22 de maio, de 2024 | 15:40

Ex-joia da base do Cruzeiro deve ser vendido pelo Palmeiras por R$ 354 milhões

Chamado na base do Cruzeiro de “Messinho”, o atacante Estêvão, de 17 anos, que trocou o clube mineiro pelo Palmeiras em 2021, deverá se transformar na maior transação do futebol brasileiro. A sua ida para o Chelsea-ING será confirmada nos próximos dias com a assinatura da presidente palmeirense Leila Pereira, em cifras que chegarão a 64 milhões de euros, ou R$ 354 milhões.

A ida em definitivo de Estêvão para o clube inglês, entretanto, só ocorrerá em julho do ano que vem, de vez que ele completará 18 anos no dia 24 de abril de 2025. A transação é intermediada pelo empresário André Cury, um dos mais influentes no país, o mesmo que atuou nas vendas de Neymar ao Barcelona em 2013 e de Vitor Roque, ao mesmo Barcelona, ano passado.

Segundo o empresário, Neymar deixou o Santos por 63 milhões de euros, enquanto Vitor Roque saiu do Athletico para também jogar no Barcelona por 61 milhões de euros. Endrick, que se muda do Palmeiras para o Real Madrid em julho, foi negociado por 60 milhões de euros.

Em todos os negócios citados, não estão incluídos os acordos pelos pagamentos de impostos. O Athletico conseguiu que o Barcelona bancasse 13 milhões de euros em tributos na transferência de Vitor Roque, enquanto o Real se comprometeu a pagar 12 milhões de euros na compra de Endrick.

Divisão do dinheiro
O Palmeiras receberá 45 milhões (R$ 249 milhões) fixos e, posteriormente (noutro acordo, condicional), outros 19 milhões de euros (R$ 105 milhões) atrelados a bônus, que serão pagos por jogos disputados este ano e no ano que vem com a camisa alviverde e, posteriormente, no clube inglês.

Dos R$ 249 milhões de imediato, o Verdão ficará com 70%. Os outros 30% serão dos pais de Estêvão, que ficaram com tal percentual quando o garoto, aos 14 anos, então chamado de Messinho, optou por trocar o Cruzeiro pelo Palmeiras.

Polêmica e irregularidade
Em 2019, Estêvão William, nascido em Franca-SP, teve seu nome envolvido em polêmicas causadas por contratos assinados por Itair Machado (na época vice-presidente de futebol do Cruzeiro) com empresários, nos quais o clube estaria cedendo percentuais de direitos econômicos de jogadores da base e do profissional como forma de pagamento de dívidas com estes agentes, ação proibida pela Fifa e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. E o emergente Estêvão era um dos atletas envolvidos.

O pai de Estêvão, Ivo Gonçalves, foi alvo de um processo criminal movido pelo Ministério Público em 2020, sendo denunciado pelo crime de falsidade ideológica. Em resposta a esta notícia, o representante de Ivo na época, André Cury, disse que tem tranquilidade sobre o processo na Justiça e disse que o pai do garoto continuaria prestando serviços ao Cruzeiro.

Após muitos desgastes na relação entre a família de Estêvão e o Cruzeiro, o menino se transferiu de graça para o Palmeiras em 2021, logo após completar 14 anos de idade. Ao ser questionado sobre a saída do Cruzeiro, o pai afirmou que o principal motivo foi por não ter tido auxílio jurídico do clube em meio às investigações da Polícia Civil e abertura do processo criminal. Ele também afirmou que rejeitou outras propostas, até melhores financeiramente, e negou ter recebido luvas pela chegada do garoto ao clube paulista.

O caso principal
Um dos casos do escândalo de oferecer direitos de jogadores em garantia foi um acordo mediado por Itair Machado, pelo qual houve um contrato assinado entre o Cruzeiro e o empresário Cristiano Richard, em março de 2018, pelo empréstimo de R$ 2 milhões por parte deste agente ao clube. Em abril do mesmo ano, as partes assinaram um contrato no qual o Cruzeiro oferecia percentuais de jogadores da base e do profissional como forma de pagamento da dívida. Estêvão era um dos atletas envolvidos.

Até hoje, dirigentes do clube, conselheiros e grande parte da torcida culpam o ex-vice de futebol (e ex-presidente e fundador do Ipatinga) pela perda de Estêvão. O caso veio à tona em reportagem do Fantástico, da TV Globo, em maio de 2019, quando surgiram várias acusações que culminaram nas saídas de Itair Machado e do presidente Wagner Pires de Sá do comando do Cruzeiro.