças e construção civil.

Recorde de importações

O setor siderúrgico estima que dez milhões de toneladas de aço chinês inundaram a América Latina somente em 2023. O cenário gerou reações em países como México e Chile, que aumentaram impostos sobre a importação.

Nas duas décadas anteriores, a China aumentou sua participação no mercado mundial de aço de 15% para 54%, de acordo com dados da Alacero (Associação Latino-Americana do Aço).

Segundo Geraldo Alckmin, foram aprovadas nesta terça também a redução tarifária para 225 produtos ligados a máquinas e equipamentos que não têm produção nacional equivalente e o financiamento pré-embarque para auxiliar principalmente a exportação da indústria de defesa. (Com informações de agências)
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Comentários

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Alessandro de Sá

24 de abril, 2024 | 13:50

“Excelente notícia.”

Feliz

24 de abril, 2024 | 12:29

“Nao seria mais facil a usiminas abaixar um pouco o preço do seu aço.pois o minerio sai daqui e vai pra china e volta en forma de aço bem mais barato do que o aço nacional ou seja se nao ouver concorrencia empresas como a usiminas deitam e rolam en cima de nos”

Peão

24 de abril, 2024 | 11:24

“O governo arrecada mais, as siderúrgicas aumentam seus lucros, a concorrência diminui, o salário do peão continua uma merreca, e nós pagamos mais caro nos produtos ... Que protecionismo de mer....”

Gildázio Garcia Vitor

24 de abril, 2024 | 10:04

“Os empresários brasileiros são a favor do livre-mercado e do Estado mínimo, mas quando a concorrência chega, eles passam a defender o protecionismo do Estado. Depois, só eu é que sou Comunista.
É a eterna disputa entre Adam Smith, Hayek e Friedman X Keynes.”

Analista Siderúrgico

24 de abril, 2024 | 09:29

“O QUE SEMPRE ACONTECE É QUE O GOVERNO TAXA O AÇO IMPORTADO E AS SIDERÚRGICAS BRASILEIRAS AUMENTAM OS PREÇOS ESCANDALOSAMENTE. É PRECISO LEMBRAR QUE A PRÓPRIA USIMINAS FICOU COM A PRODUÇÃO REDUZIDA QUASE DOIS ANOS EM FUNÇÃO DA REFORMA DE ALTOS FORNOS E ACIARIA.”

Flávio Barony

24 de abril, 2024 | 08:35

“Excelente notícia para o Vale do Aço, que tem sua essência econômica nesse segmento!”

Pronto Falei

24 de abril, 2024 | 08:24

“Quando falei aprendam a ler um texto em outra reportagem, falaram que passei pano ao governo atual. Nessa reportagem cita que taxação foi reduzida em MARÇO de 2022!! Ou seja, governo de quem mesmo?
Então leitores comentaristas, repito: parem de ser gado de manobra, papagaio. Leiam e tenham opinião fundamentada em fatos. Tá aí a tão sonhada taxação. Agora se carro, geladeira, material de contrução subir mais - concorrência de aço reduzir - voltem aos site e critiquem governo de novo, pois só sabem fazer isso, não importa qual governo.
!”

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