09 de junho, de 2024 | 12:30

Restauração de terras, desertificação e resiliência à seca



Valter Casarin *

Ao longo dos anos, o 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, tornou-se uma plataforma global que facilita a sensibilização e a tomada de iniciativas para responder aos desafios urgentes, sejam a poluição marinha, o aquecimento global, o consumo sustentável ou crimes contra a vida selvagem. Nesse período, milhões de pessoas participaram e contribuíram para mudar os nossos hábitos de consumo, bem como as políticas ambientais nacionais e internacionais.

Em 2024, a campanha do Dia Mundial do Meio Ambiente centra-se na restauração de terras, na desertificação e na resiliência à seca sob o lema "A Nossa Terra. O Nosso Futuro. Somos a #GeraçãoRestauração", marcando o 30º aniversário da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.

De acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, até 40% das terras do planeta estão degradadas, afetando diretamente metade da população mundial e ameaçando aproximadamente metade do PIB mundial (44 bilhões de dólares). O número e a duração das secas aumentaram 29% desde 2000. Sem medidas urgentes, as secas poderão afetar mais de três quartos da população mundial até 2050.

A restauração de terras é um pilar fundamental da Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas (2021-2030), um apelo à proteção e recuperação dos ecossistemas em todo o mundo, o que é essencial para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável.

"As iniciativas locais, sejam elas individuais ou coletivas, têm um impacto significativo nas políticas ambientais a todos os níveis"


As iniciativas locais, sejam elas individuais ou coletivas, têm um impacto significativo nas políticas ambientais a todos os níveis. Ao adotar hábitos de consumo mais sustentáveis ??e ao apoiar políticas que promovam o desenvolvimento sustentável, cada indivíduo pode desempenhar um papel na mitigação dos impactos ambientais e na promoção da saúde do nosso planeta.

A humanidade depende da terra. Mas em todo o mundo, uma mistura tóxica de poluição, caos climático e dizimação da biodiversidade está a transformar terras saudáveis ??em desertos e ecossistemas prósperos em zonas mortas. Destrói florestas e pastagens e torna a terra menos capaz de servir os ecossistemas, a agricultura e as populações. Isto significa colheitas fracas, fontes de água secas, economias enfraquecidas e populações em risco.

O planeta Terra caminha para atingir 10 bilhões de pessoas em 2050. Nesse cenário, haverá necessidade de aumentar a produção de alimentos em 50% a 70% para atender as necessidades alimentares dos novos povoadores do planeta. Isso pode se tornar mais preocupante se lembrarmos que existem mais de 800 milhões de pessoas que passam fome e aproximadamente 1 bilhão de desnutridos.

Para produzir mais alimentos existem dois caminhos: aumento da área cultivável ou aumento da produtividade. A primeira opção não é aquela que desejamos. Com a constante preocupação com o desmatamento, o aumento de área provocará um grande impacto sobre o ambiente decorrente da derrubada de florestas.

O uso de fertilizantes se tornou um elemento-chave (estima-se que apenas os fertilizantes nitrogenados sejam responsáveis pelo incremento de cerca de 40% na oferta de alimentos no mundo). Assim, podemos concluir que o manejo nutricional dos solos é responsável pela maior produtividade das culturas, gerando a produção de alimentos, mas também contribuindo para a preservação de florestas, bem como a preservação da fauna e da flora dos diversos biomas do Brasil.

* Coordenador geral e científico da Nutrientes Para a Vida é graduado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, em 1986 e em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP, Piracicaba, em 1994.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Tião Aranha

09 de junho, 2024 | 20:28

“Em primeiro lugar o governo deveria desenvolver uma política de correção do solo com o uso do calcário, a exemplo dos States; pra só depois pensar em exportar alimentos - sendo que a fome é ainda premente neste país. Dar terra a famílias que desejam plantar, tal qual fez a China, essa é a melhor reforma agrária. Rs.”

Envie seu Comentário