25 de maio, de 2024 | 06:00

Áreas de preservação são essenciais no combate à crise climática

Perd/IEF
Preservação de florestas é uma estratégia eficaz no enfrentamento da crise climática Preservação de florestas é uma estratégia eficaz no enfrentamento da crise climática

Por Silvia Miranda - Repórter Diário do Aço
Para o meio ambiente e para a população, as áreas de proteção ambiental desempenham uma série de funções importantes na manutenção do equilíbrio ecossistêmico do planeta. As matas, principalmente nativas, são responsáveis por regular o ciclo das águas, garantindo a qualidade dos recursos hídricos e ajudando a prevenir inundações e secas extremas. No Vale do Aço, áreas como a Mata da Biquinha em Coronel Fabriciano, a APA de Timóteo e o Parque Estadual do Rio Doce (Perd) são locais importantes para o combate aos problemas de aquecimento e clima extremo.

O biólogo e gerente do Perd, Vinícius de Assis Moreira, enfatiza que as melhores estratégias perpassam pela ação humana de proteção de florestas, assim como os ambientes úmidos e ecossistemas associados aos diferentes biomas.

"No caso do Vale do Aço, estratégias de consolidação da gestão de unidades de conservação podem ser uma poderosa ação para mitigação dos efeitos da crise climática. O Perd tem sido um exitoso exemplo de consolidação da gestão de unidades de conservação. Este ano ele completa 80 anos, com infraestrutura, recursos e ações voltadas para garantir sua perene contribuição na conservação da biodiversidade mineira e brasileira, incluindo aspectos de proteção e resguardo das zonas úmidas que se conformam com o maciço de Mata Atlântica que, desde 14 de julho de 1944, vem protegendo", considerou Vinícius.

PERD/IEF
Parque Estadual do Rio Doce é considerada a maior área contínua de mata atlântica preservada em MGParque Estadual do Rio Doce é considerada a maior área contínua de mata atlântica preservada em MG


Aquecimento global
"A sociedade deve de fato debater e ampliar a discussão de temas que determinam a manutenção de processos e serviços ambientais/ecossistêmicos essenciais para a manutenção e funcionamento da vida em nosso planeta", argumentou.

O biólogo aponta que, conforme o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) - Painel Intergovernamental para a Mudança do Clima -, o clima do mundo já apresenta consequências irreversíveis. Em 2023, o painel divulgou o 6º relatório, que foi produzido com a colaboração de cientistas de 195 países. No relatório consta que já vivemos em um planeta com 1,1°C de aumento de temperatura, o que tem causado perdas e danos, notadamente para as populações mais vulneráveis.

Os principais pontos de atenção no relatório atual são: os riscos e impactos climáticos estão aparecendo mais rapidamente e se tornarão mais graves mais cedo. E a sociedade não está preparada para os impactos que estão acontecendo hoje, e isso está custando vidas.

"Limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C reduziria perdas e danos projetados, mas algumas já se tornaram irreversíveis. Devemos restaurar a natureza e proteger pelo menos 30% do planeta para que ele nos proteja.

Esta é a década crítica para garantir um futuro habitável, sustentável e justo. É necessário que a mudança seja sistêmica e inclusiva", reforçou Vinícius.

Divulgação/PMT
Áreas como a APA de Timóteo absorvem a água da chuva e reduzem o escoamento superficial. Áreas como a APA de Timóteo absorvem a água da chuva e reduzem o escoamento superficial.


Tragédia do RS é mais um alerta
As cheias dos rios no Rio Grande do Sul são mais um alerta claro da crise climática mundial, tanto falada, porém muito ignorada nas decisões políticas. Vinícius Moreira reforça que há uma grande produção científica de estudos e análises dos dados, mas é necessário compreensão e tornar essas informações públicas, com uma linguagem adequada para combater o problema.

"Criar mecanismos para compensar as perdas e danos aos países e governos subnacionais, para termos recursos mínimos nas ações diagnosticadas e o planejamento, com a consolidação de leis, regras, normas, etc., que consolidem o tema da crise climática no âmbito de políticas públicas, incluindo, neste caso, o protagonismo que o Brasil pode assumir, liderando alternativas de descarbonização da economia, criando mecanismos de conservação de suas florestas e uso sustentável de sua biodiversidade, são cada vez mais necessários para enfrentarmos os graves distúrbios climáticos que continuam por vir", defendeu.

Eventos extremos já atingiram todo o país
A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Anete Fernandes, lembra que na década de 1980 a seca era exclusividade do Nordeste. Porém, no início dos anos 2000 houve registros recorrentes de seca no Sul do país e também na Amazônia.

"Em 2005, houve uma seca severa na Amazônia, algo que havia ocorrido em 1935, e em 2010 o mesmo cenário de seca voltou a ocorrer, assim como no ano passado. Um evento extremo que levou 70 anos para voltar a ocorrer, a partir de 2005 passou a ser mais frequente. Acredito que esse seja o grande desafio, buscar uma forma de enfrentamento caso o mesmo ocorra com a cheia no Sul do Brasil", argumentou.

Continuando uma retrospectiva climática, a meteorologista destaca que entre 2014 e 2015 houve uma seca severa no Sudeste, com o reservatório de Três Marias e o sistema Cantareira (que abastece São Paulo) praticamente sem água.

Depois, chuvas intensas em Minas Gerais em janeiro de 2020 e chuvas intensas na primavera de anos seguidos, compreendendo o Sul da Bahia, Norte de Minas, Espírito Santo e áreas do Rio de Janeiro.

Ainda conforme a meteorologista, o Brasil também teve registro de ondas de calor recorrentes e cada vez mais intensas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. "Ano passado tivemos uma primavera absurdamente seca e quente em Minas Gerais, agora a cheia no Rio Grande do Sul. Ou seja, os eventos extremos estão cada vez mais recorrentes e acontecendo em todo o país. Todo o Brasil tem sofrido com os extremos climáticos. Por sorte, em tempos diferentes", comentou.

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Comentários

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Rodrigo

25 de maio, 2024 | 14:14

“Os vereadores de Timóteo deveriam fazer uma profunda reflexão sobre o plano de manejo da APA.”

Cidrac Pereira de Moraes

25 de maio, 2024 | 11:12

“Sim, o Vale do Rio Doce foi o trecho da mais densa Mata Atlântica. Agora é necessário replantar para para que voltem as árvores, os passarinhos, as água, os bichos, e também o bicho homem.”

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