26 de maio, de 2024 | 09:30

Entenda o processo de desenvolvimento do aço na Usiminas

Anderson Figueiredo
Além da produção do aço em escala piloto, no Centro são feitos diversos testes para avaliar se atende aos requisitos dos clientesAlém da produção do aço em escala piloto, no Centro são feitos diversos testes para avaliar se atende aos requisitos dos clientes

Em um primeiro momento pode-se até não perceber, mas o aço está presente em quase tudo que cerca a humanidade. Construção civil, eletrodomésticos, obras rodoviárias e ferroviárias, utensílios domésticos, produção de veículos, entre outros. A região do Vale do Aço é conhecida por sua vocação siderúrgica e contribui para o Brasil ter o posto de maior parque industrial da América do Sul. É considerado o 9º maior produtor de aço bruto do mundo e que exporta o produto para mais de 100 países.

Quem passa pelas ruas e avenidas da região pode reparar as chaminés e grandes estruturas das indústrias. Próximo à Estação Ferroviária Intendente Câmara, em Ipatinga, é possível ver bobinas e chapas de aço em vagões, prontas para serem enviadas aos clientes.

Mas até chegar a esse estágio, é necessário todo um processo, a começar pela “receita do bolo”. A reportagem do Diário do Aço foi até o Centro de Pesquisa da Usiminas para acompanhar a dinâmica de criação do aço.

Centro de Pesquisa: onde tudo começa
Inaugurado em 1971, o Centro de Pesquisa é o embrião do aço produzido pela Usiminas. É neste setor que 29 pesquisadores desenvolvem os produtos fabricados pela indústria. O material é produzido a partir de demandas dos clientes, ou de ideias dos próprios profissionais.

“Nós contamos com o maior Centro de Pesquisa em Aço da América Latina, que é capaz de desenvolver de maneira completamente independente da área industrial. A partir do desenvolvimento em escala piloto, a gente passa ‘a receita de bolo’, para que os aços sejam produzidos em escala industrial, depois visando o fornecimento para os clientes. O novo aço na Usiminas nasce no Centro de Pesquisa a partir de demandas que a gente capta dos clientes ou levantadas pelos pesquisadores. A gente inicia o desenvolvimento pensando no fornecimento a curto prazo para os clientes e a longo prazo nos desenvolvimentos de aços mais disruptivos”, afirma Marco Antônio Wolff, gerente do Centro de Pesquisa. O setor também é responsável por otimizar e melhorar a performance da produção e dos próprios produtos.

“Além de desenvolver o aço, nós trabalhamos e estudamos a conformabilidade, soldabilidade, resistência à corrosão, fadiga, pintura dentre outros aspectos do material, para atender aos critérios de exigência dos nossos clientes. A Usiminas trabalha com assistência técnica mais próxima do cliente e além disso a gente trabalha também nas homologações dos materiais. Acompanhamos o desenvolvimento e a aplicação nos clientes também, inclusive, propondo algumas aplicações”, esclarece.

Criação do aço
O processo é iniciado a partir de uma determinada composição química criada no Centro de Pesquisa, que posteriormente dá origem a uma liga. A vantagem é que os lingotes fundidos no Centro de Pesquisa são de 50 quilos, enquanto na área de produção são de 180 toneladas. Essa escala reduzida permite a redução de custos. Esse material é laminado também em escala piloto, e na sequência recebe os tratamentos térmicos. O aço produzido em escala reduzida é avaliado para verificar se foram alcançados os requisitos dos clientes propostos para o material. Posteriormente os testes são reproduzidos em escala industrial.

Anderson Figueiredo
Marco Antônio Wolff, gerente do Centro de Pesquisa, esclareceu sobre o processo de criação do aço Marco Antônio Wolff, gerente do Centro de Pesquisa, esclareceu sobre o processo de criação do aço

Setor automobilístico
A indústria automotiva é de extrema importância para a siderurgia e vice-versa. O aço produzido para as montadoras, via de regra, atentem a critérios mais rigorosos, sobretudo em termos de qualidade superficial e de propriedades mecânicas dos aços também.

“Em um automóvel você tem vários aços diferentes, alguns precisam ter uma boa conformabilidade para fazer os painéis de cobertura, por exemplo, que têm estampabilidade mais complexa, outros precisam ter uma resistência mecânica bem alta e boa capacidade de absorção de energia para durante uma colisão absorver a energia do impacto e não transferir para os ocupantes do veículo. Outros aços precisam ter uma boa capacidade de restrição de deformações, são aqueles que vão ser utilizados para fazer o habitáculo do veículo, então durante o impacto eles não podem se deformar. Considerando o projeto da montadora e do carro, a gente consegue um aço e um carro que seja seguro e que tenha uma boa eficiência energética”, pontua o especialista.

A Usiminas, em especial, tem atuado principalmente no desenvolvimento de aços cada vez mais resistentes para permitir redução de espessura e, com isso, conseguir reduzir a emissão de consumo de combustível do automóvel.

“Isso aí é o ‘ganha-ganha’, tanto da siderúrgica quanto também das montadoras que produzem carros mais eficientes e seguros. Esse é o nosso grande desafio no desenvolvimento dos aços”, garante o gerente do Centro de Pesquisa.
Matheus Valadares


Tecnologia de ponta
No Centro de Pesquisa é possível simular todas as etapas de produção do aço executadas na indústria. “Temos equipamentos para fazer todo esse processo, além de equipamentos para fazer toda a análise de engenharia de aplicação, desde corte-conformação até corrosão e pintura em escala piloto e também toda a caracterização metalúrgica do material. Da análise metalúrgica do material, a gente conta com equipamentos aqui bastante específicos, como por exemplo um simulador de galvanização em escala piloto, fundo de fusão a vácuo, laminador escala piloto e equipamentos mais sofisticados de caracterização de materiais”, especifica Marco Antônio.

Anderson Figueiredo



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Comentários

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Carolina

29 de maio, 2024 | 08:30

“Matéria interessante. Tive a oportunidade de fazer estágio neste local e é muito bacana ver como é possível simular o processo de produção de forma reduzida. Cada laboratório tem seu papel de importância nos estudos sobre novos aços. Parabéns a todos.”

Fernando Ferreira

28 de maio, 2024 | 23:42

“Excelente reportagem, tive o prazer de trabalhar nesta grande Empresa orgulho dos do Brasil, conhecida internacionalmente pela sua competência e a qualidade de seus produtos. Hoje vivo fora do País. Grande abraço para todos. De Toronto-CA.”

Robson

27 de maio, 2024 | 10:10

“So falta o governo municipal fazer um programa de busca varias fabricas para o vale do aço assim como fabricar de telas,arame,panelas ou mesmo peças de veículos gerando empregos e renda para nassa região”

Crítico Crítico

26 de maio, 2024 | 16:33

“Uma vergonha a USIMINAS explorar seus funcionários com esse salários, quem entra hoje na empresa ganha no máximo 2 conto de reis,”

Domingos Gilso da Costa

26 de maio, 2024 | 14:17

“Trabalho a 50 anos vendendo aço Usiminas, sou prova da evolução do aço Usiminas.
Parabéns pela reportagem”

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