18 de junho, de 2024 | 06:00
Furacão Dudu
Fernando Rocha
Desde que assumiu o controle da SAF do Cruzeiro, o empresário Pedro Lourenço, com assessoria do diretor de futebol Alexandre Mattos, tem investido na qualificação do elenco celeste, já tendo contratado 4 reforços, incluindo o goleiro Cássio, maior ídolo do Corinthians, visando mudar o time de patamar para a alçar voos mais altos no cenário do futebol brasileiro.
A contratação de Dudu, de 32 anos, por quatro temporadas, após um período de 10 meses afastado do futebol, em razão de uma contusão grave com rompimento de ligamentos e lesões de menisco, pode ser a cereja do bolo para coroar a boa atuação da nova SAF no mercado, o que tem deixado a torcida azul eufórica e entusiasmada.
Mais do que um esporte, o futebol imita a vida. Neste imbróglio, o jogador Dudu foi irresponsável, pois foi ele quem procurou o Cruzeiro, clube que o revelou, dando início ao processo de negociação, ao dizer que gostaria de “respirar novos ares”, sem ter convicção real disso.
Caso se confirme o fracasso da transação, caberá ao diretor de futebol Alexandre Mattos levantar o troféu ”Anelka 2”, confirmando ser a maior patetada de um dirigente neste meio de temporada do futebol brasileiro.
Anelka 2 azul
“Anelka é do Galo”. Assim começou o maior vacilo do então presidente do Galo, Alexandre Kalil, ao anunciar, em 6 de abril de 2014, a contratação de Nicolas Anelka, atacante francês que nunca vestiu a camisa alvinegra e, dez anos depois do anúncio frustrado, continua sendo motivo de memes e zoações dos cruzeirenses para cima dos rivais atleticanos.
O ex-dirigente do Galo chamou Anelka e seu irmão, representante do atleta, de “moleques” etc, pois “estava tudo acertado e eles desistiram”.
Um ano depois do fato, Anelka deu entrevista ao portal “GE” e disse que “a transferência deu errado simplesmente porque o presidente do clube é um amador”. E completou: “Primeiramente, nunca se anuncia a chegada de um jogador que ainda não assinou o contrato, um jogador que ainda não chegou a um acordo com o clube sobre as condições do contrato”.
Eis, aí, o ponto chave tocado por Anelka que, se observado ao pé da letra pelos dirigentes celestes, poderia ter evitado toda essa situação constrangedora hoje vivida pelo clube e sua torcida.
FIM DE PAPO
Dudu pode ser, a partir de agora, aquele que foi sem ter sido para a torcida cruzeirense. Se vai acabar “fondo...”, como costumamos dizer aqui, nos nossos grotões, ninguém sabe, mas a sua chegada ao Cruzeiro, que até ontem cedo era incerta e provavelmente revertida, deu uma revigorada com as declarações da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, dizendo em alto e bom som ao Sportv que “o ciclo do Dudu se encerrou” no clube paulista.
Esta atitude firme da mandatária máxima palmeirense contrasta com o que é praticado hoje pelos grandes clubes brasileiros, mesmo com a chegada das SAFs, tendo grandes dificuldades em se desapegar de ídolos. Recentemente, Bruno Henrique, de 33 anos, com proposta do próprio Palmeiras, quase deixou o Flamengo, mas, além de uma histeria da torcida, a diretoria rubro-negra resolveu apostar novamente no atacante, que vinha de uma contusão grave e com o futuro incerto. Seu contrato foi renovado por mais três anos e o salário, que já era alto, foi reajustado. Por último, há uma discussão sobre Gabigol, que é polêmico e joga pouco, mas o afeto pesa e, se hoje não vale o quanto ganha, amanhã tudo pode mudar.
A oferta do Cruzeiro é muito vantajosa para Dudu, que teria contrato com duração de 4 anos e salário na faixa de R$ 2 milhões mensais, um pouco abaixo do que ele ganha atualmente no Palmeiras, compensado pela longa duração do novo vínculo. O Palmeiras fez o mais correto ao concordar com a saída de Dudu, pois seu custo-benefício neste momento é duvidoso, apesar de ser o símbolo da reconstrução, de uma era inesquecível para o torcedor palmeirense.
Além disso, o Palmeiras negocia a contratação de outro atacante, Maurício, 10 anos mais jovem, também cria da base celeste, por R$ 60 milhões. A grana de R$ 20 milhões vinda do Cruzeiro, mais os cerca de R$ 30 milhões que economizaria em salários que seriam pagos ao ídolo, até o fim de seu contrato em dezembro de 2025, seriam quase suficientes para arcar com a compra do reforço vindo do Internacional. Na bolha das redes sociais, a rejeição ao nome de Dudu no Cruzeiro cresceu junto à sua torcida depois deste vai e vem, sendo muito lembrado que o jogador já não vinha entregando em campo o que já produziu nos seus melhores dias, além da grave contusão sofrida, sendo hoje uma aposta cara e sem a garantia de sucesso. (Fecha o pano!)
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